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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Diga-me com quem andas que eu te direi quem és

Por Rafael Carneiro Rocha

"Diga-me com quem andas que eu te direi quem és". Não se trata de uma citação bíblica, conforme muitos imaginam, mas eu penso se tratar de um ditado legítimo. São Paulo, em sua carta aos Coríntios, dizia algo do tipo: "Não vos deixeis enganar: más companhias corrompem bons costumes (1 Cor 15:33)".

Eu penso que não se pode pra aceitar qualquer convite de festa ou passeio, mesmo que se tenha a firme decisão de não se "contaminar" pelo ambiente. Pais de família, principalmente, devem ficar muito atentos em relação à experiência social. Vejamos um exemplo bastante simples: as famílias gostam de divertimentos em clubes e praias. Tais passeios podem ser recreações bastante saudáveis, mas é preciso dosá-las. Às vezes o bem intencionado pai de família fica preocupado com a sexualização precoce da juventude sem saber que a ida semanal à praia, em horários de grande desfile de pessoas em trajes cada vez mais mínimos, pode ser um chamariz para a filha adolescente circular como as moças que presencia no lazer familiar. No necessário questionamento pessoal, aquele pai de família, "gente boa" certamente, precisa especular se a sua convivência rotineira com os "amigos da praia" não é indício de um temperamento inclinado aos prazeres.

Não podemos negar nossas inclinações, mas temos todas as condições para não ceder aos caprichos. Se um círculo social, mesmo que nos agrade, seja avesso aos valores sociais que queremos transmitir, é preciso se afastar dele estrategicamente. Quando um amigo precisar efetivamente da nossa ajuda, que sejamos os primeiros a atendê-lo, mas se ele precisar de nossa leviandade, que sejamos os primeiros a combatê-lo, ainda que isso possa ferir algum "status".

Desde a infância, podemos ter pistas sobre quem somos a partir de quem são os nossos amigos. Gostamos de andar com quem aqueles que se parecem conosco, ou com a imagem que temos de nós mesmos. Todos são merecedores de nossa disposição para a amizade, mas às vezes é mais importante ser amigo com palavras certas e gestos significativos do que em socializações infrutíferas e, às vezes, perigosas.

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