Esta não é uma receita de culinária, nem faz parte do glossário sobre o tema que andamos publicando. Pra quem não entendeu o título, ´”humildificar” é um neologismo – palavra nova, inventada – que um colunista apresentou em seu texto no jornal de hoje, muito bom, por sinal, e que me deu umas ideias sobre o assunto.
Deu pra perceber que “humidificar” vem de humilde, não? E trata-se de um processo doloroso, não vou enganar ninguém, ele mesmo explica isso, pois consiste em se tornar menos soberbo, calcar o “eu”, substituir o (ego)centrismo pelo “outrocentrismo” (esse negócio de criar neologismos é divertido, experimentem!). Além de ser dorido, pois nosso primeiro amor é nosotros, desde que nascemos até que aprendemos um pouco, é dificílimo, pelas mesmas razões, ora!
Como saber se somos humildes? Pra começo de conversa, aqueles ingênuos que dizem “Sou muito humilde!” ou Eu, humildemente, etc...” já revelaram seu orgulho, pior, sem nem se darem conta disso. Outra coisa que considero artificial é definir uma pessoa de baixo poder aquisitivo como “humilde”, como se conta bancária fosse um critério definitivo. Já sei que vão dizer que os ricos são mais soberbos, mas respondo eu que não NECESSARIAMENTE. Todos nós temos a raiz do orgulho, o pecado original, e este, quando menos se espera, manifesta-se em toda a sua pujança.
Querem ver uma perfeita descrição da soberba? Aí está:
“Deixa-me que te recorde, entre outros, alguns sinais evidentes de falta de humildade: - pensar que o que fazes ou dizes está mais bem feito ou dito do que aquilo que os outros fazem ou dizem; - querer levar sempre a tua avante; - discutir sem razão ou- quando a tens - insistir com teimosia e de maus modos; - dar o teu parecer sem que to peçam, ou sem que a caridade o exija; - desprezar o ponto de vista dos outros; - não encarar todos os teus dons e qualidades como emprestados; (...)- falar mal de ti mesmo, para que façam bom juízo de ti ou te contradigam; - ouvir com complacência quando te louvam; (...)- doer-te de que outros sejam mais estimados do que tu; - negar-te a desempenhar ofícios inferiores; (...)- insinuar na conversa palavras de louvor próprio ou que deem a entender a tua honradez, o teu engenho ou habilidade, o teu prestígio profissional...; - envergonhar-te por careceres de certos bens...”
É do livro Sulco, de São Josemaria Escriva, o santo das pequenas coisas. E é por estas, antes de tudo, que o orgulho nos pega, e reagimos às críticas e procuramos os elogios. Ficarmos ofendidos por prestar serviços é também, seguramente, uma forma comum de soberba que acomete o ser humano atualmente. Refiro-me à soberba da inteligência, da cultura, do saber, da tecnologia, por meio da qual o letrado humilha o menos instruído e o submete, sem a devida dignidade ou salário, julgando que aquilo que PENSA possuir – conhecimento, memória, bens – o tornam melhor e mais habilitado para governar o mundo e o outro.
A natureza se encarregará de “humildificar” a nós todos, com as doenças, incapacidades e velhice. Alguns se preparam e se antecipam, reconhecendo sua pequenez. Tomara que saibamos vigilantemente, e com espírito esportivo, enxergar menos de nós e mais do próximo; considerar o que é dele melhor que o nosso; servi-lo com a verdadeira majestade dos pobres de espírito, pois a estes foi prometido o maior prêmio: “..., porque verão a Deus.”
2 comentários:
Excelente texto, realmente se usa muita a palavra " humilde" mais as pessoas não sabem seu significado, temos muito que aprender ainda cono seres humanos, temos que ser Humanos e humildificar ( com certeza) siu artista plástico de Goiás velho e moro em Curitiba, mais com uma saudade danada do nosso belo cerrado.
grande abraço e parabéns
http://dimagalhaesstudio.blogspot.com
Magalhães tenho outros amigos de Goiás e sei que lá é de fato uma terra muito boa! Mas também adoro Curitiba, uma linda cidade.
Visite-nos sempre.
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