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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

TOQUE DE MÃE

Por Maria Teresa Serman

Um exercício interessante é observar os detalhes à nossa volta, não acham? Eu ando praticando isso, e tenho “fotografado” alguns lances preciosos, principalmente sob minha ótica feminina e materna. E faço questão de que essa visão tenha um lado benigno e divertido, a um tempo lúdico e pedagógico, de aprender, não de ensinar. É reconfortante descobrir qualidades em conhecidos, ou mesmo em simples transeuntes.

Ontem foi um dos meus dias de “bobó”, como eu chamo minha nova interface de babá+vovó. Quando já ia dar o jantar para o Pedro, minha nora chegou e se encarregou da tarefa. Antes de começar, ela anunciou pra ele: “olha, tem inhame e cenourinha!” Realmente o prato vinha com arroz, feijão, frango e legumes partidinhos. Eu sempre fico bem impressionada com a facilidade com que esse menininho alegre devora frutas e legumes, todas e todos! Da carambola ao famoso inhame, puro, sem frescura, como a mãe o acostumou, desde o ventre, pois ela caprichou muito na alimentação durante a gestação.

Há uma teoria de que o líquido amniótico transmite ao feto um pouco do sabor do que a mãe ingere. Não duvido nem um pouco de que seja verdade, porque a vida tem me provado isso: eu tomava muita água mineral gasosa na gravidez de meu filho mais velho, e ele é fã; minha mãe sempre disse que comia muita azeitona quando grávida, e eu as adoro, de todos os tipos e tonalidades. E meu neto prefere a comida natureba, no melhor sentido, que a mãe ingeria.

Outro exemplo de sucesso materno, digamos assim, me apareceu hoje, na rua, na forma de uma menininha, de seus oito anos, tipicamente enfeitada pelo capricho materno, uma princesinha ao gosto popular, com meia calça colorida e gráfica, sapatos de plástico cor-de-rosa, cabelo cuidadosamente dividido em três tranças, presas com elásticos combinando com os tons da roupa. O amor da mãe se derramou no preparo da filhinha, em detalhes de arrumação, senão de total bom gosto. E esse não se discute, ainda mais se vem ditado por um coração amoroso.

Em resumo, não basta ser mãe, tem que se superar. Não é suficiente amar, é preciso deixar claro esse amor. E se o exemplo é o melhor professor, os toques maternais são uma manifestação expressa dele, que os filhos não só percebem, mas guardam como um tesouro, desculpem o clichê. Ser boa mãe é também escolher bem a roupa e anunciar o inhame como a atração do dia.

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