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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

JACÓ - O sonho de Jacó e seu amor por Raquel - 2º capítulo

Por Maria Teresa Serman

Rebeca continuou interferindo na vida do seu predileto, pois não queria que ele desposasse uma mulher cananéia. Isaque, pressionado pela insatisfação da mulher, enviou Jacó para Padan-Aram, na Mesopotâmia, para que procurasse labão seu cunhado. Já Esaú, vendo aquilo, resolveu tomar como esposa Maalet, filha de Ismael, seu tio. A endogamia – casamento dentro da mesma família – era comum naquela época, ainda que provocasse muitos acidentes genéticos. Os povos preservavam sua integridade cultural assim, ainda que sacrificassem sua saúde.

No caminho, Jacó adormece e tem um sonho como uma visão de Deus, de anjos subindo e descendo uma escada até o Senhor, que lhe diz: “Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão, teu pai e o Deus de Isaac; darei a ti e à tua descendência a terra em que estás deitado (a que Jacó chamou Betel). Tua posteridade será tão numerosa como os grãos de poeira no solo; tu te estenderás para o ocidente e para o oriente, para o norte e para o meio-dia, e todas as famílias da terra serão benditas em ti e em tua posteridade(...)”. É sempre reconfortante lembrar que Deus não retira suas bênçãos, apesar dos nosso inúmeros pecados. Que bom contar com um Pai sempre misericordioso assim!

Raquel era pastora do rebanho de seu pai, e Jacó a vê quando está bebendo água no poço onde dão de beber ao rebanho. Ele a beija e chora, contando-lhe que são primos. Labão o recebe com afeto e lhe oferece um salário, mas ele lhe pede Raquel em troca de sete anos de serviço. Ora, Labão tinha duas filhas, e, segundo um costume vigente até a pouco tempo, a mais velha devia se casar primeiro, e esta era Lia, de quem o texto diz sutilmente “que tinha olhos defeituosos, e Raquel era bela de talhe e rosto” (Gen29,17). Jacó amava a segunda, mas de novo o destino ( ou o tio) lhe prega uma peça, só que desta vez ele é a vítima.

“Assim Jacó serviu por Raquel sete anos, que lhe pareceram dias, tão grande era o amor que lhe tinha.” (Gen29,20) A numerologia bíblica é diferente, sete anos seria um tempo infinito, simbólico. De qualquer jeito, seu amor foi posto à prova, e ele cobra de Labão sua esposa. Só que lhe é entregue Lia, provavelmente encoberta por um véu, o que ele só descobre no dia seguinte, com o casamento consumado. Chega a ser engraçado, quando ele reclama com o sogro, e este lhe diz que “acabe a semana com esta, que te darei também sua irmã’. E com efeito assim faz, servindo-lhe ainda Jacó por mais sete anos.

A Bíblia revela que Jacó amou a Raquel mais do que a Lia, e Deus, vendo-a desprezada, torna-a fecunda e a Raquel, estéril. Lia deu a Jacó dez filhos, e Raquel, dois, José e Benjamim, a quem chamou o “filho da minha dor”. Mas antes do nascimento deste, os outros filhos de Labão ficarem com inveja da riqueza de Jacó, fruto do seu trabalho, e o indispuseram com o sogro. Jacó, então, tomou suas mulheres e filhos, seus rebanhos e riquezas e, guiado por um sonho em que Deus confirma-lhe Sua proteção, fogiu para a terra de Canaan. Labão encontrou-o no caminho, mas acabou abençoando a ele e a suas filhas, deixando-o ir em paz.

Próximo capítulo – a luta com o anjo e a reconciliação com Esaú.

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