logo

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

JACÓ - o patriarca apaixonado - 1º capítulo

Por Maria Teresa Serman

Jacó, ou Jacob (Ya’aqov), também chamado Israel (Ysra’el), foi um grande patriarca, filho de Isaque e Rebeca, neto de Abraão. Sua importância é tamanha que ocupa vinte e cinco capítulos do livro do Gênesis, e seu nome se estende, como uma metonímia, a todo o povo eleito e ao país por este construído, Israel.

Também ficou famoso por características e peripécias especiais: era gêmeo de Esaú, e apaixonou-se com tal intensidade por Raquel que por ela trabalhou quatorze anos, servindo ao pai da donzela, seu tio Labão. Pelo primeiro item, foi imortalizado por Machado de Assis no livro Esaú e Jacó, que conta a história de irmãos gêmeos em conflito; pelo segundo, por Camões no inesquecível soneto que reproduziremos posteriormente. Vamos à história, como a Bíblia nos conta.

No capítulo 25, versículo 25, lemos o nascimento dos gêmeos, e já nos parece uma metáfora prévia do que virá depois. Esaú nasce primeiro, sendo assim considerado o primogênito e sucessor do pai, e Jacó em seguida, “segurando pela mão o calcanhar de seu irmão”. Conta-se também que “Isaac tinha sessenta anos quando eles vieram ao mundo”. É importante notar sua idade, porque esse dado explicará mais tarde a troca promovida por Rebeca da primogenitura entre os irmãos.

Desde cedo eles se mostraram opostos: o mais velho era hábil caçador e preferido do pai. O caçula, dócil e quieto, a quem a mãe mais se afeiçoou. Quieto, mas esperto, induziu Esaú a lhe conceder o direito de primogenitura em troca de um prato de lentilhas, quando este chegou cansado e esfaimado da caça. O texto bíblico registra que Esaú comeu, bebeu e partiu, desprezando o seu direito, pois jurou que dele abria mão.

No capítulo 27, dá-se o desfecho anunciado: Isaque, sentindo a morte próxima, chama Esaú e manda-o caçar algo, para que coma, o abençoe e morra feliz. Porém, a mãe se adianta em defesa de seu preferido, tramando astutamente e aproveitando-se da vista débil do marido. Ela faz Jacó matar dois cabritos e prepara-os como o velho patriarca aprecia. Jacó reluta, temendo a maldição do pai, mas a mãe o convence, tomando para ela essa provável maldição.

A trama é bem urdida: Rebeca cobre as mãos de Jacó com a pele dos cabritos e o faz vestir uma das roupas do irmão. Ele serve comida e vinho ao pai, que, convencido pelo tato e pelo cheiro das roupas, e enganado pela segurança do filho que se apresenta como Esaú, dá-lhe a benção patriarcal, que é digna de se ler: “Deus te dê o orvalho do céu e a gordura da terra, uma abundância de trigo e de vinho! Sirvam-te os povos e prostrem-se as nações diante de ti! Sê o senhor dos teus irmãos e curvem-se diante de ti os filhos de tua mãe! Maldito seja quem te amaldiçoar e bendito quem te abençoar!”(Gen 27,28)

Mal pronunciada a benção chega Esaú, que, percebendo o engano, reivindica para si uma benção, mas já é tarde. Fica, então, tomado de fúria assassina contra o irmão, e este, protegido pela mãe, foge para a casa de seu tio Labão, irmão dela. No próximo capítulo, o amor e serviço de Jacó por Raquel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário