As sociedades econômica e humanamente mais desenvolvidas estabeleceram uma relação direta entre essa vida melhor e baixa natalidade: vivem melhor aquelas cujas famílias têm menos filhos. As comunidades ou
nações mais pobres, como na África ou em países subdesenvolvidos, apresentam alta natalidade. Além disso, a concentração de empregos nos ambiente urbanos tirou a importância da prole grande, como era para o homem do campo. Também a crescente colocação das mulheres no mercado de trabalho desviou-as da maternidade.
Dois pesquisadores, o engenheiro Franz Heukamp, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e o matemático Miguel Ariño, da Universidade de Barcelona, chegaram, porém, a uma conclusão bem diferente dessa teoria. "Encontraram uma raridade estatística: índices de bem-estar que crescem junto com o número de crianças numa sociedade.
Em alguns poucos países ricos, a taxa de fecundidade já vem subindo Um estudo feito em uma das melhores escolas de negócios do mundo, a espanhola Iese, colocou os bebês como geradores de felicidade."
Os dois cientistas "perceberam que, entre sociedades com o mesmo nível de desenvolvimento econômico, o bem-estar tende a ser maior naquelas com menor nível de corrupção e (...) encontraram também uma tendência, entre países desenvolvidos, de haver maior nível de satisfação onde há taxas de fecundidade superiores. Dinamarqueses e holandeses se dizem mais felizes do que alemães e japoneses, que desfrutam dos mesmos confortos materiais. Baixas taxas de natalidade sempre estiveram associadas a alto nível de desenvolvimento. Mas também podem significar egoísmo em uma sociedade, e isso afeta o bem-estar”, afirma Ariño.
“Quando o filho nasce, mesmo que não tenha sido
planejado, as pessoas tendem a racionalizar como algo bom. Já ter menos filhos do que se gostaria pode causar a sensação de infelicidade”, diz o demógrafo do IBGE José Eustáquio Alves.
"Nas últimas décadas, a fecundidade caiu tanto na Europa que se tornou um problema. Em muitos países, como França, Holanda, Dinamarca e Reino Unido, existem políticas de incentivo à natalidade. O governo oferece benefícios à família e à criança, às vezes até a idade adulta. Mesmo assim, os casais europeus, na média, têm bem menos de dois filhos, um fenômeno que os demógrafos chamam de fecundidade indesejada por falta, quando a mulher tem menos filhos do que gostaria. A demografia diz que a “taxa de reposição” de uma população tem de ser, em média, de 2,1 filhos por mulher, para que não desapareça em algumas centenas de anos. Também há prejuízo econômico em ter mais idosos aposentados do que jovens trabalhando.
Há alguns sinais de reação a essa tendência. As taxas de fecundidade de alguns países estão estabilizadas ou cresceram. Um deles é a Dinamarca, que pertence ao grupo de países mais felizes, de acordo com o estudo. “Até 1985, cada dinamarquesa tinha durante a vida, em média, 1,4 filho. O número foi para 1,8 em 2010”, afirma o demógrafo Ralph Hakkert, consultor da ONU. “Na Suécia, a taxa de fecundidade era de 1,5 entre 1995 e 2000 e foi para 1,9 em 2010. É uma evolução importante.” A e
xplicação pode estar na mudança do estilo de vida das europeias, segundo Hakkert. Nos anos 1980, elas estavam em plena disputa por espaço no mercado de trabalho. Como os países nórdicos avançaram rapidamente em oferecer oportunidades iguais, mais mulheres podem voltar a pensar em ser mãe e manter a vida profissional. Ainda não se pode dizer que seja uma tendência global, mas trata-se de uma mudança promissora – e bem simpática."
Eu, pessoalmente, diria que a felicidade não está no número de filhos que temos, e sim na disposição de termos os filhos que Deus nos manda, o FIAT (Faça-se), que nos trás a felicidade do dever cumprido. Agora, sem dúvida que os filhos alegram uma casa. Mas você ter filhos e deixá-los passando necessidades, com certeza não traz felicidade pra ninguém.
O que acontece hoje, são pessoas egoístas que nem cogitam ter filhos para não abrirem mãos de suas comodidades, e depois reclamam de estarem sempre em busca de algo maior para preencherem a vida. Um filho, pra mim, é dom de Deus, e quem não crê em Deus, ou pouco crédito dá a Ele, não pode se satisfazer com estes filhos, sejam em que número forem. Há pessoas generosas que enxergam essa dádiva, embora não creiam conscientemente em Deus. A esses, Ele também retribui cem por um.
Os trechos citados são da revista Época, de 22/09/2011