Gosto muito do livro "O homem bom", do Pe. Francisco Faus. Cito abaixo um trecho para refletirmos:
“Há, por exemplo, pais que se sentem decepcionados com os seus filhos porque não conseguiram moldá-los como argila, de acordo com o modelo que idealizaram para a sua satisfação pessoal. (...) E eis que os filhos, usando da sua liberdade – e, às vezes, secundando o plano que Deus preparou para eles – rasgam o “roteiro” do pai (vai seguir a mesma carreira que eu, vai trabalhar comigo, vai ser rico e importante, etc.) e traçam o seu próprio caminho. Nessa altura, o pai sente que foram cortados os fios com que pretendia comandar os filhos como marionetes, e mergulha na decepção. Mesmo as mais belas opções de vida feitas pelos filhos, se estão à margem do “roteiro” paterno – por exemplo, dedicar-se inteiramente a Deus, escolher uma profissão menos brilhante mas mais aberta ao serviço do próximo, abraçar ideais de pesquisa científica ou de arte –, parecem-lhe tolices, idealismos estúpidos que vão estragar-lhes a vida. Na realidade, estão estragando apenas os sonhos egoístas do pai”.
De fato, é tênue a linha divisória entre a boa intenção e o egoísmo dos pais. Há pessoas que acreditam sinceramente que fazem o bem para os filhos e que só pensam no “melhor” para eles, mas é quase sempre uma convicção pessoal e isto, como todos os pensamentos tipicamente “pessoais”, é muito mais uma opinião do que uma verdade absoluta.
Muitas vezes, as opiniões revelam nosso modo precário de compreender o mundo. No caso dos pais que vislumbram rumos profissionais para os filhos, a opinião bem intencionada costuma esconder uma inequívoca idolatria pelo dinheiro.
As pessoas que agem assim dificilmente sabem que idolatram o dinheiro, e por isto é bom que fiquemos atentos. É merecedora de admiração a classe média que “deu duro na vida” e que conseguiu, com honestidade, um bom padrão de conforto para a família, mas é preciso que os pais não tenham esta dimensão material como possibilidade exclusiva de realização pessoal.
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