“A vida que os filhos recebem por meio da geração humana já não é dos pais.” A vida é dom de Deus. Por isso, nenhuma mulher pode avocar pra si o direito de ter ou não o filho que concebeu. Não faz parte do seu corpo, pois não é um órgão. Depende dele, mas dele se distingue completamente. Não é autônomo; porém, tem vida diferenciada e própria.
Os filhos se assemelham aos pais. Herdam suas características físicas, emocionais, familiares. Gostam os genitores de reconhecer essa herança genética na sua prole, pois desse modo se evidencia sua paternidade ( e maternidade), sua continuidade nas seguintes gerações.
Acontece o mesmo, em escala muito superior, com a filiação divina. A graça santificante, que recebemos no batismo, é a vida de Deus na nossa natureza humana, sem a constranger ou forçar. Essa realidade pode enformar toda a nossa vida e o nosso ser. “Descansa na filiação divina. Deus é um Pai – o teu Pai! – cheio de ternura, de infinito amor. Chama-lhe Pai muitas vezes, e diz-lhe – a sós – que o amas, que o amas muitíssimo!: que sentes o orgulhos e a força de ser seu filho. Esta citação de S. Josemaría Escrivá, no seu livro Forja, nº331, retrata perfeitamente o sentimento pleno com que a filiação nos preenche.
Abandonar-se nela significa não temer os acontecimentos, como o menino pequeno andando confiante pela mão de seu pai. Significa amar o Pai amoroso, e abarcar nesse mesmo amor todos os homens, nossos irmãos; obedecer como o Filho; perdoar como Ele o fez. É verdade que podemos, em alguns momentos, apesar da nossa luta, sentir que caímos no vazio; que soçobramos à tempestade das paixões, que não conseguiremos a fortaleza necessária. Nesses momentos, devemos dizer, pausadamente, como o mesmo autor nos ensina:
“Faça-se, cumpra-se, seja louvada e eternamente glorificada a justíssima e amabilíssima Vontade de Deus sobre todas as coisas. Assim seja. Assim seja.” (Caminho, nº 691) Então ressurgiremos, retomaremos nossas forças e... em frente! Ajudando e amparando também aqueles que se sentem fracos, porque o irmão apoiado no irmão é como uma cidade fortificada.
“Com os filhos de Deus devemos nos comportar como filhos de Deus.(...) Este é o bom odor de Cristo, que fazia dizer aos que viviam entre os nossos primeiros irmãos na fé: “Vede como se amam!” (É Cristo que passa, nº36)
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