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Victor Hugo - Ed. Cosac Naify, São Paulo, 2002
Resumo: Prof. Paulo Oriente Franciulli

PRIMEIRA PARTE: FANTINE
Em 1815, Jean Valjean aparece em Digne, logo depois de ter sido posto em liberdade. Havia cumprido a pena de dezenove anos nas galés. Recebeu a soma de cento e nove francos e quinze soldos pelos trabalhos forçados. Rejeitado nas hospedarias e na casa de uma família jovem por causa do seu passaporte de ex-grilheta, sem ter onde matar a fome e passar a noite, acaba por bater na casa de D. Bienvenu Myriel, o bispo daquele lugar.
D. Bienvenu hospeda o viajante, dá-lhe de comer e beber, e conversa afetuosamente com ele. No meio da noite, porém, Jean Valjean furta os talheres de prata do anfitrião e foge. Alguns policiais prendem-no poucas horas depois, e o levam de volta à casa do bispo. Este afirma que houve algum equívoco, pois tinha dado os talheres a Jean. Mais: diz-lhes que o viajante se esquecera de levar também os candelabros de prata. O ladrão fica perplexo. Os guardas deixam-no livre. O bispo lhe diz que deve se emendar e recomeçar a vida com a quantia obtida pela venda daqueles objetos.
Ao continuar a viagem, Jean Valjean reflete sobre tamanha bondade, que lhe é incompreensível. A vida sempre havia sido hostil. Quando era um jovem jardineiro e trabalhava duro, ajudando a sustentar os muitos filhos da irmã viúva, foi preso por invadir uma padaria e pegar pão para os sobrinhos, no inverno em que morriam de fome. Condenado a uma pena excessiva, teve-a quase quadruplicada graças às tentativas de evasão. A grande passagem pelas galés o endurecera, a ponto de torná-lo inimigo de todos. De repente, vê-se diante de um senhor que o trata com dignidade, o perdoa, tira-o das garras da polícia e lhe dá os meios para reconstruir sua vida.
Perdido em seus pensamentos, sentado à beira da estrada, não repara na chegada de um garoto saboiano. Uma moeda de prata do menino escorrega na direção do viajante, que automaticamente põe o pé em cima. O pequeno Gervais reclama a devolução da moeda em vão, e Jean o ameaça com seu cajado, para que não o importune mais. O saboiano vai embora chorando.
Quando cai em si, vê a moeda no chão e entende a maldade do seu ato, Jean Valjean se desespera, grita por Gervais, chora as suas misérias. Pode-se dizer que é o momento da sua conversão. Um novo homem surge sob o nome de Madeleine, na cidade de Montreuil-sur-Mer, leva vida austera e exemplar, e prospera como fabricante de vidrilhos pretos, desenvolvendo a cidade e chegando a ser o seu Maire.
Ora, é precisamente para Montreuil-sur-Mer que a jovem Fantine se muda e começa a trabalhar na fábrica de Madeleine, em 1817. Órfã ainda criança, costureira em Paris e amante de Tholomyès, Fantine e outras três amigas – Favourite, Dhalia e Zéphine – foram vítimas de uma peça de mau gosto pregada pelo namorado e seus colegas Listolier, Fameuil e Blachevelle. Fantine tinha uma filha de Tholomyès, a pequena Cosette (Eufrásia), e ambas foram abandonadas pelo estudante.
Sem outro remédio, Fantine volta para a sua Montreuil-sur-Mer natal. No caminho, deixa Cosette com os Thenardieu, casal de estalajadeiros em Montfermeil, pais de Eponine e Azelma, mais ou menos da idade de Cosette, e de Gavroche; mais tarde, nascem-lhes outros dois garotos.
Em Montreuil-sur-Mer, quando Fantine começa a se estruturar para buscar a filha, Madame Victurnien faz uma viagem a Montfermeil e acaba descobrindo a história da filha ilegítima. Isso é suficiente para a demissão de Fantine, que cai cada vez mais, até tornar-se prostituta. Nessas circunstâncias, conhece Madeleine e muda os seus sentimentos com relação a ele – antes, considerava-o culpado pela sua situação lamentável; agora, vê-o como seu salvador. No entanto, as coisas se complicam para ambos, morrendo Fantine e sendo preso Madeleine por obra de Javert, o investigador de Montreuil-sur-Mer e a partir de então eterno perseguidor de Jean Valjean. Desconfiado de que Madeleine na verdade é Jean Valjean, a quem conheceu aquando era guarda nas galés, Javert participa como testemunha do caso Champmathieu, um pobre homem confundido com Jean Valjean. Ele está prestes a ser condenado à morte ou às galés eternas. Madeleine, após grande embate consigo mesmo, decide esclarecer a verdade, e consegue a libertação do réu em troca da sua prisão. Condenado perpetuamente às galés, esconde antes os seiscentos mil francos ganhos com o seu trabalho com os vidrilhos, enterrando-os numa floresta perto de Montfermeil. O autor situa esses fatos cerca de 1821.
SEGUNDA PARTE: COSETTE
Em 1823, Jean Valjean consegue fugir dos grilhões. O navio em que trabalha, a nau Orion, está no porto de Toulon. Um marinheiro se acidenta e fica pendurado na verga, prestes a cair e morrer. Jean pede autorização, livra-se das correntes e socorre o marinheiro. A multidão no cais e os marinheiros, incluindo os guardas, emocionam-se com o gesto heroico. Enquanto volta a seu posto, Jean simula uma tontura e cai no mar. Depois da busca infrutífera do seu corpo, os jornais noticiam a sua morte.
Jean Valjean, que na verdade se escondera num bote e nadara para longe, este de volta à floresta de Montfermeil para resgatar parte do seu dinheiro. Já se faz noite quando encontra Cosette, que está ali para buscar água. A menina é muito maltratada na estalagem dos Thenardieu, e vê em Jean o seu salvador. Este, por sua parte, cumpre a promessa que fez a Fantine, de cuidar da filha.
Resgata-a dos Thenardieu, e vai com ela a um bairro periférico de Paris, onde passa a morar no Pardieiro Gorbeau. A vida ali é idílica para os dois: o homem, que tem pela criança amor de pai; a menina, que pela primeira vez não tem de trabalhar como escrava. Contudo, Javert, agora na polícia de Paris, reconhece Jean Valjean e o persegue. O ex-grilheta foge com Cosette, e encontra refúgio na comunidade de bernardas onde o jardineiro é o velho Fauchelevent. Esse senhor tinha sido salvo da morte por esmagamento pelo então Maire Madeleine de Montreuil-sur-Mer, quando estava embaixo da carroça quebrada. O velho, antigo desafeto de Madeleine, depois do socorro trata-o como rei. Diz para as religiosas que é seu irmão, emprega-o como seu ajudante no convento, e consegue um lugar na escola das freiras para Cosette, sua suposta sobrinha. Ocorre aqui a passagem do falso enterro da freira morta, que possibilitou a Jean Valjean entrar oficialmente no convento.
A vida no convento é boa tanto para Jean Valjean – a salvo da polícia, com um trabalho que domina, num lugar em que pode rezar muito e ficar perto de Cosette –, quanto para a garota, que recebe boa educação e pode ver todos os dias o senhor a quem chama pai.
TERCEIRA PARTE: MARIUS
Passam-se os anos, e entra em cena Marius, o filho de um oficial de Napoleão que foi feito Barão de Pontmercy pela bravura em Waterloo. Sua falecida mãe era a filha caçula do burguês Gillenormand, na casa de quem Marius mora desde criança. Gillenormand, ferrenho realista, não aceitou o casamento da filha com o que ele considerava um sujeito desprezível, e afastou Marius do pai.
Marius acaba conhecendo a vida heroica do pai através do bom Sr. Mabeuf, e rompe com o avô. Adota o título de Barão de Pontmercy, assume a promessa de ajudar ninguém menos que Thenardieu – por um equívoco, o pai pensava que ele o teria salvado em Waterloo – e vai morar sozinho enquanto estuda Direito. Cada vez mais pobre, acaba no Pardieiro Gorbeau, o mesmo em que moraram Valjean e Cosette. Faz-se amigo dos jovens protagonistas da Revolução de 1832, cujo líder Enjolras é uma figura quase mítica.
Nas suas andanças pelo parque de Luxembourg, vê Jean Valjean (agora com o nome de Fauchelevent) e Cosette, então saídos do mosteiro e moradores de várias casas-esconderijos. Nas primeiras vezes, nota apenas um velho de boa figura e uma adolescente sem muita graça. Interrompe os passeios no parque por seis meses. Quando os retoma, encontra o mesmo senhor, mas com uma bela moça. É a mesma Cosette. Apaixonam-se, e o rapaz passa a segui-la. Valjean percebe o que ocorre e é tomado por um forte ciúme. Não quer perder por nada o amor de Cosette, a quem tem por filha. Acaba com os passeios no parque e muda-se dali.
Os vizinhos de Marius no Pardieiro Gorbeau são, por coincidência, os Thenardieu: o pai, a mãe e as filhas Eponine e Azelma. Estão arruinados, a ponto de se terem livrado de Gavroche e dos dois últimos filhos. Estes se tornam “meninos de Paris”, tema que merece um aparte explicativo de Victor Hugo.
Numa das tentativas de conseguir dinheiro, os Thenardieu armam uma cilada para um senhor caridoso e sua filha que frequentam a igreja, a saber, Jean e Cosette. Marius vê a cena de uma fresta da parede e vai avisar a polícia. Quem o atende é Javert, que desconfia de tudo e prepara uma contracilada. Vão todos presos – o casal e os malfeitores que o ajudaram – e Jean Valjean foge. Marius fica perplexo. Pelo menos, viu de novo a sua amada.
QUARTA PARTE: O IDÍLIO DA RUA PLUMET E A EPOPEIA DA RUA SAINT-DENIS
Eponine se apaixona por Marius, e lhe faz um favor: mostra-lhe onde moram ou se escondem Jean e Cosette, na casa da Rua Plumet. Os jovens se encontram e começam o romance. Fazem-no escondido, pois Jean Valjean se oporia se soubesse. De fato, quando descobre, muda-se de novo dali, e Marius perde a pista de Cosette, achando que ela não o quer mais. Desiludido, vai às barricadas da Rua Saint-Denis, e luta no bando republicano de Eljonras contra o exército do Rei Luiz Felipe.
Victor Hugo dedica páginas e páginas à Revolução de 1832, evocando fatos históricos e criando o cenário da Rua. Saint-Denis. Vê-se a sua simpatia pelos insurgentes. Também dedica um bom espaço para as aventuras do pequeno Gavroche, filho dos Thenardieu.
QUINTA PARTE: JEAN VALJEAN
Na batalha da Rua Saint-Denis morrem todos, incluindo o pequeno Gavroche e o velho Mabeuf. Quem está na trincheira é o próprio Jean Valjean, que salva, primeiro, Javert – preso pelos rebeldes, a ponto de ser fuzilado –; depois, Marius. O jovem estava desacordado pelos ferimentos recebidos, e é carregado pelo ex-grilheta através dos esgotos de Paris, numa difícil travessia. Quando saem do esgoto, lá está Javert. Levam Marius à casa do avô, depois Jean se entrega ao policial. A vida não tem mais sentido para ele, agora que sabe do amor de Cosette por Marius.
Javert tem uma crise de consciência: pode prender o homem que o salvou na trincheira da Rua Saint-Denis? Por outro lado, ele, que é a personificação do cumprimento da lei, tem o direito de deixar solto um condenado pela justiça? É tal o seu tormento interior, que deixa livre Jean Valjean e se suicida, lançando-se no Rio Sena.
Na lenta convalescência de Mário, duas coisas importantes ocorrem: restabelece a amizade com o avô Gillenormand, e passa a ser visitado por Cosette e por Valjean, este sob o nome de Fauchelevent. Os jovens se casam. Cosette recebe um grande dote, qual seja, o dinheiro ganho por Madeleine e guardado na floresta, no montante de seiscentos mil francos.
A história parece ter chegado ao fim, mas Jean Valjean ressurge: depois de uma deliberação interior profunda, semelhante à que teve quando se entregou em juízo no caso Champmathieu, conta tudo a Marius. Confessa que o admirável Sr. Fauchelevent na verdade é um condenado perpétuo a trabalhos forçados. Marius, estarrecido, pouco a pouco afasta Cosette de Jean Valjean, e não toca no dinheiro dela, pensando ser fruto de crimes. Valjean entende o que ocorre, e decide morrer sozinho, na modesta casa em que mora. Nada tem sentido para ele sem Cosette.
Nas suas horas derradeiras, pede a Deus para ver Cosette pela última vez, enquanto escreve para ela e o marido, explicando a origem honesta do dinheiro. Nesse exato momento, Thenardieu visita Marius, disposto a desmascarar Fauchelevent em troca de dinheiro. O que faz é iluminar Marius com a verdade: foi Jean Valjean quem o salvou na trincheira, carregou-o pelos esgotos de Paris e o depositou nos braços do avô e da amada. Percebe que são boas todas as obras do ex-grilheta convertido.
Marius e Cosette chegam correndo ao quarto de Jean Valjean, que morre agradecido por tê-los visto, e por sentir-se perdoado e compreendido.
O livro acaba com as palavras escritas na sua lápide:
“Ele dorme. E embora a sorte lhe fosse bem estranha
Ele vivia. Morreu quando não teve mais o seu anjo;
A coisa simplesmente chegou, de moto próprio.


Como a noite que chega, quando o dia se vai.”

Enfermagem: Uma vocação iluminada

 Por Julia Melo*
Desde que me entendo por gente, sempre quis seguir a área da saúde. Diferente de muitos jovens, nunca tinha nenhuma dúvida sobre isso; e quando entrei na minha amada Escola de Enfermagem Anna Nery (UFRJ) pude/posso reafirmar, a cada dia que passa, essa necessidade avassaladora de aprender, de maneira que minha vida seja um instrumento de Deus para ajudar outras vidas. Particularmente, acho que nada vai ser tão engrandecedor quanto isso.

Além disso, sempre tive uma “quedinha’’ (na verdade é quase um tombo mesmo, hahaha) pela área de obstetrícia. Ajudar a colocar novas vidas do mundo me parece muito gratificante, e depois que entrei na faculdade, esperei ansiosamente pelo o momento em que aprenderia mais sobre o assunto e sobre a importância do enfermeiro/a obstetra.

A formação do enfermeiro obstetra oferece capacitação para ser um profissional adequado e competente, que possa dar à mulher uma assistência de qualidade, respeitando sua fisiologia, seu corpo, sua saúde mental e psicológica.

Hoje, posso afirmar que o enfermeiro obstetra tem toda a capacidade, competência e autonomia necessária para conduzir um parto normal sem distócias, ou seja, sem grandes complicações. Uma prova disso são as casas de parto, onde são os enfermeiros obstetras quem realizam os partos normais, cabendo a eles, privativamente, a direção e coordenação destas instituições.
Durante o puerpério (período após o parto) o enfermeiro realiza os cuidados necessários à puérpera, aplicando seus conhecimentos técnico-científicos, para que seu organismo volte o mais rápido possível às condições pré-gravídicas, e também orientações de autocuidado e ao cuidado com o recém-nascido e ainda planeja e executa ações de conforto para mãe e para o neonato.

O Ministério da saúde também preconiza outra atribuição a esses enfermeiros: Realização de episiotomia e episiorrafia com aplicação de anestesia local, somente quando necessário. A episiotomia é uma intervenção obstétrica que consiste no corte do períneo posterior para facilitar o nascimento. Depois de feito o corte na vagina da mulher no momento do nascimento do bebê, é necessário reparar os danos à área. A episiorrafia, portanto, é a sutura da episiotomia.

Hoje, fala-se muito do parto humanizado, e é importante enfatizar que a assistência humanizada não é só condição técnica, mas prioritariamente a solidariedade, o respeito e o amor pelo ser humano. Sendo importante salientar que, de todos os profissionais da saúde envolvidos na assistência, o enfermeiro obstetra, é o que tem maior responsabilidade nessa humanização, uma vez que mantém, sob sua responsabilidade, um grande número de profissionais de enfermagem, que deverão estar comprometidos com essa assistência. O enfermeiro obstetra não deve somente resumir a sua atenção na sala de parto, deve acompanhar a gestante no pré-natal, pré-parto, parto e, por fim, no puerpério, incentivando a mulher ao aleitamento materno exclusivo. Deve, ainda, procurar assisti-la num todo, não esquecendo o seu lado emocional.

Certamente, expus de modo bem resumido a importância do enfermeiro obstetra e as mais variadas funções a ele atribuídas. É uma pena que o profissional de enfermagem não seja tão valorizado - falando agora em relação às diversas especializações; pois assim como qualquer outro profissional da saúde, não tem como haver um funcionamento sadio de qualquer unidade de saúde sem o corpo de enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares) que são a maioria em número nessas unidades.

Por fim, gostaria de salientar que apesar da falta de valorização desta profissão, o amor e a arte do cuidado transmitidos e realizados por ela são insubstituíveis, e essa essência começa a ser transmitida por nossos professores ainda durante a graduação, arrancando suspiros de nós, estudantes, a cada aula. Que os ensinamentos de Florence Nightingale (que foi uma enfermeira britânica famosa por ser pioneira no tratamento a feridos de guerra e por transmitir ao mundo o que é a enfermagem) sempre sejam repassados.

Florence ficou conhecida na história pelo apelido de "A dama da lâmpada", pelo fato de servir-se deste instrumento para iluminação ao auxiliar os feridos durante a noite. Espero que a chama dessa lâmpada, que foi uma vez acendida por ela, nunca se apague nos corações daqueles que fizeram a escolha e têm a dádiva de serem enfermeiros.

*Julia Melo -  é carioca de 19 anos, católica, cursa o quarto período de Enfermagem e Obstetrícia na UFRJ e ex-aluna do CMRJ. Nas horas vagas gosta de dormir e sair com os amigos.

sábado, 30 de agosto de 2014

O que a mamãe precisa na maternidade!

Por Maya*

Cada maternidade tem uma lista diferente do que a mãe vai precisar; a maternidade em que tive meu primeiro filho, e na qual terei o segundo, sugere alguns itens, que vou comentar:
3 camisolas ou pijamas - para não ser pega desprevenida como eu fui, leve 4! Eu não curto muito camisola porque acho desconfortável. Prefiro roupa normal confortável: legging, calça de malha, moletom; camisa, blusa transpassada para ajudar na amamentação! Roupa escura ajuda: depois do parto normal ou cesárea a gente tem uma “super menstruação”!

1 penhoar ou roupão - eu prefiro um casaco aberto levinho mas que esquente, pois normalmente o ar condicionado do hospital fica ligado - e bem gelado.
2 pacotes de absorvente noturno - eu sangrei mais, então usei aquele absorvente gigante que é pra incontinência e pós parto. Nesse caso, um pacote é suficiente.

2 sutiãs de amamentação - tem tops que achei mais confortáveis.

3 calcinhas pós parto - eu achei ótimas elas são mais altas e justas dão uma sensação de segurança.

2 cintas elásticas - eu não levei e não usei achei desnecessário, mas tem mulheres que usam e gostam. Vai depender da recomendação do GO e de como a mulher se sentir.

1 chinelo de borracha para banho – ótimo, mas lembre de levar um número maior, não só do chinelo mas de sapatos, pois o pé incha depois do parto!

1 chinelo de pano - eu levei e ele ensopou de sangue na primeira vez em que levantei. Dessa vez vou levar uma sapatilha de borracha, tipo “crocs”.

Utensílios de higiene pessoal - escova de dente, pasta, sabonete, shampoo, condicionador, escova de cabelo..

Concha de amamentação - a de base flexível é ótima! Além disso, pomadas de lanolina (Lanidrat, Lansinoh, Mater Care, etc) ajudam bastante nesse começo a cicatrizar o seio durante o período da amamentação.

Secador de cabelo - porque para ajudar a cicatrizar o seio, podemos passar o próprio leite no mamilo e secar com secador. Eu não usei o secador, a concha era suficiente, então não levo no próximo.

Roupa para ir para casa - um vestido soltinho, legging e camiseta larga! Lembre-se que a barriga fica no tamanho que estava com 5, 6 meses!

*Maya - paulistana, mãe de um menino e com outro a caminho, engenheira, hoje mãe em tempo integral

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Filho único: como educá-lo? Parte II - Responsabilidades

Por Evelyn Mayer*

Olá, amigas!

No primeiro artigo sobre como educar o filho único, conversamos sobre a importância de dar limites, do quanto isso é necessário para auxiliar a criança a adquirir responsabilidades, aprender a respeitar os espaços dos outros, pensar sobre o que é realmente importante e primordial.

Neste artigo, falaremos sobre a importância de dar à criança responsabilidades.

Nesses seis anos de maternidade, tive que aprender a lidar com o meu filho para compreendê-lo e saber como dar a ele as responsabilidades de maneira com que entendesse que era para o bem dele. Quem disser que é fácil está mentindo, meninas! É super difícil! A gente acha que os filhos serão o que sonhávamos, mas quando nascem, descobrimos que têm personalidade própria. E não há alternativa, mamães: temos que aprender a lidar com essa realidade.

Sendo assim, compartilho algumas dicas que funcionaram comigo e têm me auxiliado a não tornar o meu mocinho infantilizado, mas cada vez mais responsável conforme cresce. Olhem só:

- Passei a não fazer mais coisas básicas por ele. Eu sei que tem dia que a gente fica morrendo de dó e acaba dando banho, limpando o bumbum ou coisa parecida. Mas isso não é justo com eles, entendem? Você já sabe que seu neném é mega esperto. Ele sabe que se você passar a fazer ele vai dar um jeitinho de ter isso sempre (pelo menos o meu faz isso! Rsrs). Então, o legal, é fazer lembrá-lo que aquilo já é de responsabilidade dele. Meu menino até fazia um “dramalhão mexicano” e tal, mas nem ligava. Hoje, ele já sabe que não adianta enrolar: ele tem que fazer e pronto.

- Outra coisa bacana é colocar atividades para ele conforme a maturidade. Por exemplo: quando o meu pequeno tinha um ano, comecei a deixá-lo comer sozinho. Lógico que tinha que auxiliá-lo, mas nem me importava com a sujeira. Isso foi dando a ele autoconfiança. Na cabecinha deles, pelo que noto, conforme vamos dando estas atividades, eles se sentem super capazes e a auto-estima vai aos céus! Com dois aninhos já sabia que o lugar do pratinho é na pia. E nem preciso falar mais. Termina de comer, levanta e põe na pia. Depois, aos três anos, passou a tomar banho sozinho. Fiquei assistindo um bom tempo, mandando lavá-lo aqui e ali. Hoje, ele já se vira sozinho. Agora, com seis anos, ele precisa manter o quarto dele arrumadinho e cuidar de seu material escolar. Tem dia que ele enrola horrores pra arrumar o quarto, tenta negociar para que eu arrume... Então eu mostro a ele que quanto mais ele demorar, menos tempo terá para brincar. E assim ele se convence que não vai ter jeito, então o melhor é fazer logo.

- Houve um tempo em que o meu neném queria porque queria toda e qualquer moedinha que visse. Hoje, a gente já explica pra ele que dinheiro é algo que não cai do céu, mas que se luta muito para ter. E vira e mexe a gente dá umas atividades “lucrativas” (me ajudar a arrumar o almoço, a sala...). Outra coisa é fazê-lo poupar o dinheiro e gastá-lo com ele. Se quer um carrinho, por exemplo, a gente o faz poupar e, depois, levamos ao shopping para comprar tal carrinho. Se ele quebra algo (dia desses ele quebrou a maçaneta da porta da cozinha da minha mãe!), fazemos com que pague, que é para entender que se estragou, a responsabilidade é dele de arrumar. Claro que nem sempre ele dá o valor real e absoluto do produto, mas só o fato de fazê-lo participar disso tem feito ele refletir bastante sobre isso. Sobre o caso da maçaneta mesmo ele chorou muito, mas pergunta se ele quebrou mais alguma coisa depois disso? ;)

- Por fim, aprendi que o reforço positivo é uma arma importantíssima nesse processo de formação. Sempre elogio meu moleque, e quando ele erra, não fico apontando o dedo, mas conversamos sobre o que houve, a fim de que ele melhore.  E já reparei que ele também usa do reforço para com os outros. Dia desses fiz uma comida que ele queria e ele ficou me elogiando o tempo todo. O elogio também faz com que eles se esforcem em melhorar, sabe? Vale muito a pena.

E você, mamãe? Quais dicas pode dar para reforçarmos sobre a responsabilidade? Partilha aí!

Até a próxima!

*Evelyn Mayer  é católica, consagrada à Virgem Maria, casada, mãe, professora de Língua Portuguesa e palestrante de recursos humanos em indústrias da cidade de Londrina.


    quinta-feira, 28 de agosto de 2014

    Festinhas: Faça você mesmo

    Por Manuela Freitas*

    No artigo anterior (veja aqui), falei sobre as comemorações.  Agora sugiro um roteiro e dicas para a organização de uma festinha infantil em casa.

    Planejamento

    Sugiro começar a pensar sobre o que fazer com alguns meses de antecedência.
    Antes de qualquer coisa, é primordial pensar o que será feito. Onde, quando, quem convidar...
    Local: Em casa apenas para a família? No salão do prédio para família e amigos? Na casa de algum parente?
    Quando: Que dia da semana? Qual horário?
    Quem convidar: Poucos ou mais convidados?

    Respondidas estas perguntas, podemos seguir para as próximas etapas.

    O tema

    O passo seguinte é escolher o tema da festa. Se seu filho já tem os personagens favoritos e idade para dar opinião, com certeza vale deixar que ele escolha, afinal o aniversariante é ele.
    Normalmente os personagens do momento possuem um leque de produtos para festas em várias lojas. Particularmente tento fugir destes produtos, pois são sempre os mais caros. Muitas gráficas são especializadas em personalizar itens para festa e é possível encomendar adesivos para garrafinhas, tampas de marmitinha, wrappers e toppers para cupcakes,... todos do personagem.
    Uma ótima opção, mais econômica, é utilizar a impressora de casa, pois existem muitos sites que disponibilizam os kits festa prontos para baixar.

    Alguns sites:

    http://fazendo-festa.net/

    http://fazendoaminhafestainfantil.blogspot.com.br/p/kits.html

    Lista de Compras

    Por menor que seja a festinha, ela sempre demanda uma certa organização do que fazer.
    Escolher receitas, organizar o cardápio e calcular quantidades são essenciais para que possamos fazer também um planejamento financeiro, e não tornar a festinha uma dor de cabeça e um rombo no orçamento.
    No meu blog Bebê a Ba compartilhei uma calculadora de quantidades que encontrei na internet, muito útil para auxiliar no planejamento de qualquer festa.

    Link para o blog:
    http://bebe-a-ba.blogspot.com/2012/11/calculadora-para-festa-infantil.html

    Itens permanentes

    Para quem gosta de organizar festinhas em casa, é interessante investir em alguns itens que serão utilizados por muitos anos em qualquer comemoração.
    A primeira festinha certamente será a mais dispendiosa financeiramente se você optar por adquirir alguns materiais, mas fará um investimento para toda a vida.
    Como exemplo temos toalhas e sobrepor para mesas, bandejas e pratos.
    De todo modo, caso não queira comprar estes itens, existem empresas especializadas que alugam todo o material necessário para festas.

    Execução

    Com todo o planejamento realizado com antecedência, itens listados e materiais comprados, é só partir para a execução.
    Elabore um checklist para a semana da festa, e tente segui-lo ao máximo, para não se sobrecarregar na véspera.
    Alimentos que podem ser congelados ou refrigerados podem ser preparados com alguns dias de antecedência e você ganhará bastante tempo.

    No cardápio, não podem faltar:

    •    Cachorro-quente
    Uma das receitas de sucesso para festinha infantil. Parece bobagem, mas planejar um cachorro-quente elaborado é garantia de convidado satisfeito e pedindo mais.
    Sem falar que é muito prático e pode ser feito e congelado com uma semana de antecedência.
    Disposição: Uma mesa exclusiva para todos os itens
    •    Salsicha no molho – servida num rechaud (para manter aquecido)
    •    Pão – Em saquinhos próprios para cachorro-quente
    •    Ervilha, milho verde, tomate, cebola, pimentão, batata palha, queijo ralado – em potinhos individuais
    •    Maionese, mostarda, catchup – Em bisnagas próprias
    •    Guardanapo, faca e colheres

    •    Bolo
    Este é o astro principal de qualquer festa. Se não for possível fazer um bolo super elaborado, é interessante incluir elementos que remetam ao tema da festa. Uma vela bonita pode dar destaque a qualquer bolo simples.
    Se a mesa estiver composta de muitos itens do personagem não convém exagerar demais no bolo, pois ficará tudo muito carregado. É importante observar se há harmonia na organização da mesa.

    •    Bebidas
    Água, refrigerante e suco são essenciais. Se desejar incluir bebida alcoólica, lembre-se da temperatura. Cerveja não pode passar muito tempo gelando. Uísque necessita de gelo. São pequenos detalhes que podem trazer dor de cabeça na hora se forem esquecidos.

    •    Descartáveis
    Louça própria é linda em qualquer ocasião, mas lembre-se que se a festa está sendo feita em casa. Utilizar pratos e copos demandará sua limpeza ao final da festa. Em nome da praticidade, existem várias opções de lindos descartáveis de acrílico. Mas o bom e velho descartável convencional é mais barato e com certeza não tirará o brilho da comemoração.

    •    Doces e Salgados
    Brigadeiro é o preferido de toda festinha. Se sua mesa contar com muitas guloseimas como cupcake, brigadeiro de colher, brownie, bem-casado, bisnagas e demais doces, vale diminuir na quantidade dos demais docinhos.

    Salgadinhos convencionais (coxinhas, rissoles, bolinhas, empadas) entram em cena se outro tipo de salgado não estiver sendo servido. Para fugir dos padrões coxinha, coxinha e mais coxinha, uma boa opção é oferecer torta salgada de legumes, cupcake salgado, e tantas opções de minisalgados e para abrir mão das frituras.

    Espero que gostem das dicas e muito sucesso nas comemorações!

    Manuela Freitas* –  é administradora e servidora pública federal, atualmente especialista em normas e gestão de benefícios. Católica, casada, mãe de dois meninos, adora cozinhar. Torcedora do Náutico, depois de morar em vários cantos do país, está de volta ao seu aconchego em Recife/PE, sua cidade natal.

    quarta-feira, 27 de agosto de 2014

    10 Coisas que aprendi sobre ser mãe de menina


    Como contei aqui no meu texto sobre princesas e fadas, fui mãe de um menino por 11 anos antes da minha primeira princesa, Maria Esther, nascer, em 2009. Depois, em 2011 nasceu Maria Isabel, e, por último, em abril de 2014, Maria Carolina, ou seja, o sexo feminino hoje em dia impera aqui em casa! Nesses últimos anos aprendi algumas coisas sobre ser mãe de menina que quero compartilhar com vocês! Vamos lá:
    Carolina de rosa
    1) Por mais que você esteja convicta a “lutar contra os estereótipos” em algum momento você vai se render ao rosa e ao lilás. Seja porque nas lojas quase todas as roupas de meninas são nesses tons, seja porque sua menina, ao começar a ter vontade própria (e elas começam cedo), vai pedir!

    2) Nem toda menina curte laços, meias-calças, tiaras, presilhas, elásticos, grampos, “tic-tac´s”… Das minhas três, uma tem o perfil moleca. O lance dela é conforto (embora goste de roupas confortáveis cor-de-rosa rsrsrs). Vestir ela com fru-frus é garantia de estresse, pois ela vai tirar tudo em cinco minutos.

    3) Elas são lindas! E quando adolescentes, serão mais lindas que você! Aceita, que dói menos! Ainda assim, você quer vê-las cada vez mais lindas e gasta mais do qBebel chorandoue tem comprando roupas, bijouterias, coisinhas para o cabelo, perfumes…
    4) Elas choram muito! Menina chora demais, gente! São mesmo mais emotivas. Choram de frustração, de raiva e também para manipular os homens – aqui em casa, o pai, o irmão e o avô – e conseguir que eles façam o que elas querem! Tem momentos aqui em que as três choram juntas! E as duas maiores quando brigam por algum brinquedo ou programa de televisão, choram ao mesmo tempo e o pai fica num dilema, sem saber a quem dar razão! 
    5) Elas falam muito! E fazem questão que você preste atenção em tudo! Aprendo muito ouvindo os papos das minhas “nenecas”! Anota aí: “O Olaf é um boneco de NEVE! “NE-VE, tá mãe? tipo, branquinha, que não tem aqui, porque aqui não neva! Mas um dia eu quero ir lá nos estados unidos porque lá tem neve, principalmente no Natal!” “Mamanhê! O passa-inho! O passa-inho vua! ele vai vuá pá beeeem lonxi!”

    Bebel no Parquinho
    6) Elas não aceitam menos que o primeiro lugar. Todas querem ser Elsa. Todas querem ser Barbie. Não adianta você argumentar que os brinquedos e roupas ficarão repetidos, que é muito mais legal uma ser a Elsa e outra a Anna, que assim poderão brincar juntas, mas com dois brinquedos diferentes. Portanto, se tiver três meninas, são três Barbies, três personagens do momento, três brinquedos iguais. Menina não aceita ser coadjuvante.

    IMG_68047) Elas serão o xodó do pai. Perdeu, amiga! rsrsrs Os pais são irremediavelmente apaixonados por suas princesas. Por isso, quando você precisa discipliná-las, o pai vai olhar para você com os olhos tristes, convencido de que “você está sendo muito dura com elas!” Não se espante se ele esquecer de levar o café na cama - ou de fazer qualquer outro mimo com que você se acostumou – porque está paparicando as princesinhas do papai, montando o castelo da Barbie, o carro da Barbie, a piscina da Barbie, procurando a Barbie… (releia o item 4 – elas costumam perder as coisas e chorar para que o pai as ajude a encontrá-las).

    8) Elas vão mexer nas suas coisas. Afinal, você é a mamãe! É você quem ela quer ser quando crescer – quando são adolescentes,  elas negam, mas é verdade!  Se não quer ver suas maquiagens caríssimas destruídas, arrume um esconderijo muito bom, mas acredite, elas vão procurar! Elas simplesmente amam os  cremes, perfumes, esmaltes, maquiagens, roupas, colares, pulseiras, sapatos da mamãe, simplesmente porque são da mamãe! E usam tudo ao mesmo tempo, se achando “as adultas”!

    Esther MaquiadaEsther olhando vitrine de maquiagem

    9) Elas são competitivas. “Mãe, quem é mais bonita, eu ou a Bebel?”  - Olha a saia justa! E o pior – a resposta “cada uma é bonita à sua maneira” não satisfaz ! Elas já percebem que há um padrão de beleza que é privilegiado pela moda e pelos meios de comunicação e de publicidade, e que algumas pessoas correspondem mais a esse padrão que outras, embora tudo isso seja algo meio intuitivo. Minha princesa de quatro anos tem o cabelo lisinho como o meu, e a de dois anos tem uma linda cabeleira cacheada. Eu acho as duas lindas, mas a mais velha percebeu que as princesas Disney têm cabelo liso, e por isso concluiu – e quer que eu valide – que é mais bonita que a irmã. Tenho contornado isso, mas logo terei que conversar com ela sobre isso – e depois compartilho aqui, ok?

    Maria Esther
    10) Elas são carinhosas e cuidadoras. Elas são mais atenciosas e não gostam de ver ninguém doente nem triste - cuidam, confortam. “Mamãe, você ainda está com dor de cabeça?” “ Quer água?” “A Carol está chorando, mamãe, acho que ela quer mamar!” “Bebel, não chora, a mamãe já vem!” “Não xó-a, mamanhê” “mamanhê, own, dodói! dê-xa eu dá bêxinhu?”

    Tenho certeza que poderia listar bem mais que dez coisas sobre ser mãe de menina, mas vou parando por aqui, senão o post vai ficar longo demais! Nossa… mulher fala muito, não?! rsrsrs…

    * Maite Tosta - bacharel em Letras e especialista em Direito Constitucional, é serventuária de Justiça, tutora de cursos à distância, casada e mãe de quatro filhos no Rio de Janeiro/RJ. Católica e Vascaína, gosta de escrever e de mídias sociais.

    terça-feira, 26 de agosto de 2014

    A vida que sonhei

    Por Raquel Suppi*

    Há alguns anos, quando estava na faculdade, um dos professores passou uma atividade interessante: escrever uma carta endereçada a nós mesmos, no passado. Mergulhei fundo na imaginação e desenvolvi um texto que seria lido por mim, aos sete anos, contando como estava a nossa vida. Tentei me lembrar dos sonhos, idealizações e projeções que fazia do futuro, na época de criança. E me perguntei: será que me tornei a pessoa que eu imaginava e gostaria de ser?

    Na época, eu estava na metade do curso de Jornalismo e namorava o meu esposo. Estávamos apaixonados e já falávamos em casamento. A princípio, iríamos esperar a graduação e, assim, melhorar a nossa situação financeira, para darmos esse passo. Meu então futuro marido já trabalhava em sua área (Tecnologia), mas não tinha um bom salário - pelo menos não um que pudesse nos sustentar e pagar os estudos, ao mesmo tempo. Eu também tinha um trabalho que não pagava bem, e nada ligado ao meu campo (Comunicação Social). No entanto, havia conseguido vaga, após longa seleção, em dois ótimos estágios. Seriam grandes oportunidades de ingressar e engrenar no ramo com o qual eu tanto me identificava. Em um deles, eu iria fazer a cobertura de um evento que aconteceria em outubro daquele ano, na minha cidade. O outro, mais duradouro, eu seria repórter de um novo jornal, que ainda era um projeto que precisava da aprovação do governo. Enquanto esperávamos a concretização de tudo, aos poucos, a vida foi tomando outro – maravilhoso – rumo.

    Percebemos que havia chegado o momento oportuno! Estávamos prontos! Decidimos, então, alterar o nosso planejamento prévio! Antecipamos o casamento, interrompemos os estudos e fomos morar um tempo em missão, fora do país. Sempre quisemos viver uma experiência no exterior, e agora o faríamos como casal, como uma família missionária! A oportunidade surgiu, nós interpretamos como um grande sinal de Deus, e a abraçamos juntos! Não conseguimos continuar os estudos lá, como tínhamos em mente, mas, em compensação, os três anos vividos no Uruguai foram uma grande escola: superaram as nossas expectativas, em todos os aspectos! Aprendemos, crescemos e amadurecemos muito, principalmente como família! Voltamos ao Brasil tendo no colo um filho e, na cabeça e no peito, muita gratidão, recordações, ensinamentos. Recomeçamos a nossa vida aqui, devagarzinho. Após um tempo, retomamos os estudos e concluímos o Nível Superior. Alargamos o coração e a família! Demos um passo de cada vez, até chegarmos onde estamos agora. Um caminho que envolve instantes de dores e uma felicidade eterna! A caminhada não para, continua até o fim!

    Esses dias, voltei a pensar sobre a questão: sou quem eu sonhava ser? Se “eu pequena” entrasse numa cápsula do tempo e fosse transportada para a atualidade, ficaria contente ou decepcionada com o que encontraria? Embora a resposta não faça nenhuma diferença, pois não imagino outra vida para mim, acredito que “eu mais nova” ficaria muito feliz com o que veria. Sempre desejei, antes de qualquer outra coisa, casar com um homem maravilhoso e formar uma linda família. Foi o que aconteceu! 
    Talvez alguns outros detalhes tenham saído um pouco diferentes, mas, provavelmente, nem ligaria para isso! Trabalhar em casa – escrevendo – e poder me dedicar aos filhos e esposo com tanta prioridade, certamente me surpreenderia positivamente. Só não estou muito certa quanto ao que acharia da minha aparência! Mas, levando em conta que passei, há apenas três meses, pela terceira cesárea, até acho que estou bem. De todo modo, é um alívio saber que não passarei pelo meu próprio e tão sincero “crivo de criança”!

    Uma vez nos perguntaram se, caso soubéssemos as dificuldades que iríamos enfrentar, ainda assim faríamos as mesmas escolhas. “Claro que sim”, respondemos sem pestanejar! Todo caminho esconde, com mais ou menos intensidade, desafios e sofrimentos. Devemos saber lidar com eles, aprender e crescer para colher os frutos - bons frutos. Não sei – nunca saberei e não faço questão de saber – se outras decisões seriam mais fáceis ou melhores. Muito menos, se me trariam a este momento. O que sei é que repetiria tudo – TU-DO! – outra vez. 

    Que coisa boa olhar em nossa volta e sentir orgulho, satisfação. Independente de termos ou não atingido todos os objetivos um dia traçados, conseguir valorizar o que alcançamos. Mais ainda, quem temos e com quem estamos.  Alguns insistem, por puro apego ou teimosia, em projetos que não deram certo, e ficam presos em frustrações passadas, quando, na verdade, deveríamos empenhar esforço para fazer feliz quem amamos, e lutar diariamente, sem jamais desistir desse propósito! 
    Escolher o que realmente vale a pena! Escolher a gratidão pelo muito que nos foi dado! Escolher desfrutar, plenamente, o que a vida nos dá agora, com os nossos queridos, com a nossa família – nossa maior conquista! Porque o hoje e, principalmente, quem está ao nosso lado, é o nosso grande presente!

    *Raquel Suppi - é bacharel em Jornalismo, escritora, blogueira e dona de casa em Fortaleza/CE. Casada com um gaúcho e mãe de dois príncipes e uma princesinha, é Católica e membro da Comunidade Católica Shalom. Gosta de tomar chimarrão com o esposo, brincar com os filhos, ler, escrever, ver filme e viajar em família.