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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Honrar e agradecer

Por Maria Teresa Serman

O quarto mandamento é honrar pai e mãe. Não amar diretamente, é interessante observar isso. Como foi Deus quem ditou o Decálogo a Moisés, e Ele escolheu precisamente essa palavra, é bom aprofundarmos no seu sentido. Honrar significa prestar honra e respeito a; venerar, reverenciar. Mas por que será que o Pai do céu preferiu honrar a amar? Este não seria mais simples?

Não, seria mais complicado! O Senhor, que nos conhece bem, e é mais amoroso do que a melhor das mães, dignou-se reconhecer a nossa incapacidade crônica - que podemos transformar em dom magnífico, se O tivermos como fonte e modelo - para levar a cabo tarefas movidos unicamente por um sentimento, por melhor que seja. Precisamos do dever, do elo do fazer com a consciência.

Há o aspecto desagradável e felizmente raro, de pais que não inspiram amor a seus filhos. Mesmo assim devem ser honrados, sem exceção. Mandamentos divinos não são cláusulas contratuais em que os advogados inserem brechas. Permitem-se, no máximo, atenuantes.

Colocamos, junto a esta introdução, um link para um texto em inglês que circula na internet, sob o título * What She Has to Offer (O que ela tem a oferecer ). Trata desse assunto com muita delicadeza e emoção, principalmente para aqueles que cuidam de idosos amados, que já não são tão ativos quanto costumavam ser. Faz-nos pensar também no nosso futuro, quando nossa velocidade e iniciativa para servir estiverem comprometidas. E a conclusão é um bálsamo para ambos os corações, dos cuidados e dos cuidadores.

A autora resume essa mensagem em uma frase inesquecível, para mim: "I know it must be terrible to grow old and infirm and to lose your intellect, but I want my mother to know she is valuable because she is loved, not because she is useful. ( Eu sei que deve ser terrível envelhecer, perder o vigor e o intelecto, mas eu quero que minha mãe saiba que ela é valiosa porque é amada, não porque é útil".

Eu acrescentaria: "e porque continua amando". É importante dar tarefas àqueles que já não fazem seus trabalhos como antes; porém, mais fundamental ainda é que se sintam amados e que percebam que sua capacidade de amar e dar exemplo de dignidade não corresponde à atual fraqueza de seu corpo. Ser ouvido e admirado por sua experiência de vida fortalece muito seu amor próprio.

Minha mãe me agradece cada coisa que tenho o privilégio de fazer por ela ( e o de tê-la comigo), e nesses momentos eu me lembro de quanto trabalho e dedicação ela sempre teve com a minha saúde, na minha infância e adolescência (sou asmática). Mas eu a deixo agradecer, embora brinque com ela, como essa autora. É vital e benéfico para as pessoas agradecer, pois pressupõe que há quem as ame e as mime (um pouco de mimo é delicadeza, não faz mal). A gratidão reconhece um ato de amor que aconteceu antes. É, portanto, um duplo bem.

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