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domingo, 7 de agosto de 2011

Aprender a fazer o bem

Por Maria Teresa Serman

Encontrei hoje esta citação do profeta Isaías: “Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem.” (Is 1,17), e fiquei meditando no assunto. Afinal, muitos dirão: “Por que APRENDER a fazer o bem? Isso é automático em mim, que procuro ser uma boa pessoa!” Então me veio à memória outra frase emblemática, esta de S.Paulo: “Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero.” (Rom 7,19) É a pura verdade, pois, apesar de nossas melhores intenções, muitas vezes nossas pretensas boas ações saem ao contrário. Sempre me lembro de um provérbio inglês, que acho pertinente na maioria dos casos em que se cita a intenção para justificar um erro: “The road to hell is paved with good intentions.” ( A estrada do inferno é pavimentada por boas intenções.) Não que intenção não seja fundamental, mas só ela não basta.

De citação em citação, aí vai mais uma, bem esclarecedora e que amarra todo o tema: “O crescimento nas virtudes surge como consequência de um empenho efetivo e cotidiano.” (Com a força do amor. In: Amigos de Deus. Josemaria Escrivá) E continuo com o mesmo autor: “Numa tarefa qualquer da sociedade, como é que aprendemos? Primeiro examinamos o fim desejado e os meios para atingi-lo. Depois perseveramos repetidas vezes na utilização desses recursos, até criarmos um hábito, arraigado e firme.” Também funciona assim na escola do amor. Amar não é fácil, requer pesquisa e aprendizado incansável.

Para amar melhor os mais próximos – marido, filhos, pais, sogros, empregada, vizinhos, colegas – que, pelo desgaste da intimidade cotidiana, podem se tornar menos atraentes com frequência, há um roteiro básico, mas que funciona, com todos, de maneira geral: anote as qualidades de cada um, e contrapô-las aos defeitos (lembram-se do texto TORRADAS QUEIMADAS, publicado no blog recentemente?), de modo que aquelas superem estes, sem inventar, só com boa-vontade; elogie, aproveitando fatos concretos, sem falsidade; corrija, não faça críticas áridas, que não produzem o efeito desejado, de progresso para o outro; substitua adjetivos por substantivos quando falar, por exemplo, “Seu quarto está em desordem”, em vez de “Você é uma bagunceira incorrigível!”, ou “Meu amor, você esqueceu do nosso aniversário de casamento.” em vez de “Você mostrou mais uma vez que é um marido insensível e distante!”, o que nos leva ao próximo item: não dramatize, atenue, releve. As abordagens adjetivas são passionais e só vão reforçar o erro no inconsciente dos atingidos, pois rotulam, e rótulos grudam na alma.

Não há limite nesse exercício de amor – a luta é constante, sem fim, recomeçada a cada tropeço. Quem ama tropeça, cai, pode até se esborrachar. Mas levanta, limpa as feridas, não fica chorando, põe remédio(a esperança) e se mexe, pois, ativando a circulação, venosa e amorosa, a dor diminui até cessar. Não podemos levar nossas quedas e as dos demais demasiado a sério, com uma visão de tragédia grega, e sim sob uma ótica cristã, positiva.

“Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso”. Não precisa citar quem disse isso, todos sabemos. E se também nos sabemos filhos desse Pai, reconhecemos em nosso sangue a Sua benignidade. Gosto muito dessa palavra! Significa querer (e procurar, só ficar querendo na sombra não basta!) o bem do próximo. E do menos próximo e do distante.

Ontem ouvi, pela milionésima vez, uma música bastante conhecida, A Barca. E pela milionésima vez me emocionei (sou muito chorona, nunca vou enfartar, se Deus quiser!) com um verso do refrão: “Lá na praia, eu larguei o meu barco,/junto a Ti, buscarei outro mar. Largamos o barco há muito, e empreendemos essa jornada de amor, sem fim e sem retorno, como deve ser a daqueles que resolveram ousar amar como Ele amou. Nesse novo barco há sempre lugar para os que desejam arriscar e se deleitar; trabalhar e sorrir; chorar e enxugar as lágrimas na Cruz; recomeçar e finalizar as pequenas coisas; amar e serem felizes, muuuiiito felizes

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