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sábado, 4 de dezembro de 2010

Aprendendo com a repetência : caso a caso e sem drama

Escrito por Agüero Natalia A.

Como regra geral, sempre se deve ajudar o máximo a um aluno para que passe de ano. No entanto, quando os esforços da criança e o apoio dos pais e professores não dão resultado, muitas vezes se justifica a repetência.

Não existem receitas ou regras de ouro para determinar quando uma criança deve repetir a série. Este é um tema que é avaliado caso a caso e cuja chave é fazer um diagnóstico apropriado. Trata-se de descobrir de que o aluno precisa, e é fundamental conhecê-lo muito bem, por meio de um minucioso acompanhamento.

Segundo a psicóloga Maria Paz Soublette, a repetição funciona muito bem quando se detecta imaturidade em algumas áreas de desenvolvimento e é necessário nivelar essa criança com os alunos de um curso inferior. Existem crianças de cinco anos que têm um desenvolvimento geral de quatro. Eles se sentem sobrecarregados, não porque não têm capacidade, mas porque necessitam de um programa com menor nível de exigência. O importante é detectar estes casos o mais rapidamente possível, enquanto ainda não se estabeleceram fortes laços de amizade. “Ela acrescenta que a repetição também se justifica quando o aluno tem grandes lacunas no conhecimento em determinadas disciplinas. "Se uma criança não rende bem, porque sua mãe morreu ou teve que sair da escola por vários meses devido a doença, a pior coisa para ele seria passar de ano com uma avaliação errônea, pois o conhecimento que não apreendeu lhe será fundamental para continuar aprendendo”, disse Maria Paz.

No entanto, existem outros casos em que repetir um ano está longe de ser a solução. A psicopedagoga Josefina Barros explica que quando uma criança tem uma deficiência específica de aprendizagem, dificuldades específicas de matemática ou de linguagem, problemas emocionais, entre outros ,não necessita de uma repetição, uma vez que vai se insistir no erro, mas que receba apoio adequado para o sucesso.

"Às vezes você tem que fazer avaliações diferentes em determinadas áreas de aprendizagem ou de adaptações curriculares, a fim de adaptar o conteúdo para as crianças aprenderem. Aqui é essencial o apoio de fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, neurologistas e outros especialistas que trabalham em parceria com os pais e professores. Trata-se de ir junto com seu filho desde a infância e conhecê-lo muito bem para tomar as decisões corretas ", disse Josefina.

Flor María Alarcón, diretora do Liceu José Domingo Cañas de Quilicura, adverte que esta aliança estratégica entre pais e professores são muito complicadas nas escolas com poucos recursos, quando os responsáveis trabalham o dia todo e não têm o treinamento nem o tempo para apoiar seus filhos em suas dificuldades escolares.

Visão de futuro

Embora seja verdade que algumas crianças ou os pais podem perceber a repetição como um fracasso, mesmo como uma punição, Maria Paz Soublette garante que muito mais grave é a cada dia a criança estar experimentando falhas que levam à desmotivação para a aprendizagem. Em sua opinião, a criança deve ter experiência de sucesso para ficar animado com o conhecimento, e se todo dia você está errado, a frustração e a decepção serão muito maiores.

"A criança que repete a série passará por um processo normal de frustração no qual é fundamental acompanhá-lo. Vai ser um momento doloroso em que os vínculos sociais vão se fechando e abrindo alguns outros, mas, provavelmente, após alguns meses, o problema é superado. Do ponto de vista acadêmico, o primeiro ano depois de repetir geralmente é muito bem sucedido, porque alguma coisa a criança já recordará do ano anterior e isso ajuda muito ", diz a psicóloga.

É também muito importante envolver as crianças e seus pais sobre a questão da repetição, para que nenhum deles encare como um fracasso ou um castigo.

A psicopedagoga Josefina Barros diz: "Temos de garantir que o aluno entenda que está se tomando uma decisão para o seu bem e que objetivamente precisa desta retomada. Por outro lado, os pais devem prestar atenção às expectativas que têm a respeito de seus filhos, porque recebem a repetência como algo terrível "

Flor María Alarcón, por sua vez, afirma que em ambientes com menos recursos, é difícil para os pais compreenderem a vantagem da repetição. "Eles vêem isso como uma punição. Pelas condições sociais e econômicas em que vivem, tudo o que querem é que seus filhos deixem a escola o mais rápido possível ", afirma.

No entanto, todos concordam que de alguma forma temos que deixar de dramatizar, porque embora seja doloroso, trata-se de um pequeno fracasso escolar que preparará a criança para enfrentar a vida na qual, sem dúvida, terá que sofrer muitas frustrações.

Fonte: La Tercera

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