
Há quatro passageiros na barca: o narrador, um velho bêbado e uma mulher com o filho doente, uma criança de quase um ano de idade. Esta mulher é o foco de atenção da narrativa. O narrador-personagem se sente atraído para ela e trava conhecimento tão logo a vê, mas a razão dessa atração não fica clara. e já no fim da viagem, os dois estabelecem um diálogo.
A mulher está pobremente vestida, mas sua figura impressiona o narrador, e mais ainda sua história. Ela está levando seu filho a um médico, como lhe recomendaram. O tema central do conto é a fé, a força que a fé verdadeira transmite àqueles que acreditam, como o narrador constata.

E então acontece o clímax e a narrativa se encaminha para um fim surpreendente. Aconteceu realmente um milagre? Milagres podem acontecer para quem realmente tem fé? Há época mais propícia para se alcançar um milagre do que o Natal? Aquela mulher e aquela criança poderiam estar na barca apenas para ensinar algo ao narrador-personagem, fazendo com que ele, narrador, passasse a acreditar. Podem ser instrumentos de Deus para reacender a chama da fé do narrador, o que, de qualquer maneira, também seria um milagre, e, aparentemente, acontece.
As alusões bíblicas são sutis, mas significativas. A maestria da autora conduz a narrativa de modo seguro, mas com forte componente emocional, com um sentimento inerente à data. Tudo pode acontecer no Natal. Vemos uma jovem mulher, com ar nobre e digno, olhar doce e rosto resplandecente, trajando um manto e carregando um menino nos braços, à imagem da Virgem Maria.
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