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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A importância do conhecimento próprio

Nesses dias estive lembrando de uma pessoa, a quem eu dirigia espiritualmente, que foi selecionada logo depois que terminou seu curso universitário para trabalhar numa grande empresa automobilística no cargo de diretor. Foi um processo seletivo para todo o Brasil e foram escolhidos apenas dois candidatos.

Essa pessoa comentava comigo que, depois de sua aprovação e de todo o processo seletivo, recebeu um relatório com doze páginas contendo todas as suas qualidades e também os defeitos.  Esse fato me chamou a atenção por dois motivos: pela seriedade da empresa e pelo aprofundamento que realizaram no conhecimento dessa pessoa.

Sempre me lembro desse episódio quando pergunto às pessoas, a fim de começar a direção espiritual, quais são suas principais qualidades e os principais defeitos, e elas me respondem apontando no máximo duas ou três qualidades e dois ou três defeitos.

Essa é uma prova de que nos conhecemos muito pouco. E não só nos conhecemos muito pouco como, nesse pouco, não achamos quase defeitos. Acho muita graça nessas pessoas que vão a uma entrevista de emprego e, quando perguntadas sobre seus defeitos, dizem algo do gênero: “meu defeito é que trabalho muito”, “meu defeito é que não sei dizer não”, “meu defeito é que não poupo esforços” etc. Que bom seria se todos nós tivéssemos defeitos assim, que mais parecem qualidades do que defeitos! A verdade é que essas pessoas se conhecem muito pouco, pois não só temos defeitos de verdade como temos “muitos” defeitos, assim como também temos “muitas” qualidades.

Quantas qualidades e defeitos eu seria capaz de preencher sobre a minha pessoa? Algumas linhas, uma página ou umas páginas? Costumo dizer que uma pessoa começa a ter um razoável conhecimento de si mesma quando sabe apontar vinte qualidades e vinte defeitos.

Por que é importante o conhecimento próprio? Porque com ele:

- saberemos nos precaver diante de determinadas situações;
- teremos mais capacidade de saber se dará certo um relacionamento;
- reconheceremos nossos defeitos, o que facilitará bastante o relacionamento;
- saberemos a profissão ideal para nós e o lugar ideal para trabalhar;
- não criaremos expectativas infundadas;
- seremos capazes de crescer e de amadurecer interiormente, desenvolvendo muito a nossa personalidade.

O que fazer para nos conhecermos melhor?

Em primeiro lugar, jamais nos conheceremos bem se não fizermos uma pausa para a reflexão diária sobre nossas atitudes. Sugiro que, diariamente, vocês façam uma reflexão, antes de dormir, sobre como foi seu dia. Repassando o dia desde a hora de acordar, façam uma crítica exigente de todo comportamento que vocês tiveram. Não são necessários mais do que cinco minutos.

Em segundo lugar, deem ouvidos às críticas que as pessoas fazem de vocês. Temos uma tendência a negar as críticas ou a nos justificar. Isso é sinal de falta de maturidade. Uma pessoa madura ouve e pensa seriamente a respeito das críticas que recebe. Algumas críticas veremos que não refletem a realidade, mas “muitas e muitas” veremos que têm todo o fundamento.

Aprofundemo-nos em nosso conhecimento próprio e seremos muito mais felizes. Muitas coisas melhorarão em nossa vida e, sobretudo, desenvolveremos a cada dia nossa personalidade.

Uma santa semana a todos!

Pe. Paulo M. Ramalho Sacerdote ordenado em 1993. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce; Capelão do IICS (Instituto Internacional de Ciências Sociais). Atende direção espiritual na Igreja de São Gabriel, em São Paulo. http://www.fecomvirtudes.com.br

Um comentário:

Patricia disse...

Formidável dica a da lista de qualidades e defeitos.

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