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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Igualdade e diversidade

Por Maria Teresa Serman

"Desenvolvimento, maturidade, emancipação da mulher não devem significar uma pretensão de igualdade — de uniformidade — com o homem, uma imitação do modo de atuar masculino: isso seria um logro, seria uma perda para a mulher; não porque ela seja mais, mas porque é diferente. Num plano essencial — que deve ser objeto de reconhecimento jurídico, tanto no direito civil como no eclesiástico —, aí, sim, pode-se falar de igualdade de direitos, porque a mulher tem, exatamente como o homem, a dignidade de pessoa e de filha de Deus. Mas, a partir dessa igualdade fundamental, cada um deve atingir o que lhe é próprio; e, neste plano, dizer emancipação é o mesmo que dizer possibilidade real de desenvolver plenamente as virtudes próprias; as que tem em sua singularidade e as que tem como mulher. A igualdade perante o direito, a igualdade de oportunidades em face da lei, não suprime, antes pressupõe e promove essa diversidade, que é riqueza para todos."

Este trecho de uma das maiores inteligências espirituais e humanas que a humanidade já mereceu conhecer, São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, resume com a pertinência que lhe era peculiar o que nos propomos a comentar aqui. Faz parte da coletânea de entrevistas que originou o livro "Questões Atuais do Cristianismo", da Ed. Quadrante.

A saudável diversidade da alma feminina e masculina vem sendo conspurcada, como um quadro onde borrões confusos ofuscam a apreciação da obra de arte. E essa confusão atinge maleficamente as relações entre homens e mulheres, agride a sociedade e dilacera a família.
A mulher, na sua justificada, a princípio, busca por reconhecimento jurídico e social, incorporou uma imitação macaqueada de características masculinas - vejam bem, não disse valores ou virtudes - que estragam as suas próprias, desvirtuando assim a sua essência original, que pressupõe audácia sim, não agressividade; autonomia, não libertinagem; valorização, não banalização de seu corpo e de sua personalidade.

Afirma-se independente, mas curva-se às determinações da mídia e de interesses escusos de entidades e pessoas que vociferam contra os que discordam de suas tentativas de escravização do ser humano. E nesta submissão recusa ter os filhos que acredita vão atrapalhar sua emancipação recente e um idealizado funcionamento da família, por estar sobrecarregada. Conflitos não lhe faltam, consequentemente.

É verdade que a dupla (não seria tripla ou quádrupla?) jornada da maioria das mulheres pesa no bom desempenho de seus múltiplos encargos. Por isso, elas vêm carregando muito mais sofridamente filhos e marido do que suas avós carregavam trouxas de roupa para o tanque. Por isso citamos novamente o mesmo autor:

" também é preciso pôr em prática pequenos remédios, que parecem banais, mas que não o são: quando há muitas coisas a fazer, é necessário estabelecer uma ordem, impõe-se organizar a vida. Muitas dificuldades provêm da falta de ordem, da carência deste hábito. Há mulheres que fazem mil coisas, e todas bem, porque organizaram a vida, porque impuseram com fortaleza uma ordem à abundância das tarefas. Souberam permanecer em cada momento no que deviam fazer, sem se desviarem pensando no que viria depois ou no que talvez houvessem podido fazer antes. Outras, em contrapartida, vêem-se afobadas pelos muitos afazeres; e, assim afobadas, não fazem nada."

É possível darmos vazão aos instintos femininos mais superiores - a necessidade de formar um lar, a maternidade, o exercício da profissão - sem nos submetermos a ditames que deformam nossa personalidade, concebida para altos vôos, em medíocre e frustrante rastejar.

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