Por Rafael Carneiro Rocha
Para surpresa daqueles que lhe estavam próximos, Cristo se referia ao Pai como abba, uma palavra do hebraico que pode ser traduzida, de certa forma, como papai. Era uma intimidade inédita. Ser Filho é algo que conforta.
A relação que temos com o Deus Pai é compreendida a partir de uma intimidade paterna. Eu penso que devemos compreender essa analogia muito mais a partir da noção de intimidade do que a partir da história cultural da paternidade. Sem a perspectiva da intimidade que Cristo nos faz compreender, a relação com o Deus Pai passa a ser submetida às críticas mais ou menos pertinentes das religiões como substitutas afetivas de nossos pais que, na história das culturas, precisam se ausentar de alguma forma para que alcancemos nossa individualidade e amadurecimento.
Porém, antes do amadurecimento somos criaturas que precisam de conforto. Na infância, precisamos da intimidade com os nossos pais. Ter afeto, ter preocupação, ter caridade – tudo isto é nato, mas são os nossos pais que nos ensinam o aprimoramento. É, antes de tudo, uma intimidade que guardamos pelas nossas vidas.
Com o meu pai, eu descobri que um gesto de grande nobreza pode ocorrer num silêncio ou numa gravidade de olhar. Nos momentos em que é necessário ser forte, tento manifestar um silêncio santo que meu pai me ensinou sem saber, na intimidade da convivência.
Podemos aprender palavras e lições de vida nas escolas, nos livros e nas ruas. Porém, aprender a amar é algo que se constrói em casas. Apreender intimidades repousa no tempo todo próprio e tranquilo das salas e das varandas. Um tempo sem hora pra voltar para casa, até porque lá já se está.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
"Podemos aprender palavras e lições de vida nas escolas, nos livros e nas ruas. Porém, aprender a amar é algo que se constrói em casas. Apreender intimidades repousa no tempo todo próprio e tranquilo das salas e das varandas. Um tempo sem hora pra voltar para casa, até porque lá já se está." Você colocou poesia e verdade juntas! Muito bom!
Maria Teresa, estou gostando muito do especial sobre os pais aqui no blog. Ótimos textos. A Liana está de parabéns. Eu já me sinto amigo de vocês, hehe. Abraços!
Olha Rafael, nós já tinhamos você como amigo faz tempo!! hahahah
Os pais merecem todo o nosso carinho, eles são a cabeça da família.
Postar um comentário