César

No caminho de trinta léguas que separava a humilde aldeia de Nazaré da prestigiada cidade de Belém, Maria e José puderam certamente meditar e conversar sobre a vinda do Messias, seu filho. Devem ter passado pela fonte de Jacó e provado sua água, relembrando assim o que faziam seus antepassados, e também venerado o túmulo de José, o mais famoso filho deste patriarca. Porém, ao chegarem a Belém, onde havia nascido seu mais ilustre ancestral, o rei Davi, não encontram pousada em lugar algum para a vinda do Salvador. Na própria terra do maior rei do povo judeu, o Rei do céu e da terra não recebeu guarida. Triste ironia!
Belém, ao contrário de Nazaré, como destacamos no início, era famosa por sua

S. Lucas descreve sucintamente o nascimento - "E aconteceu que, enquanto estavam ali, se cumpriram os dias em que Maria devia dar à luz. E deu à luz seu filho primogênito, e o enfaixou, e o reclinou na manjedoura." A manjedoura sugere o estábulo e, portanto, a gruta onde ficavam, naquela região, tais abrigos. O grande Orígenes de Alexandria, teólogo e padre da Igreja, afirmará posteriormente que "até os próprios pagãos conheciam a cova em que tinha nascido um tal de Jesus, adorado pelos nazarenos." Hoje este lugar está dentro da Basílica da Natividade, sob o controle dos ortodoxos gregos, que partilham a chamada "Gruta do Leite" com os latinos e os armênios.
Os homens desconheceram o maior acontecimento de sua história. Assim como a Encarnação, o nascimento de Jesus passou despercebido. Ele não veio para vencer ou convencer pelos parâmetros humanos de honra e glória. Não força Sua presença, nem obriga alguém a amá-lO, ainda hoje. Contudo, anjos anunciaram o fato - a chegada do "Salvador, o Cristo, o Senhor", e revelaram os detalhes do presépio a rudes pastores, desconhecidos trabalhadores que não integravam a elite do povo israelita, os fariseus, escribas e doutores da lei. Esses esperavam um Messias libertador político, anunciado por trombetas celestes, cheio de fulgor e pompa. Engano que continua se repetindo na relação do homem com Deus, muitas vezes distante e formal.
E os mensageiros divinos completaram o anúncio com uma maravilhosa tônica de esperança: "Paz na terra aos homens por Ele amados!" Um pote de mel para adoçar nossa alma é esta frase! Mais do que uma afirmação, uma garantia do Amor para o amor. Somos amados pela Ssma. Trindade - filhos do Pai, herdeiros do Filho, templos do Espírito Santo. Como somos privilegiados! Um santo orgulho deve encher nossa alma e nos fazer conscientes da responsabilidade que temos de levar Jesus ao centro da vida dos que ainda O desconhecem, ou O negam.
O nascimento de Jesus deve nos alegrar e inquietar ao mesmo tempo. O Natal não pode mais ser uma simples festa para nós, batizados, e sim um ponto de partida, tomada de decisão, oportunidade de uma virada rumo à conversão e ao apostolado. Ele nos ama a todos, mas como podem corresponder aqueles que não o conhecem? Como podem retribuir Seu amor incondicional aqueles que estão cegos, frios, distantes? Eis o nosso presente de Natal para o Menino, Nosso Senhor, pequeno e frágil: dá-lo a conhecer e amar definitivamente, agora, nestes dias, e sempre.
As citações foram retiradas do livro A Vida de Cristo, de J. Perez de Urbel, da editora Quadrante, que também serviu de base para a pesquisa do texto, além da Bíblia Sagrada. Esse livro pode ser um excelente presente de Natal, fica a sugestão.
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