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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Jesus de Nazaré

Por Maria Teresa Serman

César Augusto, imperador romano, como bom administrador que era, havia declarado um censo para toda a Palestina sob seu jugo. Como descendente de Davi, José teria que ir até Belém, cidade natal daquele rei. Sua esposa, Maria, embora também descendesse do mesmo antepassado, poderia permanecer em Nazaré. Todavia, para não deixá-la sozinha no seu delicado estado, preste a dar à luz, e devido às circunstâncias peculiares da sua gravidez, que exigiam discrição, José levou-a consigo.

No caminho de trinta léguas que separava a humilde aldeia de Nazaré da prestigiada cidade de Belém, Maria e José puderam certamente meditar e conversar sobre a vinda do Messias, seu filho. Devem ter passado pela fonte de Jacó e provado sua água, relembrando assim o que faziam seus antepassados, e também venerado o túmulo de José, o mais famoso filho deste patriarca. Porém, ao chegarem a Belém, onde havia nascido seu mais ilustre ancestral, o rei Davi, não encontram pousada em lugar algum para a vinda do Salvador. Na própria terra do maior rei do povo judeu, o Rei do céu e da terra não recebeu guarida. Triste ironia!

Belém, ao contrário de Nazaré, como destacamos no início, era famosa por sua importância na história do povo de Israel. Diante de seus olhos, então, despontavam terras de semeadura, que valeram à cidade o significado de seu nome: Bethlehem, casa do pão; surgiram os campos outrora sob o domínio de Booz, onde ceifava sua futura esposa Ruth, com quem foi pai de Jobed, avô de Davi; aparecia ainda o bosque onde este mesmo rei, quando bem jovem, havia matado um leão e um urso que lhe ameaçavam o rebanho que pastoreava - enfim, imagens precursoras que homenageavam a chegada do verdadeiro Bom Pastor.

S. Lucas descreve sucintamente o nascimento - "E aconteceu que, enquanto estavam ali, se cumpriram os dias em que Maria devia dar à luz. E deu à luz seu filho primogênito, e o enfaixou, e o reclinou na manjedoura." A manjedoura sugere o estábulo e, portanto, a gruta onde ficavam, naquela região, tais abrigos. O grande Orígenes de Alexandria, teólogo e padre da Igreja, afirmará posteriormente que "até os próprios pagãos conheciam a cova em que tinha nascido um tal de Jesus, adorado pelos nazarenos." Hoje este lugar está dentro da Basílica da Natividade, sob o controle dos ortodoxos gregos, que partilham a chamada "Gruta do Leite" com os latinos e os armênios.

Os homens desconheceram o maior acontecimento de sua história. Assim como a Encarnação, o nascimento de Jesus passou despercebido. Ele não veio para vencer ou convencer pelos parâmetros humanos de honra e glória. Não força Sua presença, nem obriga alguém a amá-lO, ainda hoje. Contudo, anjos anunciaram o fato - a chegada do "Salvador, o Cristo, o Senhor", e revelaram os detalhes do presépio a rudes pastores, desconhecidos trabalhadores que não integravam a elite do povo israelita, os fariseus, escribas e doutores da lei. Esses esperavam um Messias libertador político, anunciado por trombetas celestes, cheio de fulgor e pompa. Engano que continua se repetindo na relação do homem com Deus, muitas vezes distante e formal.

E os mensageiros divinos completaram o anúncio com uma maravilhosa tônica de esperança: "Paz na terra aos homens por Ele amados!" Um pote de mel para adoçar nossa alma é esta frase! Mais do que uma afirmação, uma garantia do Amor para o amor. Somos amados pela Ssma. Trindade - filhos do Pai, herdeiros do Filho, templos do Espírito Santo. Como somos privilegiados! Um santo orgulho deve encher nossa alma e nos fazer conscientes da responsabilidade que temos de levar Jesus ao centro da vida dos que ainda O desconhecem, ou O negam.

O nascimento de Jesus deve nos alegrar e inquietar ao mesmo tempo. O Natal não pode mais ser uma simples festa para nós, batizados, e sim um ponto de partida, tomada de decisão, oportunidade de uma virada rumo à conversão e ao apostolado. Ele nos ama a todos, mas como podem corresponder aqueles que não o conhecem? Como podem retribuir Seu amor incondicional aqueles que estão cegos, frios, distantes? Eis o nosso presente de Natal para o Menino, Nosso Senhor, pequeno e frágil: dá-lo a conhecer e amar definitivamente, agora, nestes dias, e sempre.

As citações foram retiradas do livro A Vida de Cristo, de J. Perez de Urbel, da editora Quadrante, que também serviu de base para a pesquisa do texto, além da Bíblia Sagrada. Esse livro pode ser um excelente presente de Natal, fica a sugestão.

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