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sábado, 22 de junho de 2013

Em relação aos medicos: médica responde a um dos seus contatos no Facebook

Tenho apenas dois anos de formada, mas tudo que vivenciei até hoje foi na saúde pública. Formei-me na que tem a fama de ser uma das melhores Universidades do Brasil, e é neste mesmo lugar que por diversas vezes achei que o melhor não poderia ser só isso.

Logo no meu sexto período (primeiro período que ficamos maior parte do tempo nas enfermarias) metade das enfermarias foi fechada por falta de verba. Quando digo metade deveria dizer 1/4, pois metade do hospital já não funcionava desde a sua construção.

Durante o internato em muitas ocasiões não podíamos participar de cirurgias por falta de roupa no centro Cirúrgico ( não por falta da mesma, e sim por falta de roupa limpa). Por problemas com locais que realizavam a higienização destas roupas.

Às vezes, precisávamos colher sangue de um paciente e não tínhamos luvas (daquelas de caixinha mesmo que se compra na farmácia sem grandes complicações). Ah, e  isso quando o que não faltava era agulha, seringa, tubo de hemograma, gaze, esparadrapo...

No meu último ano de faculdade a famosa metade do hospital que não funcionava foi implodida (sua estrutura aberta há anos estava prejudicando a parte que funcionava com risco de desabamento). Algumas vezes o prédio apresentou abalos na estrutura e precisamos sair correndo, (e os pacientes acamados? E outros tantos que não podem se locomover com facilidade?).

Eu disse no inicio que tenho dois anos de formada. E o entulho que restou da parte implodida? Quanto tempo ficou lá? Prefiro não responder...

Em certos lugares do hospital nós passávamos ao lado de ratos ( gigantes), baratas e outros animais. Os ninhos de ratos não ficavam num cantinho longe e sim dentro do hospital mesmo.

No momento continuo dentro da saúde pública, pois agora faço minha residência num grande Hospital Federal do RJ. Não continuarei a citar as deficiências estruturais encontradas, só posso dizer que assim como onde me formei, o problema não é o número de médicos.

Nem acho também que posso colocar publicamente todos os problemas da saúde pública e suas consequências, pois as consequências envolvem pessoas.

Bom, estou falando de uma cidade grande, uma das maiores capitais do Brasil, mas posso citar um exemplo de interior.

Outro dia recebi uma proposta de trabalho. Irrecusável!(ironia). Trabalhar numa cidade em Roraima com um salário ate que interessante para um médico no inicio da carreira. Problemas: seria o único médico da cidade, a capital fica a uma distancia de um pouco menos de 200 km, não tem hospital, não tem boas estradas para o acesso a próxima cidade... E isso sem pensar em outros problemas. Imagine um paciente precisando de uma cirurgia de urgência, (não fiz cirurgia) que acaba morrendo antes de chegar ao hospital. O que acontecerá comigo? A insatisfação da família será só com a falta de recurso? Acho que eu acabaria virando noticia de jornal... Ou só desaparecida mesmo, sem noticias... Acho que ninguém que estudou tanto acharia agora esse salário atrativo.

O que acontece (contact redacted) vai muito além do número de médicos no Brasil e da qualidade desses médicos.

Acho que o texto já ficou muito longo e não consegui nem de perto falar tudo e concluir meu pensamento. Por isso, vou sugerir que veja esse vídeo:



Só farei mais duas observações. Assim como este deputado do vídeo, nenhum médico brasileiro é contra a entrada de médicos estrangeiros. Só achamos que os diplomas desses médicos devem passar por um processo de validação no nosso país. Em qualquer outro país de respeito existem provas e muitas etapas, para se conseguir trabalhar como médico tendo um diploma brasileiro.

A segunda observação é: muitos brasileiros que não foram aprovados em vestibulares no Brasil recebem propostas para se filiar ao partido atual do Governo e com isso ganham uma vaga nas universidades de Cuba. — por Ana Luiza.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dilma, dá boas condições de trabalho e salario digno q não faltara medico em lugar nenhum. Agora, trazer médicos sem convalidar diploma, pq se fizerem a prova ão passam... Não acho q tem q ter reserva de mercado não. Se a pessoa é estrangeira e honestamente convalidou seu diploma no pais OK, agora "trazer milhares de médicos" como se fosse importação de trigo, parece piada de mal gosto.
Ass: Elaine Sobral da Costa

Anônimo disse...

O governo precisava fazer concurso público para médicos brasileiros, que já temos muitos. E ao mesmo tempo criar postos de saúde e hospitais com condições dignas para médicos e pacientes, e depois sim; poderia abrir pra estrangeiros.
Ass:Clara Burlamaqui

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