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sábado, 8 de dezembro de 2012

Caridade e generosidade

"Conta-se da vida de São Martinho que, certa noite, Cristo lhe apareceu em sonhos vestido com a metade da capa de oficial romano que poucas horas antes o Santo tinha dado a um pobre. Martinho olhou atentamente para o Senhor e reconheceu a capa. Ao mesmo tempo, ouviu Jesus dizer aos anjos que o acompanhavam, num tom de voz que nunca esqueceria: “Martinho, que é apenas um catecúmeno, cobriu-me com estas vestes”. Imediatamente o Santo lembrou-se de outras palavras de Jesus: Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes. A visão encheu-o de paz e de alento, e pouco tempo depois administravam-lhe o Batismo.

Não devemos fazer o bem esperando uma recompensa nesta vida. Devemos ser generosos (no apostolado, na esmola, nas obras de misericórdia...), mas sem esperar receber nada por isso. A caridade não busca nada, a caridade não é interesseira. Devemos dar, semear, dar-nos, ainda que não vejamos nem frutos, nem correspondência, nem agradecimento, nem benefício pessoal algum. O Senhor ensina-nos nesta parábola a dar liberalmente, sem calcular retribuição alguma. Um dia recebê-la-emos em abundância.

NÃO SE PERDE NADA do que levamos a cabo em benefício dos outros. Quem dá em abundância dilata e enriquece o seu coração, torna-se jovem e aumenta a capacidade de amar. O egoísmo encolhe a pessoa, limita o seu horizonte pessoal, tornando-o pobre e estreito. Quando não vemos os frutos do nosso sacrifício, nem colhemos dele agradecimento humano algum, basta-nos saber que o objeto da nossa generosidade é o próprio Cristo. Nada se perde. “Não vedes agora – comenta Santo Agostinho – a importância do bem que realizais; o lavrador, ao semear, também não tem diante dos olhos a colheita; mas confia na terra. Por que não confias tu em Deus? Chegará um dia que será o da nossa colheita. Pensa que nos encontramos agora nas fainas de semeadura; mas plantamos para colher mais tarde, conforme diz a Escritura: Vão andando e choram, espalhando as suas sementes; quando voltarem, virão com alegria, trazendo os feixes (Sl 125)”7. A caridade não desanima se não vê resultados imediatos; sabe esperar, é paciente.

A generosidade abre caminho à necessidade vital de dar. O coração que não sabe espalhar o bem entre os que o rodeiam, no ambiente em que vive, inutiliza-se, envelhece e morre. Quando damos, o nosso coração alegra-se e estamos em condições de compreender melhor o Senhor, que deu a sua vida em resgate por todos.

É MUITO o que podemos dar aos outros. Podemos dar-lhes bens materiais – ainda que seja pouco, se dispomos de pouco –, tempo, companhia, cordialidade... Trata-se de pôr ao serviço dos outros os talentos que recebemos do Senhor. “Eis uma tarefa urgente: sacudir a consciência dos que creem e dos que não creem – fazer uma leva de homens de boa vontade –, com o fim de que cooperem e proporcionem os instrumentos materiais necessários para trabalhar com as almas”.

 Extraído de Falar Com Deus, de Francisco Carvajal.

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