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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Irmãozinho à vista

Por Maria Teresa Serman

As crianças pressentem, antes mesmo que aconteça, que um novo irmão, ou irmã, lhes ensinará, forçosamente, a compartilhar atenção, espaço e posses. Frequentemente retrocedem, voltando a hábitos, como fraldas, mamadeiras ou chupetas, que já haviam abandonado. É uma reação até esperta, de acordo com seu ponto de vista, pois elas intuem - não é consciente - que, necessitando dos mesmos cuidados do bebê que chegou, terão a mesma atenção. Então, como resgatá-las desse limbo?

Claro que não adianta recriminar ou fazer cara feia, pois isso, além de ser basicamente contraproducente, é uma crueldade com um serzinho que já está sofrendo. É o ciúme é um sentimento de perda, que dói muito. Então, medidas inteligentes e afetuosas. Comecem, mães e pais, por "dividir", o máximo possível, entre vocês, os filhos, o recém-chegado e o mais velho. Quando não der pra contar com o pai, a mãe deve apelar para os avós ou tios. Mas nunca transferir cuidados para os outros, por melhor que estes pareçam, pois os pais são insubstituíveis.

Proibir ou condenar a retomada da mamadeira e afins só aumentará a sensação de exclusão e fará a criança mais infeliz. Peça para que ela, ou ele, os ajude no cuidado com o pequenininho, buscando fraldas, chupetas e mamadeiras, e mostrando como o bebê tem que fazer força pra extrair leite e sucos destas, assim como é desconfortável usar fralda. Exponha a "maturidade" de usar o copo e o banheiro, como papai e mamãe o fazem, igualando o mais velho a vocês. Este, então, ficará orgulhoso de ser útil e mais sábio, diante daquele pequeno dependente.

Elogiem seus avanços e valorizem suas habilidades, pessoais ou próprias da idade. Demonstrem como ele, ou ela, já falar facilita a vida, e como estão orgulhosos de seu progresso. Embora envolvê-lo (a) nas tarefas com o nenê seja bom, reservem um tempo especial para os três, como antes, mesmo que seja curto. Peguem-no (a) muito no colo, mas não o (a) infantilize, ou fale em "tatibitatês". Isso só iria reforçar a tendência. Nunca diga "Você continua sendo o bebê da mamãe!", porque é mentira, e, de novo, pedagogicamente condenável. A criança percebe quando querem enganá-la, e fica mais insegura. E jamais o afastem fisicamente de vocês, principalmente de você, mamãe, mesmo quando estiver amamentando (aliás, esse é o momento crucial).

Finalizando, não exagere na preparação para a chegada do novo familiar. Isso só vai antecipar e intensificar, o lado doloroso da mudança na vida do irmão mais velho. Ajam normalmente, e sempre que alguém tocar no assunto, deem um jeito sutil de associá-lo ao veteraninho (a). Assim, este (a) se sentirá na berlinda, e não em segundo plano. E uma boa notícia: o ciúme, a cada irmão que chega, vai diminuindo nos que já estão aqui. Mas, cuidado para as manifestações ocultas dele, pois não cessa, só se atenua, ou se camufla.

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