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terça-feira, 31 de maio de 2011

Será que a Copa do Mundo de 2014 vai ser uma boa?

Por Rafael Carneiro Rocha

Com toda razão, estamos desde já preocupados com as obras faraônicas que, depois da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, correm o risco de serem incômodos elefantes brancos. A imprensa alardeia que falta muito a ser construído e já estamos amargamente preparados para supostas licitações emergenciais que, sem concorrências regulares e possibilidade de maior fiscalização pela sociedade, deverão ser executadas aos montes – e bilhões de reais! Por outro lado, os entusiastas da Copa afirmam que o evento vai gerar um bocado de empregos e que a infraestrutura do país vai se modernizar.

Nesse fla-flu de opiniões, eu me posiciono com as pessoas que não querem a Copa por aqui de jeito nenhum! Porém, meu posicionamento se dá por razões muito mais simbólicas do que pragmáticas (ainda que existam boas razões de ordem prática que atentem para os problemas do evento).

Como um evento de entretenimento voltado para massas mundialmente fanatizadas pelo futebol, a Copa do Mundo será sempre um sucesso. Sinceramente, acredito que o país terminará as obras exigidas. Provavelmente, muitas delas de forma problemática e, quem sabe, legalmente duvidosas, mas os estádios, aeroportos, rede hoteleira, rodovias e tudo o mais estarão em condições razoáveis de preparar o país para a Copa.

Contudo, este sucesso pode agravar, a meu ver, um sério problema cultural. Se um evento como uma Copa do Mundo se torna emblemático para a consolidação de um Brasil que “dá certo”, enchendo de orgulho os políticos e o povo, isto é sinal de que não existe ainda um amadurecimento civilizatório em nossa nação. Estamos preparados para grandes eventos de massas satisfeitas, mas isso não significa que nos tornamos melhores, como nação. O mundo político se fortalece diante de exibicionismos materiais e a população endossa, igualmente envaidecida, a uma idéia de nação que pode muito bem prescindir da boa formação humana do seu povo, afinal o futebol comercial muito pouco nos ensina sobre as questões mais importantes da vida.

Pessoalmente, vejo algo de muito estranho quando uma nação gasta tantos esforços físicos e espirituais para fomentar uma diversão que vai durar pouco mais de um mês. Esta é, em minha opinião, a grande razão para discordar que nosso país seja sede da próxima Copa do Mundo.

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