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terça-feira, 6 de abril de 2010

A Igreja e os ataques sobre os casos de pedofilia

Esse post, apesar de, à primeira vista, não parecer ter nenhuma relação com o tema do blog, tem tudo a ver com a família, uma vez que a pedofilia a atinge diretamente.

Diante do enorme estardalhaço que a mídia vem fazendo a respeito dos casos de abusos de menores por sacerdotes católicos, acho muito justo fazermos uma reflexão mais racional sobre esse tema, para que possamos discernir o que há de verdade nisso tudo e o que há de ataque de ódio à Igreja Católica.

Antes de qualquer coisa, é preciso dizer que houve sim vários casos de abusos de menores dentro da Igreja, não estamos querendo negar isso e tal fato é grave. Se tivesse havido apenas um caso desses, isso já seria gravíssimo.

No entanto, é preciso deixar bem claro o seguinte:
  1. Que o número de casos não foi tão alto como se está alardeando.
  2. Que esses casos não foram acobertados pela Igreja.
  3. Que o celibato sacerdotal não tem ligação alguma com o problema.
Vamos explicar cada um dos itens acima:

1) O número de casos não foi tão alto como se está alardeando.

Talvez esse seja o pior dos três argumentos, que tenta causar um pânico moral entre as pessoas, ao desmerecer a santidade e as virtudes de todo o clero por causa dos crimes de uma pequena parte dele que se desviou da virtude e cometeu barbaridades. Além do mais, a forma como as notícias são apresentadas, acaba condenando pessoas que foram apenas acusadas de forma injusta.

Entretanto, esse argumento é facilmente combatido também com números, como veremos a seguir.

No mês passado, Massimo Introvigne publicou um artigo sobre os casos de pedofilia nos Estados Unidos no Avvenire.

Ele conta que em 2004, o John Jay College of Criminal Justice da Universidade da Cidade de Nova York, a instituição de criminologia de maior autoridade dos Estados Unidos, fez um estudo do número de casos de pedofilia no país de 1950 a 2002.

Nesses cinquenta e dois anos, o número de padres católicos norte americanos acusados de manterem relações com menores foi de 4.392, num universo de aproximadamente 109.000 sacerdotes. Apesar disso, desses 4.392 padres acusados de crimes de pedofilia, apenas 21,8% (portanto apenas 958) teriam tido relações com menores de 17 anos. Finalmente, desse total inicial de 4.392 acusados, apenas 54 foram condenados pela justiça civil. Alguns casos não puderam ser concluídos porque os acusados já estavam mortos, mas um enorme número de padres acusados injustamente foi absolvido pelos tribunais civis.

Esse número mostra que ao invés de dizerem que 4% do clero norte americano é composto por pedófilos, apenas 0,05% do clero dos EUA foi condenado por crimes de pedofilia e merecia tal classificação.

Na Alemanha houve, desde 1995 até hoje, 94 casos de suspeita de crimes de pedofilia cometidos por sacerdotes. No mesmo período, houve na Alemanha um total de 210.000 casos de crimes contra menores. Com isso, o percentual de casos de pedofilia dentro da Igreja Alemã é 0,04% do total de crimes contra menores no país.

Na Irlanda, desde 1914 até 2000, o Informe Ryan recolheu 1090 casos de violência (não só sexual) contra menores de idade no sistema de colégios internos. Nas escolas femininas, apenas três pessoas (todas leigas) foram acusadas. Nas escolas masculinas, 23 religiosos foram acusados de violência (não se informa se foi sexual) em 2 dos 12 colégios mantidos por entidades católicas. Em outros quatro colégios, foram denunciados casos de abusos sexuais não por religiosos, mas por alunos mais velhos.

Por último, Mons. Scicluna, da Congregação para a Doutrina da Fé, afirmou em uma entrevista que de 2001 a 2010, a congregação trabalhou em cerca de 3.000 casos de sacerdotes diocesanos e religiosos relacionados com crimes cometidos nos últimos 50 anos. Desses 3.000 casos, somente 300 se tratavam de atos de pedofilia. Entretanto, o número de sacerdotes diocesanos e religiosos no mundo é de 400.000, resultando, portanto, num percentual de 0,08% sobre o total de sacerdotes diocesanos e religiosos.

2) Esses casos não foram acobertados pela Igreja

Existem várias instruções da Igreja que são bastante claras e duras com os crimes de pedofilia. Na instrução "Crimen Sollicitationis" (em latim), um texto de 1922 e novamente proposto em 1962 por João XXIII, chama-se essas faltas de “crimen pessimus” e é explícita no documento a obrigação de denunciar o delito.

Há ainda outro texto, "De delictis gravioribus" (em latim), escrito pelo, então Cardeal, Joseph Ratzinger e o Cardeal Tarcisio Bertone em 2001 para agir sobre o motu proprio "Sacramentorum Sanctitatis tutela" (em latim) do Papa João Paulo II, de forma a evitar os acobertamentos e designar a Congregação para a Doutrina da Fé como responsável para tratar de casos de pedofilia. Se houve omissões e acobertamentos, eles foram uma falta de lealdade às disposições do Papa e do Magistério da Igreja.

Ainda sobre esse assunto, na Carta Pastoral do Santo Padre o Papa Bento XVI aos Católicos na Irlanda, ele dirige um parágrafo duro aos que cometeram crimes de pedofilia:
"Aos sacerdotes e aos religiosos que abusaram dos jovens

Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus onipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos."
3) Que o celibato sacerdotal não tem ligação alguma com o problema.

Por último, os "entendidos" da mídia tentam explicar tais problemas como resultado do celibato sacerdotal.

O psiquiatra Manfred Lütz, diretor do hospital psiquiátrico Alexian de Colônia na Alemanha, explicou numa recente entrevista como esta conexão não existe. Segundo ele, "todas as profissões e instituições que, de alguma forma, têm a ver com as crianças são afetadas pelo fenômeno. Por que certas profissões atraem pedófilos, temos de estar vigilantes." e continua:
"Alguns dizem que há uma ligação entre o celibato e a pedofilia e que, se você eliminar o celibato, muitos problemas seriam resolvidos.

Cientificamente, essa teoria não tem fundamento. Eu organizei em 2003, no Vaticano, na Academia Pontifícia para a Vida, um encontro com vários cientistas (muitos não-crentes) sobre "abuso de menores por sacerdotes e religiosos. Todos concordaram que cientificamente não há nenhuma conexão entre o celibato e a pedofilia.

A abstinência sexual, em particular, não causa os atos de abuso. Um cientista ateu bem conhecido na Alemanha disse que a probabilidade de sacerdotes molestadores é 36 vezes menor do que um pai."

Apesar de duras, tais palavras são o reflexo da realidade. No artigo citado acima, de Massimo Introvigne, ele diz que no estudo da John Jay College of Criminal Justice existe o dado de que foram condenados 6.000 professores e treinadores entre 1950 e 2002 por crimes de pedofilia, em sua maioria, pessoas casadas. Reparem que o termo usado não foi "acusados" e sim "condenados".

Concluo este longo post dizendo que o alarme que a mídia está fazendo a respeito dos casos de pedofilia na Igreja é injustificado. Ainda que haja esse grave problema entre os membros da Igreja, ela está colocando os meios necessários para corrigir a situação e prevenir novos casos.

Observação: A maior parte das referências desse texto foi extraída do texto em espanhol de Bruno Mastroianni publicado no portal Almundi.

5 comentários:

Odete A. Stingrer disse...

Muito próprio este texto que veio esclarecer este assunto já tão massacrado pela imperensa.

NaraJr disse...

Excelente texto!
Pus em http://www.facebook.com/pages/Papa-Bento-XVI/110024939021455

Elaine disse...

Oi Zé!
A imprensa realmente tenta atribuir a igreja crimes que são de homens e não da igreja.
Agora, mesmo uma frequencia de 0,08% ou lá o que for é assustadora.
Se pensarmos que esses homens um dia receberam de Deus e da igreja um "brevê" para falar em seu nome, deveriam ser responsabilizados não só pelos crimes que cometeram como por usar sua posição na igreja para fazê-lo.
É muito grave mesmo. Não devemos fazer coro com a imprensa, mas devemos nos preocupar muito!!!

Rafael Carneiro disse...

Parabéns pelo texto. Neste momento tão delicado é preciso buscar a verdade. E estou certo de que ela, apesar de dolorosa, é bem menos horrível do que alguns comentários, eu diria, criminosos da mídia. Rezemos pelo Papa, por toda a Igreja e pelas pessoas que sofreram abusos dos sacerdotes.

Flor Martha S. Ferreira disse...

Veja também http://vidaemsociedade-sa.blogspot.com/2010/04/campana-mediatica-contra-el-papa.html

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