Por: Maria Teresa serman
Depois de descobrir o Brasil, Cabral deixou aqui sua história de navegador bem sucedido, avalia o mesmo historiador Eduardo Bueno, em seu outro livro sobre o mesmo tema - Brasil: terra à vista!. Indo para as Índias, a seguir, a esquadra foi destroçada por uma tormenta assustadora, e " 4 navios foram comidos pelo mar", "levando consigo 400 homens, entre eles o grande Bartolomeu Dias, que "12 anos antes fora o primeiro a vencer o cabo do medo".
A sorte humana é fugaz, já sabemos. Do que não suspeitamos (talvez alguns sim) é que naquele tempo já havia marqueteiros, personagens a serviço dos nobres e políticos da época. Um especialmente se destacou, pois, usando de invenções e exageros em causa própria, conseguiu usurpar do verdadeiro herói não só o nome para a nova terra, mas a boa fama e a fortuna. Este foi Colombo, que morreu pobre e desacreditado. Aquele, Américo Vespúcio, florentino conhecido como charlatão ainda no seu tempo, que, apesar disso, "emplacou" seu nome na descoberta alheia. Alguma surpresa? A história se repete, lamentavelmente o homem continua um aprendiz de si mesmo.
E o que tem este personagem a ver com o Brasil?, dirão vocês. Acontece que o finório cá veio, como dizem nossos colonizadores, na primeira expedição de exploração oficial, capitaneada por Gonçalo Coelho. Da viagem muita coisa narrou e também inventou, na famosa Lettera, que escreveu ao amigo Soderini. Contou, nessa obra, um episódio de antropofagia que, pelo seu tom escandaloso, causou forte impacto na Europa e tornou-se sucesso editorial. De novo, alguma surpresa?
Transcrevo agora um poético trecho incluso no livro Naufrágos, Traficantes e Degredados, do já citado autor, que descreve dois pontos conhecidos da nossa geografia: "Seguindo sua jornada para o sul (estiveram em Porto Seguro, explico eu), as três caravelas chegaram a um local esplendoroso no primeiro dia de 1502. Era uma ampla "boca de mar", cercada de vastas montanhas recobertas de mata luxuriante. Julgando se tratar da foz de um rio, os exploradores batizaram o lugar com o nome de Rio de Janeiro. Um ano mais tarde, em sua segunda viagem ao Brasil, Vespúcio voltaria ao local que os nativos chamavam de Guanabara - e ficou tão extasiado com sua beleza quanto da primeira vez."
Continuando: "Cinco dias depois de avistar o Rio de Janeiro, a frota ancorou em outra bela enseada. Como 6 de janeiro é dia de Reis, batizou-a de Angra dos Reis, nome que até hoje se mantém. Os dias estavam quentes, o mar tranquilo e chuvas eventuais refrescavam os homens e realçavam os perfumes exalados pela mata. "Algumas vezes me extasiei com os odores das árvores e das flores e com os sabores dessas frutas e raízes, tanto que pensava comigo estar perto do Paraíso Terrestre', escreveu Vespúcio. "E o que direi da quantidade de pássaros, das cores das suas plumagens e cantos, quantos são e de quanta beleza? Não quero me estender nisto, pois duvido que me dêem crédito."
Bom, pelo menos aqui o senhor Vespúcio foi verídico, somos testemunhas oculares disso, embora alguns dos seus fiéis seguidores na vilania venham fazendo o possível para acabar com o objeto de sua admiração.
Deus nos presenteou com uma terra generosa, "em que se plantando tudo dá", como primeiro elogiou Caminha. Não podemos deixar que tamanha dádiva seja arruinada pela ganância e falta de escrúpulos de muitos, que sacrificam inocentes em troca de votos sujos de sangue. Já passou da hora de expulsar os Vespúcios do cenário, para que os homens de bem se apossem do comando político e resgatem o nosso Jardim do Éden. Que não é apenas o Rio de Janeiro, mas todo o nosso Brasil.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
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