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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Entrevista com uma filha única

1 - Apresente-se para nós, de forma livre, de acordo com aquilo que acha importante

Sou Luciana Benevides de Schueler, tenho 34 anos e sou advogada. Sou a única filha de um casal de médicos. Moro com a minha mãe. Meu pai faleceu há 13 anos. Embora muitos achem que filhos únicos podem acabar sendo seres solitários, comigo nunca foi assim! Sempre tive muitos amigos e sou bastante sociável. Adoro estar na companhia de amigos, namoro e gosto de sair, embora ultimamente prefira os lugares menos agitados, o que não me impede de ir à Lapa de vez em quando para curtir um bom sambinha. Afinal, dançar é muito bom! Sou fã de cinema e gosto de programas culturais, o que devo à influência dos meus pais. Tenho um gosto musical eclético, que vai desde a música clássica, ao já mencionado samba.

2 - O que levou seus pais a terem só uma filha?

Meus pais não queriam ter um único filho e conversaram sobre isso desde antes do casamento. Meu pai era filho único e não gostava da experiência e minha mãe veio de uma família numerosa, de oito filhos, e sempre achou isso muito bom! Minha mãe engravidou de mim com facilidade, mas quando quis engravidar pela segunda vez não conseguiu. Após alguns anos de tentativas, ficou constatado que ela sofria de endometriose, o que provavelmente foi a causa da esterilidade.

3 - Há algo de que você sentiu falta no convívio familiar?

Quando era criança sentia muita falta de ter irmãos e cheguei a rezar durante um tempo para que Deus me desse um irmãozinho (a). No convívio familiar quase não havia pessoas da minha idade, pois meu pai era filho único, ou seja, não tinha primos por parte dele e toda a família da minha mãe, que é bem grande, mora em Recife. Nas férias era uma grande curtição, pois eu tinha a oportunidade de estar com meus primos, que são muitos! Como não tinha irmãos, meus pais gostavam que eu convidasse amigas do colégio para irem à minha casa, o que era muito bom! Como eles não quiseram ter um único filho, sempre tiveram a preocupação de que eu fosse bastante sociável e tivesse muitos amigos. Eles sempre tiveram a consciência de que o convívio com irmãos é importante e tentaram amenizar essa falta na minha vida.

4 - Quais as melhores vantagens de ter uma família pequena? E quais são os pontos negativos?

Sinceramente não vejo vantagens. Ter uma família numerosa é certamente a melhor opção. Digo iss
o porque sempre convivi com pessoas que têm irmãos, até porque na minha geração os filhos únicos ainda são raridade. Eu adorava ir para a casa das minhas amigas que tinham irmãos. Achava o máximo ver a casa mais cheia, com mais movimento e até certa bagunça. Nunca fui triste por ser filha única, mas se pudesse ter escolhido, teria irmãos. Sempre digo que tive regalias por ser filha única, pois meus pais tiveram condições de me oferecer coisas que eu não teria se a família fosse maior, mas não sei até que ponto isso pode ser considerado uma vantagem. Acho que até mesmo os sacrifícios das famílias numerosos fazem bem para a formação dos filhos. O filho único, naturalmente, acaba sendo o centro das atenções, o que não é bom, nem para o filho, nem para os pais. Se um casal, como aconteceu com os meus pais, não consegue ter mais de um filho, deve ter o máximo de cuidado ao educá-lo, pois é fundamental que a criança aprenda desde cedo a ter espírito de sacrifício e de serviço.

5 - Você tem ou teve tarefas definidas em casa?
Sou filha de um casal organizado. Na minha casa sempre se deu muito valor à ordem. Aprendi desde cedo a m
anter minhas coisas arrumadas. Lembro que muito cedo já arrumava meu armário, minhas gavetas e minha mesa de estudo. Essa tarefa era minha e não da minha mãe. Roupas jogadas pelo quarto, nem pensar. Logo minha mãe mandava que eu arrumasse e guardasse tudo no devido lugar. Mesmo em outros ambientes da casa, que não o meu quarto, era exigido que mantivesse tudo no lugar, mas sem neuroses, tudo de uma forma muito natural. Podia até fazer bagunça, mas depois tinha que arrumar. Isso me ajudou muito, pois sei que quando tiver minha casa serei, no mínimo, uma dona de casa ordenada.

6 - O fato de ser filha única deu a você mimos a mais que suas amigas de famílias com dois ou mais irmãos?


Quanto aos mimos
, acho que isso não tem tanta relação com o fato de ser filha única ou de ter irmãos. Eu sempre fui muito amada e recebi bastante carinho dos meus pais e familiares, mas acho que isso não significa que fui mimada. Agradeço a Deus por ter me dado pais tão amorosos e que souberam dizer não quando era preciso. Costumo brincar e dizer que tenho uma mãe brava! Minha mãe é super carinhosa até hoje, mas sempre soube ser enérgica. Na minha casa não tinha aquela história de filho fazer o que quer e impor a vontade sempre. Eu ouvi muitos nãos em casa e isso foi muito bom para a minha formação. Não recebia tudo que pedia e muito menos fazia tudo que queria. O que acontece com o filho único é que, por força das circunstâncias, ele acaba tendo algumas regalias. No meu caso, por exemplo, tive a oportunidade de frequentar bons restaurantes com os meus pais, viajar bastante, ficar em hotéis legais. Certamente se eu não fosse filha única, as coisas teriam sido diferentes, até porque não sou filha de pais ricos. Foi bom ter essas regalias, mas não acho que tenham sido fundamentais para a minha formação.

7 - O que você planeja para sua futura família?

Gostaria muito de não ter um único filho. Não digo isso por ser filha única, mas porque eu penso ser importante colocar mais filhos no mundo, se assim Deus permitir. Recebi uma boa formação dos meus pais e quero poder, junto com o meu futuro marido, transmitir valores e ajudar a formar bons seres humanos para que contribuam na construção de uma sociedade melhor. A alegria de colocar um filho no mundo deve ser indescritível e se vierem 2, 3, 4.…acho que essa alegria só se multiplica. Claro que as dificuldades de uma família numerosa existem, como em qualquer família, até porque a vida não é um conto de fadas, mas acredito que seja maravilhoso para um casal saber que o amor de um pelo outro transbordou nos filhos, sejam quantos forem, muitos ou poucos. Acho que antes de se pensar nos filhos, é preciso pensar no amor dos cônjuges, pois se houver amor verdadeiro entre marido e mulher, grande parte da boa formação dos filhos estará garantida.

8 - Seus pais influenciaram de alguma forma a escolha da sua profissão?

Como já disse, sou filha de médicos. A medicina era a realidade que eu conhecia, até porque meus pais trabalhavam no mesmo lugar e faziam a mesma especialidade, ou seja, a influência existia, embora fosse só indiretamente. Na primeira vez que fiz vestibular foi para medicina, como já era de se esperar. Meus pais não forçaram nada, mas eu achava mesmo que seria médica. Ao não passar no primeiro vestibular, fui fazer cursinho e ao longo do ano percebi que na verdade não queria ser médica e acabei escolhendo Direito. Na época meus pais não se opuseram e ficaram felizes com a minha escolha.

9 - Você pode nos contar um pouco de seu lazer em família de quando era criança?
Tive uma infância muito feliz, que deixou ótimas lembranças. Meus pais saíam bastante comigo. Sempre passeávamos nos fins de semana. Durante a semana eu ia para a escola e meus pais trabalhavam. Nos fins de semana meus pais me levavam para parques, como Jardim Botânico, Quinta da Boa Vista, Parque Lage, andava de bicicleta na Lagoa. Íamos sempre! Eram comuns os passeios diurnos. Sempre tive muitas atividades, além do colégio. Fiz natação, jazz, nado sincronizado, ginástica rítmica, sempre cercada de muitas amizades.
O fato de ser filha única nunca me privou de ter contato com outras crianças. Brinquei muito na infância, especialmente no colégio. Estudei em colégio grande, com um bom espaço físico, piscina e várias atividades interessantes. A escolha de um bom colégio é fundamental.

11 comentários:

Maria Teresa Serman disse...

A Lu é linda por dentro e por fora, como pudemos confirmar pela sabedoria, apesar de tão jovem, e pela foto. E sabe fazer e cuidar dos amigos. Parabéns aos pais que a educaram tão bem, com toda essa elegância que emana dela.

Odete A. Stingrer disse...

Adorei a entrevista. Parabéns Luciana pela família que soube te educar tão bem, mesmo sendo única!

Alessandra Pellicciari disse...

Oi Lu,

adorei a entrevista!! Como vc disse ter irmaos eh sempre bom!! Mas, Deus eh que sabe o que eh melhor para cada familia. O casal, quando se casa, faz um compromisso de ter os filhos que Deus permitir. Claro que o casal tem que ter o que se chama paternidade responsavel, mas deve tambem confiar na providencia divina se caso venham 2, 3, 5. 7!!! Tenho so 2 irmaos, mas como a Lu, tambem tenho muitos amigos com familia numerosa e todos sao muito felizes e a familia, apesar das dificuldades, sempre soube se virar e nunca faltou ajuda.

Alessandra Pellicciari

Anônimo disse...

Lú!

É muito bom conhecer mais um pouco da história de uma pessoa tão especial como você...
Parabéns para D. Lúcia e para seu pai (que está muito feliz no céu, né?). Parabéns também aos organizadores do Blog por manterem notícias e informações tão interessantes.

Daniele Velloso.

Anônimo disse...

Lu, como fiquei feliz em ler sua entrevista e ver ao longo de uma amizade de 15 anos o seu amadurecimento na vida, seja no pensar, no falar e ano agir. E mais... você acabou ganhando uma amiga e irmã, pois assim eu a considero bem como minha amada família. O que acho interessante é que família não é somente as pessoas que convivem sob o mesmo teto, mas pessoas que Deus coloca em nossas vidas com valores, princípios e afinidades que muitos irmãos de sangue não tem! Acredito que o amor molda tudo e todos! E tenho grande orgulho de tê-la como minha grande amiga e irmã do coração!
Flavia Nasser

Unknown disse...

Luciana Benevides, assim que eu sempre chamei (porque tinha a Luciana Novaes. Estudamos juntas no colégio dos Santos Anjos durante a infância e início da adolescência. Éramos grandes amigas. Mas, o corre-corre da vida nos distanciou. Lembra dos nossos aniversários que em datas distintas comemorávamos no McDonald's? Parabéns pela entrevista. Isso é uma parte daquilo que a vida te transformou e te proporcionou de melhor. Beijos carinhosos, Tathiana Piragibe

Anne Caroline disse...

Oi, parabéns pela entrevista.
Me casei agora e desejo muito ter uma família numerosa, mas sei se isso vai da história que tem tem pra cada um. Vendo sua experiencia pude observar que, não importa o número de filhos que Deus der, o importante é saber educa-los bem.
Gostaria de postar sua entrevista no meu blog. Posso?
Abraços

Liana Clara disse...

Olá Anne Caroline, diga-nos qual é o seu BLOG. Pode postar sim e também temos entrevistas com mãe de família numerosa e com filha de família numerosa, já que é seu objetivo ter uma família bem grande.
Desejo que consiga uma tão bonita quanto a minha!! Modéstia a parte, a minha ´´e maravilhosa.
Abraços e visite-nos sempre.

Liana Clara disse...

Vejam também:

http://www.negociosdefamilia.com.br/2009/08/entrevista-com-uma-filha-de-familia.html


http://www.negociosdefamilia.com.br/2009/11/entrevista-com-uma-mae-de-familia-quase.html

Entrevistas com famílias numerosas.

Anne Caroline disse...

Liana, desculpe a demora. Meu blog é simplesefeminina.wordpress.com

Abraços
Anne

Liana Clara disse...

Seja bem vinda Anne Carolina e esteja a vontade para aproveitar tudo sobre a família.
Um grande abraço e que você consiga ter uma família bem bonita.

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