Nasceu em 1194, numa família nobre e rica, na cidade de Assis. Foi uma jovem de grande beleza e esteve prometida em casamento a um grande senhor feudal. A sua recusa ao casamento ocorreu devido a sua “profunda inquietação religiosa”, que a levou a uma vida desprovida de bens materiais.
Clara era neta e filha de fidalgos guerreiros das mais ilustres famílias de Assis. Viviam num palácio na cidade, possuíam um castelo nos arredores e consideráveis propriedades. O pai era conde. Conta a lenda que a mãe de Clara um dia ouviu vozes que lhe anunciaram que a criança que nasceria seria "um clarão de luz para todo o mundo".
Clara foi batizada na mesma igreja onde Francisco de Assis recebera o batismo. E suas vidas sempre estiveram ligadas por uma grande amizade espiritual.
Clara foi a mais velha de cinco irmãos. A sua infância e juventude foram de uma menina rica - usava vestidos de seda e joias quando ia às festas da cidade. Considerada de uma beleza fora do comum, seus dotes artísticos eram o orgulho dos pais.
Nessa época, nem a mãe, bem religiosa, poderia adivinhar o futuro daquela filha que viria a influenciar a toda a família. Ela tinha pouco mais de treze anos quando Francisco começou a doar suas ricas roupas e o seu cavalo a um pobre. Depois, ele se refugiou numa ermida, recolhido em oração. O tempo viria provar que aquele homem tinha sido tocado por algo transcendente e que seguiria uma vida diferente.
Durante um ano, Clara ouviu a pregação de Francisco e conversou com ele. Ia vestida discretamente com um manto pesado sobre a cabeça para não ser reconhecida. E continuou fazendo isso durante quatro anos, sem mesmo dizer à mãe.
Aos dezoito, saiu à noite de casa, desceu a encosta onde Francisco e outros frades e freiras de outros mosteiros a esperavam. Levou por baixo do manto um vestido de noiva, adornado com joias - é o costume que ainda hoje se mantém nas tomadas de hábito das freiras, que depois despem as vestes “mundanas” para envergarem o hábito da pobreza. Neste caso, a verdadeira pobreza franciscana. E na profissão de fé de Clara, foi Francisco quem lhe cortou os cabelos.
A família, ao dar pelo desaparecimento de Clara, iniciou as buscas. Os parentes pensaram primeiro num rapto da autoria de algum jovem (o que era usual na época), mas, depois descobriram que ela se recolhera na comunidade de Francisco. Eles tentaram forçá-la a voltar, mas tiveram que aceitar a sua escolha como algo mais forte do que os poderes terrenos.
Sua mãe, em princípio, não entendeu o gesto da filha - achou que ela seria freira num convento rico, para onde iam várias meninas da nobreza. Pouco depois, porém, Inês, irmã de Clara, fez o mesmo; e, por fim, a própria mãe, já viúva, também entrou num convento.
Um dia, Frederico II, aproximou-se do convento com o seu exército. Na sua fúria contra a Igreja Católica, tentou penetrar no mosteiro onde se encontrava Clara e a sua comunidade. Enquanto os soldados tentavam saqueá-lo, as freiras, em pânico, avisaram à Clara, que foi à capela e pegou na custódia, e, empunhando-a com as duas mãos, levantou-a de modo a que fosse vista pelos invasores. Conta a lenda que os raios de sol, refletindo-se nela, teriam assustado os guerreiros, que, em debandada, fugiram.
A exigência espiritual de Clara é contemplativa, vive o “privilégio da pobreza”, uma recusa total aos bens terrenos, totalmente inaceitável na época.
Ela, em sua pequena comunidade, ao lado de “senhoras pobres” (como se chamaram de início as Clarissas),tornou-se a abadessa, sempre como apoio espiritual de Francisco, instalando-se num mosteiro beneditino de Sant’Angelo de Ponzo.
Francisco de Assis, já considerado um santo, morreu em Outubro de 1226. O povo de Assis foi lhe prestar uma homenagem simples e sentida. Antes do cortejo fúnebre chegar a Assis, o povo passou em S. Damião para que Clara, muito doente, pudesse dizer o último adeus ao seu guia espiritual, seu grande amigo e protetor. Clara chorou sem cessar a perda de Francisco. Sentia-se desamparada. Tinha 32 anos e iria viver até aos 60 sempre em S. Damião.
Entretanto, a fama de Clara espalhava-se, gente dos arredores vinha pedir-lhe conselhos. Ela, através da oração, fazia curas ditas milagrosas -surdos passaram a ouvir, mulheres estéreis tiveram filhos e muitos outros fatos fora do comum aconteceram.
Clara de Assis foi canonizada em 1255, apenas dois anos após a sua morte. “Poderíamos chamar-lhe de "a santa das santas”.
3 comentários:
Belíssimo e comovente relato sobre a Santa Clara!
Quanto à dúvidas sobre algum desprendimento material que precise fazer, já sei a quem mais rezar!
Podemos rezar a ela também, quando a chuva é forte!! Mas, a razão desta ligação com a santa, eu não sei, só sei que funciona.
Mais um detalhe: Não ser pão duro ao oferecer os ovos ao convento das clarissas.rsrsrs
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