Em setembro de 2004, Martha Medeiros escreveu na Revista O Globo uma crônica sobre o assunto. Gostei tanto que recortei e guardei seu texto assumindo o compromisso de encaixar o tema nas conversas com minhas amigas. Martha rememora com alegria as festinhas de aniversário de sua infância e lamenta a impessoalidade das festas de nossos dias.
Eu digo que ainda pode ser assim porque tenho vivenciado as gostosas festas de minha neta. Este ano foi em dose dupla, pois comemorou seu décimo primeiro aniversário junto com o de sua melhor amiga.
No sábado de manhã, enchemos os balões coloridos que enfeitaram as paredes da sala de jantar. Depois do almoço começamos a decoração da mesa com bombons, jujubas e brigadeiros. Logo depois, chegaram a amiguinha aniversariante, sua mãe e avó. Da mala do carro saiu a outra metade da festa: salgadinhos variados, sanduíches, caixas de sucos e as partes do bolo de chocolate que ainda seria montado e decorado.
Aos poucos a festa foi sendo construída a muitas mãos, entre risos e muito vai e vem. Pais, avós, tias, tios e amigos foram chegando e ocupando as poltronas e cadeiras da sala com pena de não poder também estar no jardim. O frio era intenso!
As meninas, aniversariantes e suas amigas, cheias de segredos, preparavam uma surpresa. Desceram dançando do andar de cima envoltas em fantasias que trouxeram de casa. A seleção de músicas também foi mérito delas. O show foi tão contagiante que até as vovós e bisavós entraram na dança.
De repente a música foi interrompida e as duas aniversariantes anunciaram seu show de mágicas. Após muitos aplausos e Oh!s e Uh!s cantou-se o Parabéns. Depois os presentes foram abertos como nas festas de Natal.
Os adultos foram-se despedindo aos poucos, e as meninas, depois de muito brincar, vestiram seus pijamas e terminaram o dia acantonadas no quarto dos jogos e brincadeiras.
Assim como a festa foi feita a muitas mãos, assim também a casa foi arrumada num piscar de olhos. Lixo, no lixo, louça na máquina, sobras guardadas, cadeiras no lugar. Tudo em ordem em dois tempos.
O domingo amanheceu tarde, e de pijamas, as meninas tomaram seu café enquanto esperavam por seus pais. Ainda sobrou tempo para estourar os balões.
Para alguns de nós o fim de semana terminou com a Santa Missa e muitas ações de graça.
Pelo visto, festas de aniversário de crianças como os da infância de Martha Medeiros ainda podem fazer sucesso com uma dose de planejamento, dedicação, criatividade e muito amor. É possível ignorar as barulhentas Casas de Festa, bolos de isopor confeitados à moda da casa e o costumeiro saco ou caixa para os presentes que o aniversariante só abre no dia seguinte e é privado de agradecer pessoalmente com um beijo e um abraço pelo presente escolhido a dedo, com carinho, para aquela pessoinha tão especial. AINDA É POSSÍVEL!
Agnes G. Milley
Um comentário:
ADOREI!
Ainda existe aquela brincadeira de "colocar o rabo no burro"? Minha irmã mais velha, que era a "animadora das festas" num dos meus aniversários(lá pelos 6 aninhos) fez aquela de vendar com um lenço macio os olhos dos amiguinhos do prédio e da escola, à medida que chegava a vez de cada um, e com entusiasmo cada um tentava pregar o rabinho do burrico já com a "foto do burro", (na verdade, o desenho feito numa folha grande de Cartolina) e quem acertasse em cheio ganhava alguma lembrancinha...
Coisas que para adultos pareceriam bobas, para criancinhas davam sensação de vitória num concurso...
Com mágicas e adivinhações em família, entre outras brincadeiras simples, também funciona, acredito sim, mesmo sem usar tantos artifícios sofisticados e caríssimos como vemos tantas vezes...
Postar um comentário