“Vamos.”
“Você começa, vovó!”
É sempre assim que começam nossas brincadeiras. Quando meu neto tinha 3 anos escolhemos o Rei da Floresta e fizemos a Festa da Coroação. Seu Ursinho Pooh! ganhou uma coroa, cetro, manto e tudo. A coroa foi uma de minhas pulseiras e o cetro uma caneta. Houve banquete e baile. Todos os seus bichinhos de pelúcia e plástico compareceram e participaram com grande espírito festivo.
Depois passamos pela fase do papel, tinta, tesoura, cola e todas as artes. Depois foi a vez das corridas de carrinhos no chão da sala. As listras do tapete eram perfeitas pistas. A motivação era sempre o filme “Carros”, assistido umas duzentas vezes. O DVD nem funciona mais. Está apagado.
Hoje, dois anos depois, demos um tempo à fase das artes e agora é tudo faz de conta. As almofadas do sofá desempenham os mais variados papéis. Podem ser ilhas desertas, geleiras do Ártico, malas, paredes de cavernas, navios pirata e até mesmo almofadas. Além delas só são necessário dois ou três bichinhos ou bonecos. O restante fica por conta do “Imagina que...”
Ele ganhou um minúsculo kart pilotado por Luigi, um dos personagens de um jogo de vídeo game. Luigi era ele, meu neto, e eu seria um cachorrinho de pano bem maior que o carrinho e seu piloto. Os dois protagonistas da brincadeira teriam que interagir. O cachorro perguntou:
“Por que você é tão pequeno, menor que eu?”
“Porque eu comi um cogumelo e diminui. Não posso comer o cogumelo para voltar a ser grande porque o cogumelo está no meu jogo. Eu saí do jogo e não posso voltar nunca mais. Vou ser pequeno para sempre.”
“Você não sente saudades de seus parentes e amigos?” perguntou o cachorro.
“Sinto ... e então eu olho para o retrato deles que eu tenho aqui no meu carro.”
“Você não tem pena de não poder mais voltar?” insistiu o cachorro.
“Tenho às vezes, mas eu prefiro ficar aqui no mundo real. Aqui eu posso fazer as coisas que eu tenho vontade. No jogo eu tinha que fazer o que as pessoas queriam apertando os botões. Aqui no mundo real eu posso viajar, conhecer outras coisas.... “
“Então vamos viajar juntos.” sugeriu o cachorrinho azul.
Os dois resolveram embarcar para a América dos Estados Unidos, mais exatamente para uma cidadezinha bem perto do Arizona. Como nessa cidade não havia aeroporto, eles tiveram que saltar de para quedas levando junto a mala (a almofada). Dentro da almofada viajava escondido um macaquinho que fez amizade com os dois.
“E agora, como é que eu vou latir em inglês?”
“Você não precisa latir em inglês. Todos os cachorros de todas as línguas latem igual e ninguém entende mesmo o que eles dizem.”
Uma vez no hotel o cachorrinho sugeriu ao piloto do kart que ele fosse procurar um emprego, mas o piloto replicou:
“Você não lembra que eu só era piloto no meu jogo? Eu nunca mais vou poder ser piloto.
Nisso chegou a hora de meu netinho se arrumar para ir à escola e teve que deixar o piloto de cart, o cachorrinho e o macaquinho amigo no hotel. Acho que eles ficaram planejando suas próximas aventuras e eu me deliciei lembrando do pequeno Luigi que saiu do vídeo game para viver no mundo real.
Agnes G. Milley
2 comentários:
Olá, vovó!
Se imaginação pudesse abrir FRANQUIAS, eu seria sua primeira "franqueada"! Foi uma DELÍIIIIIIIIIIIIIICIA o artigo de hoje!
Conta mais... vai?
Concordo com você Patricia. As histórias da Agnes agradam demais e nos fazem sonhar.
Já pedi a ela que conte mais.
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