Eram exatamente 18 horas e trinta minutos quando abri a porta de casa e respirei satisfeita o ar tranquilo de meu lar. Era hora de tirar os sapatos e parar depois de um dia cheio de tarefas cumpridas. Mas não foi assim. Recebi a notícia de que o aquecedor do banheiro havia quebrado. Eu viajaria na manhã seguinte; fazia muito frio; meu netinho passaria duas noites na minha casa; a babá teria que aquecer, no fogão, a água do banho. Rapidamente senti o perigo e dei meia volta. Em vinte passos estava na esquina falando com o Chaveiro que do celular ligou para o gazista.
“Antônio, você pode me fazer um favor? Tem uma vizinha nossa, daqui pertinho, que está com o aquecedor quebrado e precisa sair amanhã cedinho. Será que você pode passar na casa dela quando sair daí do cliente?”
Às 20 horas meu aquecedor estava em ordem, funcionando melhor que antes.
Esse pequeno incidente me pôs a pensar. Como foi bom eu ter escolhido esse lugar para morar. É tão central e prático! Posso resolver tudo com um pouco mais, ou menos de 20 passos! Quando crianças, meus filhos podiam ir e vir, pegar condução, chegar a qualquer hora sem perigo. Quando eu chegava da faculdade, tarde da noite, sempre havia o bar aberto, afastando a escuridão e o deserto da rua.
É verdade que algum barulho da rua chega a nós, filtrado, mas sempre presente. Por outro lado, vemos a mata e o Cristo Redentor bem de perto. Como é bom morar aqui!
Tenho uma amiga em São Paulo que vai trocar sua casa, em condomínio fechado, por um apartamento no mesmo bairro. O lugar é belíssimo. Os dois únicos edifícios da região sobem altivos deixando lá em baixo as confortáveis mansões de muros altos e jardins floridos. Tudo isso está plantado entre árvores centenárias e muito mais verde.
Ela me diz: “Ouça o silêncio. Aqui só se ouve o canto dos passarinhos e o sopro do vento na folhagem. O ar é puro...! Preciso disso depois de um dia intenso de trabalho e das horas perdidas na tensão do trânsito sufocante desta cidade.”
Concordo, e aprovo, mas não há nada por perto. Nenhum comércio, apenas casas, automóveis dos residentes com os vidros fechados, alguns desportistas correndo pelas calçadas, ou conduzindo cães em coleiras.
Com esta reflexão, desejo apenas ressaltar as diferenças de nossas necessidades. Assim como não há e nunca houve duas pessoas com os semblantes exatamente iguais, assim também são diferentes os nossos anseios.
Eu diria, com muita propriedade: Como é belo o mundo na sua diversidade. Gostaria , no entanto, que todo o ser humano, filho de Deus, tivesse a oportunidade de ir ao encontro de suas necessidades, de seus legítimos anseios. Seria bom e justo.
Agnes G. Milley
2 comentários:
AMÉM! Especialmente pelo último parágrafo!
Não tenho a mínima idéia de onde poderei morar dentro de alguns meses ou talvez até poucos anos, mas peço a Deus que onde Ele me indicar e permitir, que eu sinta a mesma PAZ DE ESPÍRITO e contentamento que você! Conhecí e gosto muito do seu apartamento! Perto de GENTE que é o mais importante, além de todas as conveniencias do bairro. Já morei no mesmo bairro há muitíssimos anos atrás, mas só de saber que você continua aí, não seria tão difícil eu me adaptar novamente, após tantos anos em outros lugares.
Abração!
Pat
Agnes, eu sou como vc, gosto de tudo por perto, o que acontece por aqui onde moro. Acho que facilita a vida e provoca menos estresse. Passarinhos tb ouço às vezes, a Tijuca tem muitas árvores e, da janela da frente, vejo os miquinhos andando pelos fios e desaparecendo aos pulos nas árvores! Agradeço a Deus por morar assim. Bj, querida!
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