(Conto de Kai Riedeman, recontado por Karin E. Stasch)
Numa pequena ilha no meio do mar havia uma aldeia. Numa das casinhas, logo atrás dos morros que protegiam a aldeia da maré alta, vivia um pescador com sua esposa e duas filhas. O velho saía todos os dias para pescar e quando voltava, era esperado pelas mulheres da ilha que compravam tudo o que trazia. Um dia, porém, o vento começou a assobiar alto, aumentando a sua força cada vez mais, tentando empurrar o mar por cima dos morros. Naquele dia o pescador ficou em casa, e contou três histórias para suas filhas. No segundo dia, vendo que era impossível sair, contou-lhes mais duas, no terceiro contou-lhes apenas uma e depois se calou durante o resto da semana. As pessoas na aldeia começaram a passar fome, mas sabiam que o velho poderia morrer se arriscasse a sua vida no mar tão agitado e feroz.
Na noite do sétimo dia as meninas decidiram sair e falar com o vento. De mãos dadas subiram o morro e chamaram bem alto:
“Vento, vento, por favor, pare um pouco de soprar e tenha piedade de nós!”
“Se quiserem que eu pare, terão que me dar o que tiverem de mais precioso!”
Assustadas, as meninas concordaram e apertaram as mãos dadas.
“Pois quero os seus nomes!”
As meninas escreveram seus nomes na areia e as ondas bateram com força na praia e o vento engoliu os nomes.
“E agora quero a sua voz!”
As meninas abriram a boca e o vento tomou-lhes as vozes.
“Por último quero as suas almas!”
As meninas olharam uma para outra e fincaram firmemente os pés no chão, apertaram
as mãos dadas, e com toda a força que tinham no seu coração, disseram NÃO! Em silêncio.
O vento soprou, assobiou, uivou, desfez-lhes as tranças, sacudiu seus vestidas, mas as meninas não deixaram que as derrubasse. E de repente, o vento parou, sumiu ...
As pessoas da aldeia acordaram para ver um mar tranquilo, o pescador saiu a buscar o alimento para todos. Mas nunca ninguém soube porque as meninas tinham emudecido e nem desconfiavam do ato tão corajoso delas. Uma pequena brisa que passa por lá de vez em quando me contou a história da ilha do jeitinho que eu contei a vocês.
Agnes G. Milley
sexta-feira, 19 de julho de 2013
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