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sexta-feira, 19 de julho de 2013

EmContando – 43 - O Vento na Ilha

(Conto de Kai Riedeman, recontado por Karin E. Stasch)

Numa pequena ilha no meio do mar havia uma aldeia. Numa das casinhas, logo atrás dos morros que protegiam a aldeia da maré alta, vivia um pescador com sua esposa e duas filhas. O velho saía todos os dias para pescar e quando voltava, era esperado pelas mulheres da ilha que compravam tudo o que trazia.  Um dia, porém, o vento começou a assobiar alto, aumentando a sua força cada vez mais, tentando empurrar o mar por cima dos morros. Naquele dia o pescador ficou em casa, e contou três histórias para suas filhas. No segundo dia, vendo que era impossível sair, contou-lhes mais duas, no terceiro contou-lhes apenas uma e depois se calou durante o resto da semana. As pessoas na aldeia começaram a passar fome, mas sabiam que o velho poderia morrer se arriscasse a sua vida no mar tão agitado e feroz.

Na noite do sétimo dia as meninas decidiram sair e falar com o vento. De mãos dadas subiram o morro e chamaram bem alto:

“Vento, vento, por favor, pare um pouco de soprar e tenha piedade de nós!”

“Se quiserem que eu pare, terão que me dar o que tiverem de mais precioso!”

Assustadas, as meninas concordaram e apertaram as mãos dadas.

“Pois quero os seus nomes!”

As meninas escreveram  seus nomes na areia e as ondas bateram com força na praia e o vento engoliu os nomes.

“E agora quero a sua voz!”

As meninas abriram a boca e o vento tomou-lhes as vozes.

“Por último quero as suas almas!”

As meninas olharam uma para outra e fincaram firmemente os pés no chão, apertaram
as mãos dadas, e com toda a força que tinham no seu coração, disseram NÃO! Em silêncio.

O vento soprou, assobiou, uivou, desfez-lhes as tranças, sacudiu seus vestidas, mas as meninas não deixaram que as derrubasse. E de repente, o vento parou, sumiu ...

As pessoas da aldeia acordaram para ver um mar tranquilo, o pescador saiu a buscar o alimento para todos. Mas nunca ninguém soube porque as meninas tinham emudecido e nem desconfiavam do ato tão corajoso delas. Uma pequena brisa que passa por lá de vez em quando me contou a história da ilha do jeitinho que eu contei a vocês.

Agnes G. Milley

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