Por Maria
Teresa Serman
Há alguns
dias li um artigo bem interessante de Marina Colasanti, com o título de Mãe pra
sempre, sobre o tema da maternização do amor que muitas mulheres dedicam a seus
maridos. Diz a autora que "faz parte do chip da mulher cobrir de mimos e
cuidados maternais o companheiro, como faz parte do chip dele aceitar todos os
agrados, saudoso do corpo a corpo amoroso com a mãe." E ela alerta que
"há riscos".
Muitas
mulheres, talvez a maioria, vêm com esse "chip" bem nutrido; outras,
com um tipo mais brando; raras, sem ele. Acontece com as que intensificam o
instinto maternal de origem de "incluir o marido no pacote dos
filhos", como muito bem definiu uma amiga nossa. O perigo é este: de essa
tendência maternal tornar-se subliminar, confortável, automática. Quando se
percebe, a "Grande Mãe" domina a relação conjugal e ameaça
principalmente a mulher, bloqueando o processo de sedução que deve sempre ser
alimentado entre os dois.
Continuando
com a escritora, há, em sua opinião, "mulheres aparentemente fracas e
doces (ou nem tão doces no exterior, diria eu) [que] cobrem seus homens de
cuidados maternais. Começam de leve, um detalhe aqui, uma coisinha ali (..) e,
aos poucos, como água que se infiltra, expandem suas atenções.(...). Tendo
reduzido a filho o homem que lhe havia chegado como marido, pode começar a
queixar-se de sua infantilidade.(...). Ele, dominado pelo inegável conforto de
ter uma quase mãe à sua disposição, esboçará pouca ou nenhuma reação."
Ela desenvolve
a teoria esclarecendo que essa atitude maternalizante pode ser uma forma de
poder, de controle, ainda que inconsciente. E o homem torna-se uma espécie
de "bebê gigante", sendo ela a única adulta do casal. Mais
ainda, ele pode procurar em outra a fêmea que já não vislumbra em casa.
Esse
alerta vale também para as mães superprotetoras, seja com os filhos ou com as
filhas. O equilíbrio é, como sempre, a melhor saída, separando e depurando
os afetos: filhos são filhos, não propriedades ou ursinhos carinhosos, e marido
é um homem, não um debiloide ou criança grande. Não há excesso de amor, a meu
ver, mas formas desviadas de expressá-lo, o que pode acontecer com qualquer
pessoa, mesmo com as melhores intenções. Devemos, então, estar sempre
vigilantes sobre o verdadeiro amor, aquele que liberta e amadurece.
2 comentários:
Esse foi um alerta muito importante, Tetê!
Já ví algumas vezes amigas chamarem a atenção do marido em frente dos outros, como se fosse FILHO, e eu morría de vergonha por ele, por estar numa situação dessas, só olhando ...imagine o próprio como deveria se sentir humilhado.
Lembrar que o mesmo alerta se aplica ao marido que infantiliza a mulher, chamando-a de "minha filha" invés de pelo nome, ou algum termo afetivo que usem entre sí...
Que coisa mais linda, a gente assistir o diálogo de um casal maduro, terno, respeitoso e cheio de admiração um pelo outro!
É verdade, Patrícia, faz bem à alma! Bj, MT
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