Por Maria
Teresa Serman
Oxalá é
uma palavra que tem dois significados no Brasil. Denomina uma entidade da
umbanda, um orixá responsável pela criação e procriação. Mas sua origem é
árabe, in shaa Allaah, significando "queira Deus","
tomara", expressando desejo de que algo aconteça, em nossa língua e o
mesmo no espanhol. Dentro do assunto deste texto, o mais específico seria
"quem dera eu....", denotando arrependimento, expectativas
inexequíveis quanto ao passado. Ou seja, complexo de museu, atitude mumificadora,
paralisante e pessimista.
A"mística
do oxalá", "ojalateira" no termo espanhol, foi brilhantemente
denunciada por S. Josemaria Escrivá, que aproveitava o trocadilho que seu
idioma propiciava, para acrescentar outra conotação: uma teoria feita de lata,
inconsistente, destrutível, sem valor. Trata-se do vício de pensar que alguma
coisa fundamental, ou várias, dependendo da morbidez da vítima, deveria ter
sido diferente em sua vida, o que a transformaria em uma maravilha, talvez uma
perfeição, julgam os pobres enganados.
"Oxalá
eu tivesse casado com o meu primeiro namorado"; "oxalá eu não tivesse
casado com esta mulher"; "Oxalá eu tivesse ficado solteiro";
"oxalá eu não tivesse tido filhos (ou não tantos, ou tão poucos)";
"oxalá eu não tivesse sido só dona de casa e mãe", "oxalá eu
tivesse dado mais atenção à família e menos ao trabalho": enfim, há
lamentações para todos os (des)gostos. É preciso tomar consciência, porém, de
que o passado já foi, o presente é agora e o futuro a Deus pertence, mas Ele
quer nossa participação com qualidade.
SEMPRE HÁ
TEMPO PARA MELHORAR, para ser feliz, para corrigir os erros, para deixar de
olhar para o próprio umbigo emocional e se mexer em direção aos outros. Essa
auto-piedade e vitimismo de ficar se arrependendo, sem tomar providências
concretas para mudar, nada mais é do que egoísmo e soberba - são uma dupla
terrível, não sei qual vem primeiro - , que conduz ao comodismo infeliz e
degradante que consome uma pessoa, contamina a família, o ambiente de
trabalho, a convivência social, e compromete perigosamente a alma.
O tempo
de ser feliz e grato ao Pai por todas as graças que nos concedeu é já. Ficar no
passado é andar para trás, regredir, em vez de avançar confiante na providência
divina, explorando ao máximo os talentos que Ele nos deu, e principalmente
enxergando que nossa vida valeu e vale a pena, os acertos superam os deslizes e
fracassos. Oxalá Deus continue a nos abençoar e correspondamos à altura. E
certamente vai ser assim.
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