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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Há quanto tempo vocês não vão a Paquetá?



Há poucos dias entrei no site da Ilha e fiquei positivamente surpreendida. Meu objetivo era descobrir mais um pouco sobre a história de Paquetá. Não consegui saber o que procurava, mas constatei que ensina tudo que se deve saber para fazer um bom passeio e passar um dia muito agradável. O site   informa horários das barcas e das Missas, dá sugestões de onde ir, o quê ver, como chegar a cada logradouro e muito mais. Gostei. É um site amigável. Sugiro apenas que evitem ir no domingo. As barcas e a ilha ficam muito cheias. 

Minha relação afetiva com Paquetá vem de longa data. Na década de 50 era nosso local de piquenique favorito. Pegávamos, quase de madrugada, o bonde 94 até o a Av. Presidente Vargas. Depois caminhávamos até as barcas e de lá até Paquetá tínhamos 2 horas para usufruir os encantos da Baía de Guanabara. O cheirinho do mar e o vento salgado desmanchando os cabelos aumentava nossa expectativa de chegar. A barca era grande e lenta. De cada lado girava uma enorme roda, revolvendo  a água que  caía com um ruído fresco, enquanto os motores zoavam ,exalando calor e cheiro de óleo. A barca avançava cortando as águas do mar, assustando pequenos cardumes de peixes prateados que saltavam no ar. 

A chegada era  festiva. Todos gritavam, riam e batiam palmas. Grossas cordas fixavam a barca ao cais e gentis marujos ajudavam crianças e velhinhos a desembarcar. Dar aquele pulinho da barca para o cais era um momento de segurar o fôlego. Com as ondas, a barca batia no cais e se afastava. As cordas rangiam e nós, crianças, com medo de cair na água, grudávamos os  pés no chão. 

A multidão se espalhava rapidamente pela ilha. Nós pegávamos o caminho à esquerda em direção a uma pequena praia escondida  debaixo de  árvores que se debruçavam sobre a areia. Uma trilha íngreme  nos deixava no pedacinho mais delicioso de Paquetá. Doces lembranças!

Em 1962, passei alguns dias na propriedade da família Darke de Mattos, hoje Parque Municipal. Da história pouco resta. É isso que me entristece. Dona Adélia, já idosa, morava  sozinha no casarão colonial a uma pequena distância do  belíssimo portão de ferro que ainda dá a medida do que a propriedade  era décadas atrás.  A casa já estava mal cuidada e tudo nela era decadente. Dona Adélia, apesar de sempre desarrumada, com seus densos cabelos grisalhos embaralhados, alta e forte, era uma figura imponente, inteligente e de vasta cultura. Conversamos muito. Não era muito benquista na ilha, talvez porque não tivesse papas na língua, nem dinheiro para  pagar impostos. Donos da Fábrica de Chocolates Behring,  já com muitos problemas, ou falida, não tinham como sustentar aquela fantástica propriedade . A antiga casa de hóspedes era agora uma modesta pousada anunciada num jornal do Rio. Foi assim que  os descobri. 

O casarão,  agora demolido, tinha sido palco de brilhantes festas da alta sociedade carioca. Convidados vips chegavam de helicóptero e os bailes viravam a noite com fogos de artifício e música ao vivo.
A Casa de Hóspedes não existe mais e os estreitos túneis embaixo do Mirante são apenas estreitos túneis. O site fala de mineração, mas me recordo da boca escura da entrada  fechada por grades  negras e grandes ferrolhos, mato  crescido por fora e histórias de escravos por dentro. Do resto, na Ilha, pouca coisa mudou.

 A Pedra da Moreninha conta uma bela história de amor entre um índio e uma formosa índia, além do romance “A Moreninha”. Está no site.

Sugiro que voltem lá num belo dia de sol e, se não conhecem Paquetá, vale a pena conferir. Também  voltarei, se possível, em breve.          
                                                          Agnes G. Milley

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