Por Maria
Teresa Serman

O texto
que inspirou este foi a já bem conhecida parábola, contada pelo Mestre, do Bom
Samaritano, ao responder a quem lhe perguntava qual era o seu próximo. Não
vamos reproduzi-la aqui, pois a maioria sabe ou pode recorrer ao evangelho: Lc
10,25-37. Só resta lembrar algo importante, que os judeus e os samaritanos
sequer se falavam, eram inimigos, e os dois principais personagens, o
homem assaltado e ferido e aquele único que o socorreu, pertenciam a esses dois
grupos respectivamente.
Portanto,
o samaritano não era alguém cotidianamente "próximo"; na
verdade,estava do lado oposto do que estava convencionado. Outros mais
indicados, social ou religiosamente, que passaram e o viram, ficaram
indiferentes ao seu estado deplorável. Então fica a proposta de descobrirmos
quem é o próximo que mais precisa de nós no momento, seja na família - o que
frequentemente passa despercebido -, seja no trabalho, na rua, nos ambientes em
geral.
Se
apurarmos nossa sensibilidade e abrirmos os olhos e os ouvidos da alma,
escutaremos os gritos de socorro de muitas pessoas. Pedidos de ajuda, conselho,
apoio, carinho, atenção, tudo que se inclui na palavra amor. Por sinal, isso
fica bem claro na frase a seguir, de Frei Luis de Granada, escritor castelhano:
“Debaixo do nome de amor, entre outras muitas coisas, encerram-se sobretudo
estas seis, a saber: amar, aconselhar, socorrer, sofrer, perdoar e edificar”.
A nossa
atitude não pode ser a de pensar que alguém mais fará isso. Não, a cada momento
e oportunidade vem-nos a graça especial para atuarmos. Passada a ocasião,
desperdiça-se a graça e não temos ideia do que mais se perde junto. Uma santa
audácia pode evitar situações graves, das quais não nos damos conta, mas Deus
sabe, por isso nos colocou ali e então.
S. João
Crisóstomo recomenda, com muita propriedade, essa presteza em servir ao
próximo:
“Cura-o
tu e não peças contas a ninguém da sua negligência. Se encontrasses uma moeda
de ouro, com certeza não pensarias: por que não a encontrou outro? Pelo
contrário, correrias para apanhá-la quanto antes. Pois deves saber que, quando
encontras o teu irmão ferido, encontraste algo que vale mais do que um tesouro:
a possibilidade de cuidar dele”
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