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quarta-feira, 26 de maio de 2010

O politicamente correto

Por Maria Teresa Serman
Há uma notável diferença na escolha entre empregar um substantivo e um adjetivo, quando nos referimos aos outros, e até a nós mesmos. É um detalhe de delicadeza, em que a maioria das pessoas não presta atenção. Uma coisa é dizer que alguém fez uma bobagem; soa bem mais ameno que chamá-lo(a) de bobo(a). Porque quando empregamos o primeiro, expressamos um momento; já no segundo caso qualificamos a pessoa e comprometemos nisso os nossos conceitos, embutindo uma análise a priori. Por aí chegamos facilmente ao preconceito.

PRECONCEITO - palavra politicamente incorreta, maldita e execrada em nosso tempo. Dessa condenação unânime derivam antagonicamente dois fatos: um bom, pois julgar o semelhante por estereótipos é nefasto e trouxe perdas irreparáveis para a humanidade. Por outro lado, a aversão atual a qualquer análise, muitas vezes classificada erroneamente como preconceito, deixa uma brecha perigosa a que tudo seja considerado normal, aceitável e até louvável, quando freqüentemente não o é. Medo de aprofundar na verdade ou respeitos humanos (não confundir com respeito ao ser humano) são os responsáveis por uma "bondade" que é sinônimo de fraqueza de princípios.

Não me entendam mal, não defendo a intolerância e abomino o preconceito de qualquer espécie. Penso, porém, que a mesma leviandade que embasou erros históricos anda travestida (Ih! Foi mal!) de musa politicamente correta em nossos dias. Não se pode discordar, não é permitido recriminar nada ou ninguém, somente o que os apóstolos da mídia consideram conservador, retrógrado ou "de direita". A maioria quer (re)ditar a moral e os mesmos que pregam a "liberdade de consciência" querem proibir a "liberdade das consciências".

Uma retrospectiva racional da história facilmente nos mostrará que a maioria, em épocas cruciais, ou foi levada de roldão por líderes carismáticos, de ambos os vértices ideológicos, ou compactuou com suas idéias em benefício próprio. Se o individualismo traz prejuízos ao indivíduo e à sociedade, a ditadura do "todomundopensaassim" também.

Cada um pode ter o comportamento sexual que bem lhe aprouver, e não devemos condenar, nem sequer criticar. Agora, quando uma moça ou um rapaz resolve se guardar até o casamento, aí não pode, é uma aberração, faz mal (Promiscuidade é que faz bem à saúde, como se pode observar!), podem ser ridicularizados à vontade, pois são anormais. Isso para mim é puro farisaísmo.

Outro ponto é classificar de homofobia o direito legítimo das famílias que não acham certo presenciar atitudes públicas explícitas e, na maioria das vezes, escandalosas, entre pessoas do mesmo sexo. Não se trata de condenar as pessoas, e sim de não aceitar tal comportamento como natural. Do jeito que está, a exceção virou regra.

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