Por Maria
Teresa Serman
Todo
mundo já ouviu e falou sobre São Nunca. Esse "santo", criado pela
verve popular, é uma ironia muito bem concebida. O dia de São Nunca é aquele em
que não vai acontecer um fato específico, por uma simples impossibilidade, mas
também por descaso, preguiça, incompetência, de alguém ou de um poder público.
É uma metáfora para a famigerada tendência humana de procastinar ou não
providenciar mesmo. São Nunca é o padroeiro do enganador.
E associo
essa definição a uma triste notícia, publicada em um jornal no domingo último,
sobre as condições de tratamento de distúrbios psíquicos infantis ou juvenis na
rede pública. Não são só insuficientes em médicos e assistência, mas cruéis,
pois nivelam todos os mais variados males, como TOC, Transtorno Bipolar, TDAH,
retardo mental, autismo e psicose infantil como depressão, por ser mais fácil
de tratar com remédios, sem auxílio de apoios importantes como terapia e
consultas regulares. Estas, no menor tempo, levam meses para
acontecer.
Assustador
é que psiquiatras e psicólogos infantis atribuem a incidência crescente de tais
problemas à antecipação de características adultas, como múltiplos compromissos
educacionais e sociais que são impostos a eles, com uma agenda inchada de
atividades informativas - sem espaço para brincadeiras comuns -, e festas cada
vez mais sofisticadamente adultas. Não se permite que crianças sejam somente
crianças, devem ser caricaturas do pai ou da mãe, ou de um ídolo pop ou
televisivo. É lamentável.
Hoje, dia
de Todos os Santos, porém, queremos destacar o positivo, a Comunhão dos Santos,
a salvação. Neste dia comemoramos os santos mais conhecidos, reverenciados em suas
próprias datas, quando reforçamos o pedido de intercessão junto à Ssma.Trindade
pelas nossas necessidades. Porém, o motivo da comemoração é principalmente
outra, mais ampla, mais, digamos, familiar.
Todos nós
conhecemos ou tivemos na família pessoas santas. Não boazinhas, inofensivas,
mornas. Refiro-me aos heróis anônimos para o mundo, sem a glória dos altares,
que, contudo, foram exemplares no seu amor a Deus e aos irmãos. Que venceram
desafios pela fé, alimentados pela esperança, contaminando os que com eles
conviviam com a caridade amável e acolhedora. Difundiam sempre o "bom odor
de Cristo", sem alardes, sem sair do seu lugar, do seu trabalho, no lar e
na sociedade. São alicerces das famílias, o sustentáculo da
humanidade.
Agradecemos
ao Senhor, especialmente hoje, pela felicidade de os termos conhecido ou ouvido
falar, e pedimos sua intercessão por nós, pelos nossos, por todos, lembrando de
modo urgente essas pobres crianças e jovens doentes que mencionamos antes. Que
os santos peçam por eles e por nossa capacidade de escolher melhor os
governantes.
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