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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

São Nunca e Santa (Des)Conhecida



Por Maria Teresa Serman

Todo mundo já ouviu e falou sobre São Nunca. Esse "santo", criado pela verve popular, é uma ironia muito bem concebida. O dia de São Nunca é aquele em que não vai acontecer um fato específico, por uma simples impossibilidade, mas também por descaso, preguiça, incompetência, de alguém ou de um poder público. É uma metáfora para a famigerada tendência humana de procastinar ou não providenciar mesmo. São Nunca é o padroeiro do enganador.

E associo essa definição a uma triste notícia, publicada em um jornal no domingo último, sobre as condições de tratamento de distúrbios psíquicos infantis ou juvenis na rede pública. Não são só insuficientes em médicos e assistência, mas cruéis, pois nivelam todos os mais variados males, como TOC, Transtorno Bipolar, TDAH, retardo mental, autismo e psicose infantil como depressão, por ser mais fácil de tratar com remédios, sem auxílio de apoios importantes como terapia e consultas regulares. Estas, no menor tempo, levam  meses para acontecer. 

Assustador é que psiquiatras e psicólogos infantis atribuem a incidência crescente de tais problemas à antecipação de características adultas, como múltiplos compromissos educacionais e sociais que são impostos a eles, com uma agenda inchada de atividades informativas - sem espaço para brincadeiras comuns -, e festas cada vez mais sofisticadamente adultas. Não se permite que crianças sejam somente crianças, devem ser caricaturas do pai ou da mãe, ou de um ídolo pop ou televisivo. É lamentável.

Hoje, dia de Todos os Santos, porém, queremos destacar o positivo, a Comunhão dos Santos, a salvação. Neste dia comemoramos os santos mais conhecidos, reverenciados em suas próprias datas, quando reforçamos o pedido de intercessão junto à Ssma.Trindade pelas nossas necessidades. Porém, o motivo da comemoração é principalmente outra, mais ampla, mais, digamos, familiar.

Todos nós conhecemos ou tivemos na família pessoas santas. Não boazinhas, inofensivas, mornas. Refiro-me aos heróis anônimos para o mundo, sem a glória dos altares, que, contudo, foram exemplares no seu amor a Deus e aos irmãos. Que venceram desafios pela fé, alimentados pela esperança, contaminando os que com eles conviviam com a caridade amável e acolhedora. Difundiam sempre o "bom odor de Cristo", sem alardes, sem sair do seu lugar, do seu trabalho, no lar e na sociedade.  São alicerces das famílias, o sustentáculo da humanidade. 

Agradecemos ao Senhor, especialmente hoje, pela felicidade de os termos conhecido ou ouvido falar, e pedimos sua intercessão por nós, pelos nossos, por todos, lembrando de modo urgente essas pobres crianças e jovens doentes que mencionamos antes. Que os santos peçam por eles e por nossa capacidade de escolher melhor os governantes.

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