"A
filiação divina deve estar presente em todos os momentos do nosso dia, mas deve
manifestar-se sobretudo se alguma vez sentimos com mais força a dureza da vida.
“Parece
que o mundo desaba sobre a tua cabeça. À tua volta, não se vislumbra uma saída.
Impossível, desta vez, superar as dificuldades.
“Mas
tornaste a esquecer que Deus é teu Pai? Onipotente, infinitamente sábio,
misericordioso. Ele não te pode enviar nada de mau. Isso que te preocupa, é bom
para ti, ainda que agora os teus olhos de carne estejam cegos.
“Omnia
in bonum! Tudo é para bem! Senhor, que outra vez e sempre se cumpra a tua
sapientíssima Vontade!”
A
FILIAÇÃO DIVINA não é um aspecto entre muitos da vocação do cristão: de algum
modo, abarca todos os outros. Não é propriamente uma virtude que tenha os seus
atos particulares, mas uma condição permanente do batizado que vive a sua
vocação. A piedade que nasce dessa nova condição do homem que segue os passos
de Jesus “é uma atitude profunda da alma, que acaba por informar a existência
inteira: está presente em todos os pensamentos, em todos os desejos, em todos
os afetos”. Se considerarmos atentamente os desígnios de Deus, podemos dizer
que todos os dons e graças nos foram dados para nos constituírem como filhos de
Deus, como imitadores do Filho até chegarmos a ser alter Christus, ipse
Christus, outro Cristo, o próprio Cristo.
Cada
vez temos de parecer-nos mais com Cristo. A nossa vida deve refletir a sua. Por
isso a filiação divina deve ser objeto da nossa oração e das nossas reflexões
com muita frequência. Assim a nossa alma virá a encher-se de paz no meio das
maiores tentações ou contratempos, pois viveremos abandonados nas mãos de Deus.
Um abandono que não nos dispensará do empenho por melhorar, nem de empregar
todos os meios humanos ao nosso alcance para lutar contra a doença, a penúria
econômica, a solidão..., mas que nos dará paz no meio dessa luta. A vida dos
santos, mesmo no meio de muitas provas, sempre esteve cheia dessa serenidade,
como deve estar a nossa.
A
filiação divina é também o fundamento da fraternidade cristã, que está acima do
vínculo de solidariedade que existe entre os homens. Nos outros, devemos ver
filhos de Deus, irmãos de Jesus Cristo, chamados a um destino sobrenatural.
Desta maneira, ser-nos-á fácil prestar-lhes essas pequenas ajudas diárias de
que todos necessitamos e, sobretudo, indicar-lhes amavelmente o caminho que
leva ao Pai comum.
A
nossa Mãe Santa Maria ensinar-nos-á a saborear essas palavras do Salmo II que
líamos no começo desta meditação, e a considerá-las como realmente dirigidas a
cada um de nós: Tu és o meu filho, Eu hoje te gerei."
Extraído
de uma meditação de Falar com Deus, de Carvajal
2 comentários:
A releitura agora deste texto profundo e consolador, me trouxe a força para neste momento enfrentar um desafio importante.
Obrigada MEU DEUS!
Olá Patricia, Deus sempre nos dá a força no momento certo. Basta confiar e por os meios.
Bjs
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