Eu fui uma criança bem medrosa, tinha medo nem sei do que, e muitas vezes esse medo me deixava horas a fio a noite sem dormir, imaginando coisas, dos barulhos que ouvia. Tudo era razão para ter medo. Isso foi uma coisa que me incomodou por muito tempo na infância, e início da adolescência. O medo do escuro era um dos maiores medos, ninguém se importava muito com isso e recebi muitas broncas por esta razão.
Carreguei comigo tudo isso para a vida adulta, e procurei dar aos meus filhos apoio em seus medos noturnos, e a tentar fazê-los entender que todos eram infundados. O medo é algo que precisa ser desmistificado, com calma e carinho.
Como mãe me considero bem exigente, às vezes até meio durona com as crianças, mas no quesito medo, sempre fui mais complacente.
Deixar a criança ficar na nossa cama, vez ou outra, por conta do medo após um sonho ruim e agitado, não faz mal nenhum para a educação deles. Ter uma luz acesa durante a noite, na casa, para que se sintam mais seguros ao acordar pela madrugada ou até mesmo para pegar no sono a noite pode ser uma pequena coisa, mas com certeza dará segurança e conforto ao filho mais sensível.
Cada filho meu já teve sua fase de medos, e já superaram e seguiram bem em suas vidas. Com certeza bem melhor do que eu na mesma fase da vida. Não critico meus pais, tiveram seu modo de educar, mas não quis repeti-lo com meus filhos. Preferi optar por atendê-los sempre que choravam, por acalentá-los para que dormissem mais calmos, a levantar durante a noite para cobri-los e fechar ou abrir uma janela, caso estivesse calor ou frio demais.
Tudo isso deu trabalho, mas a noite sempre foi um tabu para mim, e não queria que fosse o mesmo para as crianças. Talvez, com isso, eu tenha até passado um pouco dessa ansiedade para alguns deles. Só sei que conforme iam crescendo, abdicavam da luz acesa, e para minha surpresa preferiam a escuridão para dormir melhor.
Ainda tenho uma menor que ainda não lida tão bem com seus medos, e vez ou outra aparece em nossa cama para se sentir mais segura e dormir melhor. Vamos trabalhando com ela as razões desta insegurança e, a luz do dia conversamos mais sobre isso. Ela é muito sensível, coisas que para muitos não importa, para ela faz toda a diferença, como assistir um filme violento ou de terror, ou ler um livro que contenham assuntos surreais e macabros, leitura esta imposta pela grade curricular da escola. Como se essa leitura fosse essencial para sua formação intelectual mais profunda.
Comecei a escrever sobre este assunto, justamente por sugestão dela, o propósito seria para que eu falando aqui ajudasse a outras mães a ver com mais atenção esses detalhes de seus filhos. Como conheço muitas mães, jovens, com filhos pequenos, resolvi deixar essa pequena reflexão, para que cuidassem com mais atenção dos choros dos seus bebês, não se importassem tanto em torná-los independentes desde tão tenra idade, com métodos educativos impostos por uma nova leva de profissionais da área, mas que deixassem seus corações e suas intuições falarem mais alto. Coração de mãe precisa ser aberto e receptivo sempre.
Quem já não teve seus medos?
Um comentário:
Que bom ter mães assim que nos ajudam a controlar medos infundados na infância, pra que no futuro tenhamos iniciativa própria pra lidarmos com "medos justificados"... ou alguma angústia inevitável da vida. A gente "segura na Mão de Deus, e vai"!
Abração,
Pat
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