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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

EmContando – 67 - A BOA NOVA

Artur da Távola

Evangelho quer dizer boa nova. Natal quer dizer advento, chegada, direito à vida. Peço pausa. Um dia. Uma antevéspera, hoje, do advento. Mais uma crônica de Natal. Permitam-me.

Milhares de profissionais diariamente lutam por levar ao próximo as “novas”, boas e más, do que o homem vai gestando na trilha do tempo. São os profissionais da comunicação. A palavra vem do latim “communis”. Quer dizer comum. O Evangelho trouxe a boa nova da mensagem de um Ser que veio ao mundo comunicar-se com os demais, isto é, tornar-se comum, entrar em “comunidade” com eles, parar isso sugerindo a única e eterna forma de fazê-lo: amar.

Não há outra. Jamais se comunicará o profissional que não amar o próximo e a eles prodigalizar o que de melhor tenha e possa. Jamais se comunicará o profissional incapaz de estabelecer uma “comunidade” com o público.

Cristianismo e comunicação são, pois, temas eminentemente relacionados. O comunicador é o evangelizador da era eletrônica. Ele carrega a “boa nova” usando a tecnologia de que dispõe. Ela está na arte, na notícia, na emoção, na representação, na música, na imagem, na letra de forma.

O Evangelho do comunicador ou tem por finalidade o amor ao próximo com todas as suas mil faces, ou jamais se realizará, por não conseguir entrar em estado de “comunidade” com o receptor. Estabelecer “comunidade” é ser igual ao próximo em suas aspirações e sentimentos. É vivê-lo profundamente. É tê-lo dentro de si.

Que outra lição fundamental deixou a vida do Cristo senão a da profunda capacidade de viver o próximo como a si mesmo? Que outra é a capacidade de comunicar-se senão a realização integral dessa lição do Cristo?

Carregar o próximo dentro de si é entrar em comunhão com ele. Comunhão tem a mesma raiz linguística de comunicação. Representa a integração com o Ser através de sua entrada em nós. 
Comunica quem entra em comunhão. Entra em comunhão quem ama. Ama quem comunica e vive a lição do Cristo. Evangeliza quem leva a boa nova aos povos. A boa nova é o amor.

Às margens do Tiberíades, Cristo e seus discípulos entravam em comunhão através da linguagem oral. Depois os evangelistas codificaram, para os séculos, as mensagens dessa comunhão (comunicação).

Hoje a comunicação dos povos se dá através da multiplicação de circuitos eletrônicos que cobrem o mundo numa vasta rede de comunicação. As mensagens chegam a milhões. É a eletrônica, a informática, a cibernética. Um de seus pais, Norbert Wienert disse: “Modificamos tão radicalmente nosso meio ambiente que devemos agora modificar-nos a nós mesmos para poder viver nesse novo meio ambiente”.

Que maior modificação podemos impor-nos, senão  a de amar ao próximo para com ele entrar em comunhão diária? Que é amar ao próximo senão a ele dedicar o melhor do que temos e somos, o que só é possível através da conscientização de nossa pequenez e miserabilidade? Reflexão profunda e revolucionária como esta é a que foi comunicada aos homens pelo Ser cujo advento à Terra comemoramos com o Natal.

Crônicas – mevitevendo  SALAMANDRA Consultoria Editorial Ltda. Rio de Janeiro RJ 1977
Queridas e queridos leitores de EmContando,

Embora já tenhamos comemorado até a chegada o Novo Ano, ao encontrar essa crônica de Artur da Távola veio-me o desejo irresistível de compartilhá-la. Voltei até o Natal, até o Presépio, e pensei na atualidade das palavras do cronista. Li-as três vezes. Gostei tanto que não pude deixar de comunicá-las a vocês. Podemos levá-las conosco por todo 2014.

Tenham todos um Ano abençoado com muita alegria e paz. Abraços. Agnes G. Milley

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