Por
volta de seus quatro anos de idade, minha linda bonequinha tornou-se uma
criança chorona e birrenta. Devo confessar que não foram poucas as ocasiões
em que ela conseguiu entornar minha paciência. O verbo que melhor
conjugava, tanto na forma afirmativa como na negativa era “querer”. “Quero...”, Não quero ...” eram seus refrões preferidos.
Um
dia cheguei em casa fervendo por dentro.
Acabara de voltar de uma reunião que só me causou decepção e raiva. Minha esperta menininha deve ter
percebido a má disposição de sua mãe e logo aprontou! Dali pra frente foi só birra!
Penitencio-me
até hoje por ter passado dos limites ao
tentar “discipliná-la”. Fui dura demais!
Entrei no meu quarto e chorei. Chorei
muito! Definitivamente, não sabia nem como educá-la nem
como controlar me.
Até
então não havia me lembrado de pedir ajuda a Deus em tais situações. Pedi e
esperei. A resposta veio em forma de pergunta:
“Afinal, qual de nós duas era a mais velha? Qual de nós duas
deveria mudar o modo de agir ou de
reagir? De quem deveria partir o primeiro passo? Dela? De forma alguma.
No
dia seguinte procurei um ombro amigo. Dona Lubélia, como uma boa mãe, sorriu
com doçura, pôs a mão no meu braço e
simplesmente disse: “Filha, uma só coisa é necessária. Olhe sua filha bem nos
olhos e deixe-a entender o quanto você a
ama.”
Não
sei dizer que práticas educativas eu adotei depois disso,
porque não me lembro. Isso foi há tanto tempo
e a vida era tão difícil! Tenho certeza, porém, de uma coisa: a sabedoria divina me guiou
e fez-me intuir os próximos passo. O fato de estar mais relaxada e confiante tornou tudo mais fácil.
A menininha cresceu, tem um menino de 4 anos,
e a história se repete. Meu neto também
é birrento, mas agora não sou eu quem procura as respostas. A mãe tenta
espelhar-se na Super-Nanny da TV
e sabe também quanto os educadores modernos insistem na importância de se usar
de firmeza, persistência e sobre tudo de muita coerência. Desenvolver empatia com a criança é essencial.
Procurar colocar-se no lugar de seu menino, de sua menina e tentar compreender
os seus motivos é imprescindível. Aí
sim, ser firme, persistente e muito coerente pode fazer a diferença. Que o Sim seja sim e o Não seja não, com muita coragem e amor.
Dizem que na casa de vovó “pode tudo”, mas não
é bem assim. Distraímos os pequenos
e com muito jogo de cintura tentamos tirá-los do foco da birra antes que ela vire um episódio. Contudo, temos a consciência
de que a posição de vovó é bem mais confortável.
Comentário: Mamães de muitos filhos teriam muito
mais que dizer a esse respeito, com toda
a certeza. Só podemos admirá-las e com a
nossa solidariedade desejar que acertem os passos com seus pequenos ditadores.
Agnes G.
Milley
Um comentário:
Agnes, seu texto transborda de sabedoria e delicadeza! Quem a conhece entende perfeitamente que seja assim. Mães de muitos filhos, mães de poucos, de um, tomara que aprendamos a lição de amor da sua mãe, que você tem seguido, para alegria dos que convivem com a filha da D.Lubélia, filha exemplar, diga-se de passagem. Bj, MªTeresa
Postar um comentário