Meus queridos leitores e
leitoras,
Hoje, me dirijo, especialmente, a meus
leitores do gênero masculino, uma vez que daqui a poucos dias comemoraremos o DIA
DOS PAIS. É provável que minhas
leitoras precisem achar a história
primeiro, e mostrá-la a eles, mas desde
que todos a leiam, será sempre lucro.
Presenteio vocês, com mais uma das exemplares histórias
de meu querido professor Francisco Gregório Filho. Ele fala de seu avô, mas
penso que a história vai agradar também a pais e filhos, pois os pais de hoje
em breve poderão vir a ser avôs e os avôs já são pais de seus filhos. O título
do relato é :
Acervo Cambiante
A natureza humana é muito complexa, meus
netos, muito complexa. Não sei da complexidade dos animais, sei da complexidade
do ser humano. Cada um é cada um. Cada indivíduo tem uma história para contar
diferente da do outro. Cada pessoa constrói sua história singularmente. Ninguém é igual a ninguém. Somos
todos semelhantes e diferentes.
Meu avô reuniu os netos para
falar das diferenças. Explicava as diferenças. Percebi, tempos depois, que ele
falava também sobre as desigualdades. Meu avô contava histórias de seus
companheiros de trabalho, sobre suas diferenças, as diferentes oportunidades
para melhorarem de vida e as dificuldades de alguns em aproveitar essas
oportunidades. Em algumas delas, era necessário um grande esforço, um muito
caminhar a que alguns não se adaptavam ou que não privilegiavam, desistindo.
Não por falta de interesse, e, sim, por falta de condições reais, mínimas, para
lograr essas melhorias.
Às vezes, meus netos, as
dificuldades não são tão transparentes, são ocultas e merecem ser consideradas
por quem quer compreender as mulheres e os homens. E saber as diferenças é necessário
para melhor se conviver e partilhar as coisas boas deste mundo.
Um dia, meu avô trouxe para casa
uns cadernos escritos a mão. Mostrou para todos nós. Em cada caderno
percebíamos uma letra diferente. Depois, soubemos pelo avô que não só as letras
eram diferentes, mas as histórias que
ali estavam escritas também. É que meu avô tinha estimulado seus companheiros
de trabalho a escreverem histórias. Comprara
alguns cadernos em branco e presenteara, pedindo que escrevessem como quisessem
suas histórias, sem nenhuma preocupação crítica.
Pois ali estavam alguns desses
cadernos, recheados de histórias. Diferentes e semelhantes. Um acervo.
Interessante é que, além dos textos, alguns ousaram nessas páginas: desenharam
paisagens, casas, ruas, praças, rios, rostos e objetos de estimação. Outros
colaram fotografias de pessoas queridas, de encontros e desencontros , de
passeios e seus próprios retratos. Cada
revelação! Cada depoimento! Um repertório de narrativas sobre a participação de
cada um em suas trajetórias de vida, que foram constituindo memórias afetivas
pessoais e sociais, de diferentes tempos e espaços.
Nessas reveladoras páginas,
constavam os sofrimentos, as tristezas, os conflitos individuais, os sonhos, as
esperanças, os desencantos, as ausências e muita alegria. Um transbordar de
vivências e lutas. Os olhos de meu avô gotejavam sobre muitas páginas, enquanto
lia para nós, com a voz embargada.
Meu avô também escreveu seu
caderno, só revelado depois de sua viagem. Qualquer dia eu conto o que ele
deixou escrito nesse caderno, que hoje integra meu acervo. Pois acreditem, meu
avô também presenteou os netos com esses cadernos em branco.
Eu também ganhei um, onde escrevo
minhas anotações, que agora são do conhecimento de vocês. Boas revelações,
complexas e cambiáveis.
Comentário:
Escolhi essa história porque
acredito que nós: mães, pais, avós, avôs, tias e tios pouco revelamos sobre nós
mesmos para nossos jovens. Eles pouco nos conhecem. A vida é corrida e não nos
reunimos com freqüência para contar
casos e relembrar histórias de “família”. Será que nos damos a conhecer ? Será que eles ficam
sabendo de nossas e de suas raízes?
Com meu carinho,
FELIZ DIAS DOS PAIS.
AgnesG.Milley
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