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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Acervo Cambiante - história para os pais


Meus queridos leitores e leitoras,
 Hoje, me dirijo, especialmente, a meus leitores do gênero masculino, uma vez que daqui a poucos dias comemoraremos o DIA DOS PAIS.  É provável que minhas leitoras  precisem achar a história primeiro, e mostrá-la a eles, mas  desde que todos a leiam, será  sempre lucro.

 Presenteio vocês, com mais uma das exemplares histórias de meu querido professor Francisco Gregório Filho. Ele fala de seu avô, mas penso que a história vai agradar também a pais e filhos, pois os pais de hoje em breve poderão vir a ser avôs e os avôs já são pais de seus filhos. O título do relato é :
Acervo Cambiante  

 A natureza humana é muito complexa, meus netos, muito complexa. Não sei da complexidade dos animais, sei da complexidade do ser humano. Cada um é cada um. Cada indivíduo tem uma história para contar diferente da do outro. Cada pessoa constrói sua história singularmente. Ninguém é igual a ninguém. Somos todos semelhantes e diferentes.

Meu avô reuniu os netos para falar das diferenças. Explicava as diferenças. Percebi, tempos depois, que ele falava também sobre as desigualdades. Meu avô contava histórias de seus companheiros de trabalho, sobre suas diferenças, as diferentes oportunidades para melhorarem de vida e as dificuldades de alguns em aproveitar essas oportunidades. Em algumas delas, era necessário um grande esforço, um muito caminhar a que alguns não se adaptavam ou que não privilegiavam, desistindo. Não por falta de interesse, e, sim, por falta de condições reais, mínimas, para lograr essas melhorias.

Às vezes, meus netos, as dificuldades não são tão transparentes, são ocultas e merecem ser consideradas por quem quer compreender as mulheres e os homens. E saber as diferenças é necessário para melhor se conviver e partilhar as coisas boas deste mundo.

Um dia, meu avô trouxe para casa uns cadernos escritos a mão. Mostrou para todos nós. Em cada caderno percebíamos uma letra diferente. Depois, soubemos pelo avô que não só as letras eram diferentes, mas as histórias  que ali estavam escritas também. É que meu avô tinha estimulado seus companheiros de trabalho a escreverem histórias.  Comprara alguns cadernos em branco e presenteara, pedindo que escrevessem como quisessem suas histórias, sem nenhuma preocupação crítica.

Pois ali estavam alguns desses cadernos, recheados de histórias. Diferentes e semelhantes. Um acervo. Interessante é que, além dos textos, alguns ousaram nessas páginas: desenharam paisagens, casas, ruas, praças, rios, rostos e objetos de estimação. Outros colaram fotografias de pessoas queridas, de encontros e desencontros , de passeios e seus próprios  retratos. Cada revelação! Cada depoimento! Um repertório de narrativas sobre a participação de cada um em suas trajetórias de vida, que foram constituindo memórias afetivas pessoais e sociais, de diferentes tempos e espaços.

Nessas reveladoras páginas, constavam os sofrimentos, as tristezas, os conflitos individuais, os sonhos, as esperanças, os desencantos, as ausências e muita alegria. Um transbordar de vivências e lutas. Os olhos de meu avô gotejavam sobre muitas páginas, enquanto lia para nós, com a voz embargada. 

Meu avô também escreveu seu caderno, só revelado depois de sua viagem. Qualquer dia eu conto o que ele deixou escrito nesse caderno, que hoje integra meu acervo. Pois acreditem, meu avô também presenteou os netos com esses cadernos em branco.

Eu também ganhei um, onde escrevo minhas anotações, que agora são do conhecimento de vocês. Boas revelações, complexas e cambiáveis.
Comentário:
Escolhi essa história porque acredito que nós: mães, pais, avós, avôs, tias e tios pouco revelamos sobre nós mesmos para nossos jovens. Eles pouco nos conhecem. A vida é corrida e não nos reunimos com freqüência  para contar casos e relembrar histórias de  “família”. Será que  nos damos a conhecer ? Será que eles ficam sabendo de nossas e de suas raízes?
 Com meu carinho, FELIZ DIAS DOS PAIS.                                                                                                                                               AgnesG.Milley

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