"CONTA‑SE
DE UMA ALMA santa que, ao ver como todos os acontecimentos lhe eram
contrários e que a uma prova se sucedia outra, e a uma calamidade um desastre
ainda maior, voltou‑se com ternura para o Senhor e perguntou‑lhe: Mas,
Senhor, que foi que Te fiz?, e ouviu no seu coração estas palavras: Amaste‑me.
E encheu‑se de uma grande paz e alegria. "
Quantas
vezes, em nossa vida, hoje, ontem, há pouco tempo atrás, nos pegamos
interrogando a Deus, sem entender o que fizemos para merecer este grave
problema, aquela perda, uma contradição que nos faz sofrer? A resposta desse
texto acima é exemplar: amamos a Cristo tão de perto, que Ele nos concede a
graça de experimentar, também de pertinho, a Cruz. Não uma cruz qualquer, mas a
especial, que nos leva a imaginar, e sentir na nossa pobre medida humana, se
aprofundamos, a dor que Ele quis oferecer pela nossa salvação, e que podemos
ofertar em holocausto exangue pelos que queremos redimir. Santa Teresa, que tinha
visões e conversas místicas com o Senhor, e a quem Ele não poupava em
exigências de viajar incansavelmente, mesmo com a sua saúde precária, para
reformar e fundar conventos carmelitas, chegou a fazer um comentário mordaz,
bem de acordo com seu temperamento forte. Ao reclamar do quanto Ele lhe exigia,
sem ao menos curar suas enfermidades, ouviu a resposta: "Teresa, é assim
que eu trato os meus amigos." A santa retrucou: "Por isso é que
Tu tens tão poucos amigos!"
Ser
"amigo" de Jesus Crucificado não é fácil, mas seu "jugo é suave
e sua carga é leve". Não será assim se nos conformarmos, porém, em aceitar
resignadamente as cruzes. CRUZES, não contratempos, contrariedades comuns; isso
também é utilíssimo para se oferecer, mas não são cruzes propriamente. Jesus
não se contenta com medíocres, com afiliados, simpatizantes, admiradores à
distância. Ele demanda cirineus, que não só carreguem mas que se preguem junto
com Ele na Cruz Redentora. Não é pouca coisa, não!, como se diz popularmente. É
necessário ser herói, heroína, rasgar o coração e abri-lo para Deus e o
próximo.
Falando
assim soa dramático, tonitroante, exagerado. Então é preciso destacar que esse
heroísmo, que pode parecer assustador e distante da realidade, está, pelo
contrário, bem entranhado nas pequenas coisas de cada dia, além das grandes que
possam advir. Os pregos que forem enviados são cotidianos, comuns, entram na
alma como conta-gotas ou estiletes, tanto faz. Em comum têm todos, de qualquer
espécie, origem, tempo, o amor preferencial de Cristo por aqueles que se
dispõem a acompanhá-lo nas pregações pelos caminhos, nos banquetes,
no Tabor, na Última Ceia, no Getsêmani, no Calvário. Sem
choramingar, sem vitimismo, com a alegria "dos que se sabem Filhos de Deus",
que NUNCA lhes falta. S.Josemaria destacava que "quando parece que tudo
vem abaixo, nada vem abaixo", porque "Deus não perde batalhas."
Que fique
bem claro: esta é uma mensagem de otimismo, de esperança sobrenatural, de
alegria. Sua finalidade é compartilhar e contagiar os corações com o Amor,
porque sem Ele nada é possível, nada é bom, nada traz a verdadeira felicidade
que se projeta para a vida eterna. Que os nossos dias sejam iluminados pela luz
que não se pode esconder debaixo da mesa; nossa vida temperada com o "sal
da terra", nós mesmos, que nos alimentamos do Pão do Céu ; que mundo e os
que nos rodeiam sejam envoltos na massa fermentada por um elemento fundamental
que inflama e desaparece, o Amor de Deus. E que, principalmente, não tenhamos
medo à Cruz, porque sem Ela nada pode dar certo.
Um comentário:
Que alento nos traz essa mensagem de Jesus...
É tão bom, no cansaço da luta de tentarmos nos desprender de nós mesmos e nos entregarmos inteiramente a Deus, saber que é nessas horas mais difíceis que Ele está mais presente do que nunca ao nosso lado.
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