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quinta-feira, 16 de maio de 2013

A decisão de Angelina Jolie e o futuro da medicina


Ontem o mundo ficou sabendo que a atriz norte-americana, Angelia Jolie, decidiu remover, de forma preventiva, os dois seios devido a uma mutação genética que faria com que ela tivesse uma alta probabilidade, entre 80% a 85% (nem sempre o risco é tão alto) de vir a ter câncer de mama. Jolie procurou o exame porque a mãe havia morrido jovem com menos de 60 anos de câncer de mama.

A questão que muitos colocam é: a genética vai mudar o modo como se pratica a medicina?

Certamente sim, no entanto este tipo de caso pode gerar dúvidas e inquietações. Uma mulher deve fazer teste de gene BRCA1 defeituoso? E caso tenha a mutação deve fazer a operação que fez Angelina Jolie?

Muito se falou sobre o assunto nestes dias e ouvimos várias opiniões de especialistas. Não há ainda um consenso, mas parece que para mulheres que tenham mais de um membro da família próximo com câncer de mama pode ser útil fazer o teste e caso haja o defeito no gene discutir com o médico o que fazer.

Mas deixemos a Angelina Jolie de lado por um tempo para concentrarmos numa questão mais ampla: você gostaria de saber com 10 ou 20 anos de antecedência que pode vir a ter uma doença grave?

O "pode vir a ter" diz respeito ao fato de que muitas mutações ou defeitos genéticos indicam uma predisposição à doença e não uma certeza de que se vai adoecer.

Um amigo, que tinha vários parentes com doença de Alzheimer, depois de saber do meu trabalho com este assunto, perguntou se valia a pena testar se ele tinha a forma genética ApoE4 que é um marcador de tendência à doença de Alzheimer. Eu lhe disse que o teste era relativamente barato, para o padrão aquisitivo dele, mas será que aos 40 anos ele gostaria de saber que poderia vir a ter uma doença aos 70?

Penso que os testes genéticos devem ser usados com acompanhamento médico, em casos que sejam realmente indicado. Por exemplo: um paciente com depressão que tenha um baixo nível de VEGF provavelmente não irá responder a tratamento com medicamentos como Fluoxetina, Sertralina e outros conhecidos como SSRI e portanto é uma informação útil para o psiquiatra ou clínico geral. Infelizmente este teste ainda é muito caro.

A genética se bem usada pode conseguir uma medicina mais personalizada, o caso Angelina Jolie mostra um exemplo disto e serviu para um debate sobre o assunto que é positivo mas deve ser visto com cautela.

3 comentários:

Patricia disse...

Penso que é claro que a CIÊNCIA VERDADEIRA, consciênte da sua função social, deve oferecer todas as ajudas possíveis, através de pesquisas sérias, para o bem estar dos homens.

Mas, a meu ver, a PERGUNTA que também se deveria fazer, além da previsão de a pessoa poder vir a ter tal ou qual doença, se deve-se extirpar o MEMBRO DOENTE, ou não, deve INCLUIR sim, a FÉ.

Porquê querer saber QUANDO e de QUÊ MAL se morrerá, não apenas no plano meramente da CURIOSIDADE HUMANA, mas também porque NÃO É O HOMEM nem a CIÊNCIA que dita esse assunto.

Se todos nós nos preocupassemos em SEGUIR O CAMINHO da FÉ EM CRISTO, e a ACEITAR SUA VONTADE, metade das nossas preocupações se diluiriam pelo simples fato, de que não adianta sair cortando fora os órgãos por conta de uma pesquisa ATUAL. E SE OUTRAS PESQUISAS NO FUTURO VIESSEM A NEGAR A VERACIDADE DESTA ATUAL? Bastaria ser descoberta uma medicação específica para tratar determinada doença, e as pessoas poderiam ficar curadas...O que fazer após já se ter extirpado alguns órgãos? FICA A DÚVIDA...se tenho alta probabilidade de vir a ter um CÂNCER NA PERNA, vou cortá-la, sem esperar para ver se há uma possível cura, ou tratamento paliativo que prolongaria com menos desconforto essa possível dor, digamos, 10 anos ANTES do fato Acontecer? SE ACONTECER???

Liana Clara disse...

Minha grande dúvida é até que ponto a ciência poderá controlar a vida. Ironicamente, muitas pessoas morrem a procura de mais vida. Numa cirurgia preventiva.
Já o exame para o Alzheimer, acho que é bem mais produtivo, pois serviria para antecipar um tratamento, não invasivo, para a possível doença.

Bem, eu não sei se isso é coragem demais ou medo demais, que levou a atriz a uma atitude extrema e que não vai parar por aí, ouvi dizer que a próxima será tirar útero, ovários e trompas....

Patricia disse...

Liana, também concordo com a necessidade de mais pesquisas sobre prevenção para males "não mortais" . Lembro daquele ator que fazia o papel de Super-Homem, e que morreu muuuuuuuuuuito tempo depois de ter ficado tetraplégico numa queda de cavalo.

Esse tempo de vida que lhe sobrou, ele dedicou à se tornar "material" para adiantar as pesquisas para doenças graves e mortais. Deu um exemplo de FRATERNIDADE, oferecendo seu corpo doente para experimentarem as drogas que iam se descobrindo com o tempo, e através das suas reações físicas aos medicamentos, as pesquisas se adiantaram. Isso, sim, me parece um uso muito sensato e generoso para que outros vivam mais e melhor.

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