Queridas amigas e queridos amigos,
Meus dois pequenos trabalhos que envio hoje foram publicados na coletânea de poesias, crônicas e contos SIM PRO RIO organizada pelo professor Caio Trindade. O livro foi uma realização do Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro em 2005.
TRANSBORDAMENTO
Que fazes?
Escrevo
O que escreves?
Histórias
Histórias? que histórias?
Minhas e tuas
Vais ficar rico?
Não
Famoso?
Também não
Então por que escreves?
Escrevo porque transbordo
Transbordas? como o rio?
Sim, como o rio depois da chuva:
Ele recolhe, arrasta, revolve tudo que encontra
E depois?
Depois ele se recolhe e deixa, na margem, um pouco do que trouxe
E tu?
Eu deixo, no papel, um pouco de tudo que a vida me deu.
Agnes G. Milley
AMOR IMPOSSÍVEL
Sentada confortavelmente em sua poltrona preferida, cobriu o
s joelhos, com recato, e com as mãos ajeitou os cabelos. Estaria sempre bonita para ele. Nos lábios trazia um sorriso alegre e reservava, unicamente para aquela hora tão especial, um brilho intenso no olhar. Ele chegava pontualmente às oito horas da noite todos os dias. Menos um. Ela não compreendia, mas também não perguntava. Ele falava e ela ouvia. Conversavam. A despedida era sempre solene:
“Boa noite e até amanhã.”
“Boa noite”, respondia ela, já saudosa.
Ela, 80 anos de idade. Ele, talvez 40.
Ela, portadora de Mal de Alzheimer. Ele, apresentador do Jornal Nacional.
Agnes G. Milley
Um comentário:
Adorei seus 2 trabalhos! Lindos de VIVER!
Lembro que meu avô tb. respondia ao reporter que quando se despedia do público ouvinte, desejando um BOA NOITE A TODOS, meu avô respondia: Obrigado! Lembranças aos seus tb.!
Ele não estava com Alzheimer, mas era muito brincalhão, e vivia levando bronca da minha avó por isso! rs rs rs
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