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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sujeita a admiração ou objeto de desejo?

Por Maria Teresa Serman

Há pouco tempo, um grupo de mulheres organizou um marcha de protesto a que chamaram com extrema infelicidade, mas verdadeiramente, "Slut Walk" - Caminhada das Vadias -, em protesto contra comentários policiais que, segundo elas, transferiam para as vítimas de estupro parte da responsabilidade do crime, pelo modo como andavam vestidas. Depois, em um debate televisivo, uma das debatedoras destacou que as mulheres realmente estão pedindo que olhem para elas como objeto sexual, e não como uma mulher digna de respeito, ao que outra retrucou: - E que mal há nisso?

É uma atitude contraditória, para dizer o mínimo, querer ser respeitada e não se dar ao respeito. Sempre enfatizei esse ponto crucial para minhas filhas, e alunas, quando preparava estas últimas para entrevistas de estágio e emprego. Dizia-lhes que deviam considerar se o seu "modelito" era "quero que me devores" ou "quero que me admires". É preciso decidir, colocar-se diante das duas possibilidades: ser descartável ou durável; despertar desejo ou admiração, respeito, amor, enfim.

Li um depoimento de uma senhora que atua na catequese de adolescentes em que ela revela sua descoberta, assustadora para ela mesma, de que as jovens não têm consciência do que estão despertando nos homens. Ingenuidade ou ignorância, de qualquer jeito é péssimo, sinal de um trabalho muito mal feito pelos próprios pais, mais pelas mães, inegavelmente. Mas o que esperar, se as mulheres maduras estão querendo bancar jovenzinhas com seus trajes ousados, que, na maioria das vezes, expõem suas "misérias" e as faz passar ridículo? Acaba sendo uma prova documentada da decadência física e, o mais grave, da moral.

Por isso, precisamos esclarecer as mais jovens e contrapor outros modelos às mais velhas, estabelecendo paradigmas de beleza, modéstia, elegância, modernidade sem vulgaridade. É perfeitamente possível ser atraente no bom sentido, sem descer ao nível do que a moda dita cegamente, ou do que muitos inimigos da mulher, travestidos de "personal stylists", costureiros, e afins determinam como lei. A melhor roupa é uma personalidade sólida, bem formada, que não se envergonha dos princípios que aprendeu e que defende.

E vamos começar pelas crianças bem pequenas, ensinando-lhes respeitando-lhes o pudor, o cuidado com a exposição do corpo, guardando-lhes a inocência. Não podemos vestir as pequeninas como “mini-periguetes”, desculpem o termo atual, para depois não conseguirmos segurar seus descaminhos e inclinações tortas. A liberdade se conquista desde cedo e com muita lucidez e prudência por parte daqueles a quem compete ensinar e dar exemplo. O resultado será felicidade e uma relação saudável com a própria sexualidade, não pedofilia, pornografia, estupro, e todos esses desvios. As crianças e jovens clamam por seus direitos.

2 comentários:

Patricia disse...

Que beleza de artigo, Tetê!
Parabéns às moças e filhas que já receberam desde cedo essa orientação, pois não é mesmo nada fácil ir contra a corrente, especialmente na altura da adolescência.
Abraço,
Patricia

Liana Clara disse...

Querida Patrícia
É muito importante mesmo receber essas orientações desde cedo. E mesmo assim é difícil seguir na linha, com tanta apelação que se vê pelo caminho.
Abraço

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