Por Maria Teresa Serman -
dia do idosoQuando menos esperamos, a vida nos inverte a nossa vida. Passamos de filhos para mães ou pais de nossos pais.

Viramos "cuidadores", que é o termo usado para essa função, sejam os filhos ou pessoas contratadas para ajudá-los nesse doce encargo. Assumimos, então, contra a vontade mas com amor, o papel de zelador, comprador, gestor, administrador, e muitas vezes provedor. O afã é de tal monta, que precisamos estar atentos para não descuidar do carinho pessoal, do beijo, do afago, da conversa.
O momento de se tornar cuidador pode ser o de uma doença de um dos pais,

ou dos dois.Ou simplesmente com sintomas de que o fluxo normal de consciência deles está se alterando. Não é fácil, pois ninguém se prepara para essa reviravolta, mas devíamos. Fica mais doloroso encarar o fato de que somos responsáveis pela vida, em vários sentidos, daqueles que sempre cuidaram de nós, se não aceitamos isso como o curso natural da existência. A preparação para essa fase deve saudavelmente passar por uma adequação interior para a própria velhice.
Não se trata de fatalismo ou qualquer sentimento correlato.Refiro-me a um projeto de vida que leve em consideração a ação do tempo sobre nós, como acontece com todos os viventes. Precisamos nos preparar para envelhecer com saúde, dignidade, boa situação material, e, principalmente, com um espírito jovem e bondoso. Este pode suplantar até mesmo os casos mais graves de senilidade, pois a boa-vontade da alma atenua a decadência da mente. Só fica mais ranzinza na idade avançada quem já deixou o mau- gênio se instalar em tenra idade e segue cultivando tal atitude como erva-daninha, que vai estar frondosa quando menos a desejamos.
Precisamos - não só DEVEMOS, percebam a diferença - amar, respeitar e cuidar dos nossos idosos, porque eles são nossa fonte de sabedoria; onde bebemos em primeiro lugar da nascente do amor; o espelho, para melhorar ou imitar, do nosso ocaso. Quantas lições perdemos quando desprezamo

s essa herança! E quanta felicidade advém, quando a aproveitamos! Pais, avós, bisavós, tios e tias, padrinhos, agregados, empregados, amigos: todos podem fazer parte de nossa família, no sentido mais profundo do termo. Da família que transcende o parentesco e cria ligações mais afetivas que as genéticas.
Aos cuidadores, recomendo que se cuidem muito bem. Que se preparem diariamente para essa tarefa. Que estejam a

tentos para mudanças repentinas nos seus idosos, desde a temperatura até uma quase imperceptível mudança de humor. Que percebam suas mais sutis necessidades e tratem seus corpos, suas mentes e suas almas com muita delicadeza e prontidão. E estejam sempre, cada dia mais, muito atentos para dar-lhes amor incondicional, paciente e benigno, pois "quem honra pai e mãe apaga uma multidão de pecados", e honrar significa tratar como ao maior dos reis, servir e amar.
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