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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Por uma macheza mais verdadeira

Texto de Rafael Carneiro Rocha

Curioso que os personagens interpretados por José Mayer, o homem que já "pegou" (para utilizar o termo vulgar que é dito) a maioria das lindas atrizes da Rede Globo nas telenovelas, sejam compreendidos como um modelo nostálgico de masculinidade ou de virilidade que está se perdendo com o tempo.

É certo que há muito pouca virilidade nos homens demasiado sensíveis, metrossexuais e um tanto neuróticos que representam nas ficções o impasse do macho perante a falsa libertação feminina ocorrida nas últimas décadas. Porém, entender que um protótipo dos mais toscos de galã seja modelo de macheza rara é uma demonstração de que as pessoas já não têm a menor idéia do que seja a tal da virilidade. Além disso, tal ignorância só alimenta uma vingança igualmente tosca do feminismo, que quer projetar nas mulheres uma mesma submissão do corpo como moeda de troca na modernidade sedenta por prazeres fugazes, superficiais e dolorosos a longo prazo.

Parece que a “sexualizada” cultura brasileira nunca compreendeu o verdadeiro homem viril. Um homem de verdade não é aquele que “pega todas”, mas sim aquele que é forte o suficiente para controlar suas paixões e confiar, livremente, numa só mulher a potência do seu Eros.

Teoricamente, confiar em apenas uma mulher a potência do amor é fácil numa primeira fase das relações. Mas a manutenção dessa confiança exige fortaleza dos homens e, nas etapas desgastantes dos relacionamentos, aquela figura muito apaixonada de outrora não raro pode se tornar um carrasco ou um traidor. A sensibilidade aflorada no início dos relacionamentos, assim como todas as emoções, é fugidia e perdê-la é doloroso.

Portanto, querer amar uma mulher, mesmo depois de ter perdido a sensibilidade que colocava aquela pessoa como a mais nobre das criaturas, é um sinal de macheza. É descobrir em si a potência do ser. É, principalmente, amar de verdade.
As feministas não precisam imitar os machos de mentira, porque num certo sentido o homem forte é aquele que imita as mulheres de verdade.

7 comentários:

Nelson Batista disse...

Um homem de verdade não é o que consegue várias mulheres e sim o que consegue uma para o resto da vida. Mas tem muita mulher que não acha isso. E quer aquele que se faz de garanhão!

Rafael disse...

Nelson, eu penso que esses casos tem a ver com a utopia tipicamente feminina de querer mudar o comportamento do homem. Talvez, não seja nem por falha de caráter ou coisa do tipo que algumas prefiram os mais cafajestes. Talvez, uma mulher seja atraída pelos que não "prestam", por causa desse desejo de ser ela a pessoa que será capaz de transformar o homem.

Nelson Batista disse...

É , toda mulher sonha em "recuperar" um homem.
Mas macho que é macho não precisa ser recuperado.
Os homens de verdade se formam assim desde pequenos, e nisso os pais são responsáveis, e quando crescem serão delicados com as mulheres, carinhosos, sem perder a sua masculinidade. Isso é difícil de se entender até por parte das mulheres.

Amélia Santos disse...

A imagem do garanhão é interessante nos animais, os homens não deveriam ser assim. Mulher que gosta de garanhão está perdendo sua humanidade.

Marcia Oliveira disse...

Eu assisto essa novela e esse cara realmente se presta a um papel ridículo...

Paula Serman disse...

Excelente artigo! O homem de verdade é aquele que sabe conquistar a mesma mulher várias vezes ao longo da vida. Isso sim exige "macheza", criatividade, fortaleza, constância! Abandonar o barco quando a empolgação inicial diminui é uma atitude bem covarde, de homens como os personagens interpretados por José Mayer. Isso vale para as mulheres também, pois a feminilidade verdadeira também está em baixa...

Rafael disse...

Oi pessoal. De fato, se uma mulher aprecia tal comportamento masculino ela perde um pouco da sua própria feminilidade.

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