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sábado, 9 de abril de 2011

Criar um lar passa pela porta da cozinha

Alicia Bustos é perita em Nutrição e também “Cordon Blue” de Cozinha. Há mais de 20 anos, é responsável pela disciplina “Tecnologia Culinária” no curso de Nutrição da Universidade de Navarra.

Reproduzimos, a seguir, um trecho condensado do seu texto nomeado acima, que, temos certeza, agradará a vocês.

"(...) Claramente, não
basta apenas trabalhar bem, mas é preciso ter, além disso, um coração grande e uma mente inquieta. Pensar nas pessoas para quem se cozinha, como uma mãe pensa nos filhos. Entre dar aulas, administrar três casas e cozinhar, o que mais agrada Alicia é cozinhar. “Alguns livros foram feitos para pessoas que supostamente já sabem cozinhar – diz. Há receitas dizendo que se deve deixar a peça de carne no forno «até estar no ponto», ou que se deve «pôr um pouco de azeite». Isso não deixa de ser muito ambíguo para quem se aproxima pela primeira vez deste mundo. “É verdade que a cozinha tem a sua magia, mas uma receita de como fazer uma torta de batata tem que indicar a proporção adequada entre o ovo e a batata; e essa correta proporção é o que diferencia uma torta de batata de uma arma de defesa pessoal”.

Não basta fazer uma sopa “com muito amor”, ou “como a fazia a avó”; é preciso arranjar os ingredientes, pesá-los e comprovar que aquilo sai bem. Para isso, serviu-se também do feedback dos seus alunos de Nutrição, que frequentemente lhe dão dicas para melhorar a redação das receitas.
Assim, foram aparecendo os seus livros “Cozinha inteligente”, “Cozinha para principiantes”, “Cozinha de emergência” – para quando se tem pressa e apenas duas ou três coisas na geladeira – “Sobremesas” e o último, “Não entre em depressão: coma melhor”, com conselhos sobre alimentação e cozinha que procuram evitar o excessivo controle de tudo o que se come. “Criar um lar passa pela porta da cozinha”, assegura Alicia; por isso, estes livros tiveram muita aceitação entre recém-casados.

Deus anda entre as panelas, como dizia Santa Teresa? “Sem dúvida, mas também anda entre a varinha mágica e o microondas. O que pode ser feito em meia hora, não deve levar quatro; esse é o meu lema; de forma que o dia se alongue e nos deixe tempo para compatibilizar dar aulas, cozinhar e fazer muitas outras coisas mais”. O homem é o único animal que pode transmitir uma mensagem enquanto come. A mensagem da nutrição não é apenas satisfazer o sentido do gosto, mas é uma manifestação do amor. Poder brindar por um bom acontecimento, ou dissipar um mau dia com uns bons croquetes caseiros. Mas com companhia. “Não se come apenas por necessidade, mas para nos relacionarmos com os outros”.

“Quando estive estudando em Paris aprendi o conceito, naquela altura inovador, de mostrar a gastronomia como arte, como cultura. Cozinhar é um modo de fazer cultura e, no meu caso, de fazer um lar. Não é preciso cozinhar pratos requintados. Aprendi de São Josemaria que se encontra Deus através do material e do humano”. Alicia procura encontrá-Lo na cozinha.

E nós, mulheres que cuidam de um lar ou contribuem para um, também O encontramos lá?

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