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terça-feira, 5 de abril de 2011

Negócios de magia

Por Rafael Carneiro Rocha

Enquanto lia os primeiros capítulos do livro “O hobbit”, de J.R.R. Tolkien, apenas uma coisinha me incomodava naquela fantástica saga. Na expedição constituída pelo pacato Hobbit, pelos anões guerreiros e pelo mago Gandalf, cada vez que o grupo se metia numa enrascada, uma mágica qualquer resolvia o problema. Gandalf se tornava, assim, um personagem muito previsível.

Porém, num determinado momento, Gandalf deixa o grupo para tratar de outros “negócios”. O hobbit e os anões terão de continuar a trajetória em busca dos tesouros escondidos pelo dragão sem as intervenções milagrosas do mago.

A beleza da obra de Tolkien se encontra nessas sutilezas. Gandalf representa uma figura paterna: um pai, um sacerdote ou um conselheiro que cada um tem em suas vidas. Quando ainda somos pequenos ou imaturos, há sempre alguém para intervir por nós. Essas pessoas que nos formam não estarão conosco em todos os momentos, mas foram elas que nos abriram caminhos. Foram elas que nos ensinaram a ser “magos” também, porque um dia iremos intervir por nossos cônjuges, filhos e amigos mais inexperientes.

Na obra de Tolkien, ao fim da narrativa, Gandalf volta. Essa volta do mago indica que mesmo depois de crescermos, ainda precisamos daqueles que nos ajudam. Inclusive, eu me pergunto seriamente se o próprio Gandalf, quando ia tratar de seus “negócios”, não tinha magos mais experientes para lhe ajudar. É bem provável que sim.

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