Quando duas pessoas se casam é muito comum ouvir a expressão “entrando para a família”. Entende-se por isso que a partir do casamento a mulher passa a fazer parte da família do homem e este, por sua vez, entra para a família da mulher. Isso não é uma inverdade, contudo essa é uma expressão que exterioriza bem alguns problemas enfrentados por muitas famílias.
Quem nunca ouviu reclamações a respeito da invasão da privacidade por parte da família do cônjuge? Não é raro ouvir pessoas comentando o quanto é difícil manter a privacidade com uma sogra, uma cunhada ou até a própria mãe aparecendo de surpresa na sua casa, mexendo nas coisas, criticando a organização ou até mesmo o tempero da comida, interferindo na relação e sabendo mais do que deveria a respeito da rotina do novo casal.
Creio que essa cultura de entender primariamente tudo como uma única família só favorece o pensamento de liberdade excessiva na vida do outro. Com certeza há mais fatores envolvidos na problemática, mas também há de se aceitar que esse discurso sustenta ainda mais certas inconveniências.
Para entender qual o problema com esse discurso, é necessário ajustar a percepção do que é um casamento. O entendimento de que com uma nova celebração do matrimônio uma outra família se forma parece mais razoável.
“Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.” Marcos 10:7-8
Isso não implica em dizer que os primeiros parentes deverão ser esquecidos, tampouco que os recém-casados não precisam ainda honrar seus pais, por exemplo. De modo algum! “Honrar pai e mãe” continua sendo obrigação. Ter cuidado e procurar manter relações saudáveis com a família de origem é inteligente e preciso. Mas faz-se muito necessário entender que um novo núcleo familiar é constituído a cada novo matrimônio e, com isso, mudam as prioridades.
A partir de então os pais não têm mais uma função deliberativa na vida de seus filhos e a programação deles não são mais prioridade. Os pais, irmãos, avós, etc, ainda têm função consultiva e lugar de honra na nova família que se forma, e assim deve ser, mas não assumem mais função determinante. As decisões a partir do casamento são unicamente responsabilidade dos cônjuges, da nova família núcleo que se formou.
Importantíssimo também entender que a casa do novo casal não é extensão da casa dos pais e sogros. Ali é um novo lar com novas regras e novas rotinas. O que os filhos fazem já não são mais responsabilidade dos pais e dizem respeito primeiramente ao casal recém formado.
No primeiro momento é difícil se desvincular de velhos costumes e desapegar um pouco da família de origem, mas é necessário entender que um novo lar exige autonomia para ser gerenciado, e quanto mais interferências externas houver, mais difícil vai ser formar um ambiente harmonioso e maduro.
Se entendermos as premissas de um casamento, todo mundo fica feliz e convive saudavelmente. Há, sim, uma grande família, mas com núcleos independentes e que precisam amadurecer de acordo com as realidades peculiares.
4 comentários:
Show de aula de boa convivência! Parabéns Lívia por este artigo tão pertinente para, talvez, a maioria das famílias que ainda não conseguiu colocar os "pingos nos is" educadamente, sem magoar ninguém.
Nossa Lívia! Vc foi muito feliz com esse texto! Muito mesmo! Adorei!!! Queria q todo mundo lesse e compreendesse o real sentido de se construir uma família! Parabéns!!!
Dá vontade de mandar pra muita gente da minha 'família' (eta parentada!) pra ver se entendem coisas tão simples!
Também queria mandar para mtos!!! Parabéns, Lívia! Adoro a maneira que vc aborda os temas! Bjao!
Postar um comentário