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terça-feira, 12 de junho de 2012

Ninharias acumuladas pesam toneladas


Por Maria Teresa Serman

As pequenas coisas do cotidiano podem ser motivo de santificação e aprimoramento do caráter, tendo incomensurável valor diante de Deus. Por isso, não podemos desperdiçar as oportunidades que gotejam sem parar no vaso de oferendas de amor que desejamos oferecer ao Pai e aos irmãos a cada momento, dia após dia.

Contudo, também há o outro lado. Coisas que parecem insignificantes tendem a pesar e desgastar, se não percebemos seu acúmulo pela constante repetição. A rotina das contrariedades, implicâncias, picuinhas, pirraças, é sempre a assassina do amor, não a simples repetição de atos comuns. Se precisamos variar a roupagem destes, devemos com urgência examinar-nos e extirpar aqueles.

Na família, acontece entre pais e filhos, e atrapalha a comunicação e o relacionamento amoroso necessários para a felicidade no lar. Quando entre o casal, pode ser insidioso e fatal, só percebido à beira do abismo ou já despencados nele abaixo. NINGUÉM está imune a essa ameaça. E ela aumenta com o tempo, quando já estamos acomodados, quando o ninho está vazio dos filhos, quando um ou os dois se aposentam. No evangelho, o Senhor recomenda: "Vigiai e orai..." E eu peço licença para acrescentar, no caso dos matrimônios: Vigiai, orai muito e deixai de ser chata(o) e se achar o centro do seu mundinho..

Não sei se já repararam, mas é comum ver, nos shoppings ou nas ruas, esposas de meia idade ou mais ralhando e fazendo cara feia pros maridos, e eles com o olhar perdido, pois já se desligaram para sobreviver com média sanidade por mais uns anos. Também existem os adoráveis consortes que reclamam de tudo que a sua "sem sorte" faz, gasta, prepara, pensa, respira. Isso quando ainda estão ali somente, e  não ali e "acolá", não sei se me entendem.

É um tal de "Não aguento mais o fulano, está velho e insuportável, lento e calado!"; "Como consegui ficar tantos anos ao lado desta jararaca?!"; "Preciso sair de casa pra não ouvir a voz dele me chamando a toda hora!"; "Graças a Deus hoje tem pelada e chope, tenho desculpa pra voltar quando ela já estiver dormindo!". Ao mesmo tempo, podemos nos emocionar com casais de cabeça branquinha, de braços dados, apoiando-se um no outro, usufruindo do resto do tempo que passarão juntos antes da eternidade. Ontem mesmo, na missa, observei um senhor delicadamente suportando o peso da esposa que cochilava no seu ombro. Acontece muito com essas pessoas adormecerem com sermões ou cantos mais suaves.

Então, qual é o segredo? Os casos são únicos e individuais, cada par tem sua história de amor. Mas considero invariável uma coisa: os que mantêm o amor sob seu doce comando, digamos assim, não se detêm em mesquinharias, dilatam o coração,  procurando a felicidade do outro e aproveitando os melhores momentos juntos. Não precisa ser uma grande viagem, frequentar restaurantes luxuosos, assistir a peças aclamadas semanalmente. É sem dúvida muito legal, mas não é garantia. E muitas vezes abafa as palavras que o coração do(a) amado(a) tenta desesperadamente dizer, sem ser escutado. São gritos de carinho, pedidos de socorro e atenção, luz vermelha acendendo direto. E podemos ser pegos de surpresa, muito cuidado, quando o outro já desistiu de tentar.

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